Mais uma manhã, mais uma rotina. Este foi o pensamento do jovem Salvador ao levantar-se da cama naquele dia ensolarado.
Deixara as suas janelas mal fechadas na noite anterior e, por essa razão, era por onde entrava neste momento os calorosos raios solares existentes no quarto solitário do juvenil rapaz.
De tons brancos e cinza, o quarto pouco possuía além da cama de casal situada no meio. De todos os cómodos presentes na casa, apenas aquele ele tinha mudado. Queria preservar ao máximo a presença que os pais tinham deixado ali e, verdade seja dita, a paixão dele situava-se no andar de baixo da casa- a biblioteca.
Paixão essa que descobriu, após sair da casa de acolhimento, ter em conjunto com a sua falecida mãe e, obviamente não esquecendo, com a sua Isa.
Ai Isa. Só de lembrar da sua amada, crescia no rapaz um sorriso sincero e genuíno de quem nunca amara antes. Nos últimos tempos andava a pensar em estratégias que pudesse pôr em prática para se aproximar dela, mas nenhuma parecia ser suficiente boa. Não queria assustar Isabella antes mesmo que conseguisse dizer algo.
Despertou dos seus pensamentos com o som proveniente da sua torradeira anunciando que parte do seu pequeno-almoço estava pronto. Com a sua torrada, bebeu uma boa caneca de café quente e subiu para o andar de cima para se vestir.
Dez minutos depois, saia com o seu carro em direção á escola. Mais um dia. Chegou ao edifício branco quando faltavam apenas 5 minutos para soar o estridente som da campainha anunciando mais um início de aulas.
Salvador sentou-se ao fundo da sala longe dos olhares inquisitórios dos seus colegas de turma. Nenhum se atrevia a falar com ele. Com o seu olhar frio e assustador, Salvador era em parte como Isabella, reservado e com a consciência que nesta vida só poderia contar com ele mesmo.
Isabella entrava nesse momento na sala atraindo o olhar de Salvador e de todos os seus colegas espantados por a rapariga ser a última a entrar dentro da sala, quando era sempre ela uma das primeiras ali presente no começo do dia.
A aula arrastou-se pelas próximas horas e, quando o sinal tocou anunciando o fim das aulas e a hora de almoço, Salvador e todos os seus colegas deixaram escapar um suspiro de alívio.
Isabella apressava-se a sair da sua sala. Será que depois do que acontecera de manhã ainda teria boleia para casa? Ela não sabia, mas pela próxima meia hora iria ter a sua resposta. Sentou-se no banquinho da madeira do costume divagando nos seus pensamentos. Hoje não conseguia se concentrar em nada, nem no rapaz misterioso que se sentara do outro lado da estrada pouco depois dela. Ele, por sua vez, desde manhã que notara na sua ruga de preocupação que se formara entre suas sobrancelhas.
Meia hora depois, Isabella retira os seus olhos fixos do seu ponto de observação e olha para as horas no seu telemóvel constatando as horas. De seguida, após um suspiro, pega na sua mochila pondo a alça ao ombro para seguir caminho.
Tudo estaria bem se não fosse o carro a alta velocidade e o facto de Isabella estar a passar o passeio sem prestar atenção ao seu redor. Ao ouvir o som dos freios provenientes do carro, Isa vira-se ficando em estado de choque arregalando os seus pequenos olhos.
Estática no seu lugar, ela só estava á espera do impacto do carro contra o seu corpo. Nunca em todas as possibilidades existentes aquele carro pararia antes de embater em si. Poucos segundos depois sentiu o impacto, surpreendentemente não do carro mas sim de um corpo chocando contra o seu.
Pela surpresa do carro ou pelo corpo humano contra o seu, Isabella só ouvia os zumbidos provenientes daquela pregressa situação. Agora sentindo o asfalto húmido e frio contra as suas costas em contraste do corpo quente que a salvara, a jovem rapariga volta-se para cima encontrando o olhar amedrontado do rapaz solitário e misterioso que a observava momentos antes.
Salvador não sabia que tinha a capacidade de reagir tão rápido, mas ao ver o carro descontrolado em andamento em direção a Isa nem pensou no que estava a fazer. Agora, em cima do corpo pequeno da sua amada, é que começava a recuperar a consciência dos factos. Isabella respirava descontroladamente em baixo do seu corpo musculado devido, em grande parte, á surpresa do último episódio ocorrido.
Depois de tanto tempo a projetar como se deveria de aproximar dela, ele não esperaria que fosse desta maneira. Mas o que já está feito, não pode ser revertido; o que importava saber naquele momento era de como ela se encontrava.
-Isa? – Sussurrou Salvador, baixo o suficiente para ser a única que o conseguisse ouvir.
Isabella pisca os olhos freneticamente olhando para o rapaz em sua frente. Mas, antes que conseguisse reagir com algo a mais ao chamamento dele, a sua cabeça começa a rodar e antes que sucumba á escuridão dos últimos acontecimentos ainda consegue registar os gritos do seu nome que outrora não passara de um mero sussurro.
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Enquanto estiveres aí
RomanceEle era o seu anjo da vida. Ela era o seu sorriso lindo. Eles nunca tiveram a coragem de exprimir os seus sentimentos por medo da rejeição. Uma tragédia acontece e eles são separados. Mas será que não existe uma segunda oportunidade? Será o amor ver...