Capítulo 01 - Meu nome é Atena

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              Mesmo que eu quisesse mentir não poderia... Mas devo adiantar a você que está lendo: tudo que está aqui eu realmente vivi. Meu nome? Edan Martinez. Hoje vivo numa cidade de Oregon chamada Portland com minha irmã Isabelle. Digamos que a vida não foi favorável conosco em nenhum aspecto... Perdemos nossos pais relativamente cedo ao esperado em qualquer vida normal e quando pensamos que teríamos alguém por nós, nossa tia Cassandra, que até aquele momento era responsável por nós, acabou se entregando após uma luta intensa com o câncer. Sorte nossa que Isabelle já tinha 18 anos e me assumiu como responsável legal perante a justiça. Meu único arrependimento é não ter aproveitado a vida como deveria ter aproveitado ao lado dos meus pais...

25 de Outubro de 2017... 

              Como de costume acabei ficando até tarde escrevendo em meu diário sobre minhas expectativas para a nova escola, em seguida dormi após ter deixado meu diário embaixo do travesseiro. Estranhamente eu mergulhei em um sonho estranho. Uma garota de cabelos ruivos estava diante de mim com um livro antigo e sombrio em suas mãos, ela tentava falar algo de maneira falha pois seus lábios aparentemente estavam grudados por algum motivo. Assim que me aproximei dela, em minha frente, no lugar da moça, Isabelle surge gritando olhando em meus olhos com lágrimas:

             - Acorda Edan!

             Naquele instante o relógio despertou. Eu estava um pouco eufórico por conta do sonho, mas fui me acalmando aos poucos. O dia estava para começar! Eu sem ânimo algum me sentei na cama me levantando logo em sequencia indo para o banheiro onde tomei um banho e escovei os dentes. Vesti o uniforme da nova escola e arrumei meus cabelos castanhos para o lado permitindo que um pouco da minha franja cobrisse minha testa. Desci as escadas indo para a cozinha, um aroma de queimado invadiu minhas narinas e então corri em direção a cozinha onde Isabelle tentava apagar as chamas contidas na frigideira. Possivelmente ela estava tentando fazer mais uma das suas receitas caseiras.

              - Não acha que um dia vai acabar nos matando queimados? - Disse rindo ao ver a expressão de reprovação em seu rosto. Dei de ombros pegando uma maçã em cima do armário e começando comer ela enquanto pegava meu celular e meus fones

                - Sem comentários... Animado para o primeiro dia de aula? - Falou ela se sentando na mesa se servindo de café. Eu suspirei e a encarei com um olhar indiferente.

                - Extremamente! Mal posso esperar para encarar os playboys de ego inflado e as lideres de torcida com cérebros menores que seus brincos! - Bufei caminhando em direção a porta - Volto antes das sete!

                 Antes que Isabelle pudesse protestar acabei fechando a porta e saindo ligando meus fones na música mais apta a ser o começo do meu dia: Numb - Linkin Park. Após pegar o onibus escolar não demorou muito para chegar na escola. Era uma escola comum dos Estados Unidos, panelinhas, grupos de valentões, líderes de torcida... O clichê que seria obrigado a aturar nos próximos anos até finalmente terminar minha passagem pela dimensão infernal chamada Ensino Médio. Quando fui apresentado a minha sala, logo após o sinal bater e todos entrarem se organizando em seus lugares, estremeci um tanto receoso com os olhares que recebi. Apenas me sentei e ouvi a aula toda em silêncio anotando tudo que a professora dizia enquanto ouvia os comentários de alguns fofoqueiros logo atrás de mim. Parece que nas semanas que antecederam as aulas e minha chegada, três pessoas haviam sido assassinadas. A maneira como aquelas garotas me encaravam era como se elas fossem fazer uma revista em minha bolsa a procura de uma HK47 ou algum vestígio criminoso. Agradeci pelo sinal tocar para o recreio, parecia que cada segundo no grande relógio em cima do quadro demorava uma eternidade para passar. Aquela escola tinha uma área aberta para se lanchar e lá eu fiquei, sozinho... Mas estranhamente eu sentia como se mais alguém estivesse ali! E quando me virei para trás pude ver a silhueta de uma mulher escondida atrás de um grande carvalho. Ela era alta e tinha cabelos vermelho sangue... Quando me virei completamente ao me levantar para vê-lá ela havia sumido... Naquele instante o sinal tocou e fui para a sala onde tive minhas últimas três aulas antes de ir para casa.

              Na hora do jantar, Isabelle fez inúmeras perguntas sobre meu dia e anunciou que em breve nossa prima Atena da qual eu nunca havia ouvido falar viria passar alguns dias em nossa casa. Ela havia ligado a tarde enquanto eu estava na escola e tinha dito que estava ansiosa para me conhecer. Após mais algumas conversas sobre assuntos aleatórios eu e Isabelle lavamos a louça e nos dirigimos aos nossos quartos. 

               Quando cheguei no meu, após o banho e fechar a porta vesti uma box e fui a escrivaninha escrever em meu diário. Completei cerca de 7 páginas do mesmo antes de finalmente apagar a luz e ir fechar as cortinas. Ao olhar pela janela vi diante do portão de nossa casa a mesma figura que havia visto a tarde, e na fração de tempo que usei para vestir uma camisa, um short e olhar de volta pela janela a figura sumiu. Naquele instante batidas fortes na porta ecoaram pela sala. Meu coração acelerou trazendo com as batidas um frio intenso em meu estômago. Isabelle tinha sono pesado e só restava eu para atender a porta. Com meu coração acelerado e minha respiração ofegante desci as escadas indo em direção a porta que agora estava imóvel e silenciosa. Quando me aproximei da mesma as batidas ecoaram novamente me fazendo dar um passo para trás, meu coração acelerou ainda mais. Levei vagarosamente minha mão até a fechadura abrindo a mesma e virando a maçaneta abrindo a porta devagar. Foi quando eu a vi... A garota que estava a poucos segundos na frente da minha casa, a mesma que estava a tarde no colégio... Seus olhos verde mel brilharam de forma intensa tornando a tonalidade do seu cabelo ruivo que ganhava brilho por conta da luz da lua formarem uma perfeita cena misteriosa e medonha no meu ver. Ela me olhou dos pés a cabeça com um sorrio vazio no rosto, foi quando ouvi sua voz baixa e amedrontadora:

             - Prazer em te conhecer Edan, meu nome... É Atena! 

As Crônicas de Edan: A AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora