As Crônicas de Edan: A Ascensão

Capítulo 02 - Atena

Você pode me julgar após conhecer minha história da maneira como preferir. Eu matei, trai, subornei, menti... Mas algo que você não pode negar é: Eu fiz o suficiente para me manter viva e honrar o nome da casa Martinez. Meu nome? Atena... Minha idade, quem sou eu? Tirem suas próprias conclusões...

Europa - 1350 d.C

Eram tempos de desespero e trevas... A inquisição, a peste negra, a falta de conhecimento. A nação européia passava pelo seu tempo mais sombrio que certamente ficaria marcado por toda a história. O que a Santa Igreja dizia? Que todas as mortes causadas pela peste eram parte do plano de Deus para purificar o mundo dos pecadores perversos que usavam corpos de pessoas normais para espalhar o pecado e o caos... Eu sempre achei ela uma tremenda de uma filha da put... Mas, não é falando sobre a igreja que pretendo contar a minha história....

Tudo começou numa simples noite, faziam 5 dias que nenhuma pessoa morria em nossa vila pela pandemia e isso era motivo de festa. Nosso líder local matou uma grande vaca e assou para todos os moradores se alimentarem como um ato de caridade para cumprir a promessa que fez a Santa Mônica de que se sua casa não fosse atingida pela peste, ele alimentaria a todas as pessoas que conseguisse. Foi uma festa e tanto... Porém, no seu final, todos estavam bêbados demais para conseguirem dominar suas atitudes, foi quando August veio a mim. O cheiro de bebida era intenso em seus lábios, a um determinado momento da conversa ele me segurou com força e começou me beijar. Sendo filho do líder de nossa aldeia, eu só podia como mulher, aceitar e não questionar... Me lembro bem daquela época! Meus cabelos eram louros em um tom tão alvo que chegava a se misturar com a neve quando brincava com meus irmãos... Eu tinha apenas 14 anos de idade, era uma criança. Mesmo assim ele não me poupou por isso. Eele me levou para um monte de feno que ficava próximo dali. Aos poucos as coisas iam ficando mais intensas, suas mãos percorriam minha intimidade e me faziam chorar devido a dor que aquele ato me proporcionava. As mãos grossas e calejadas do ferreiro asqueroso do qual eu sempre tive nojo percorriam meus seios os apertando com força, foi nesse momento que senti seu corpo se estabilizar e cair sobre mim sem vida. Da sua cabeça, através de um imenso furo localizado na sua testa, seu sangue escorreu manchando meus cabelos daquela tonalidade de um vermelho intenso. Quando consegui retirar seu corpo de cima de mim, pude ver o meu salvador, embora também um assassino, seu nome era Ghael... Ele me ajudou ao me levantar do feno e me colocar de pé no chão:

- Desculpe donzela... Mas creio que fiz bem em te livrar deste maldito crápula dos infernos - Disse ele com o tom de voz alterado. Seu sotaque era diferente... Hoje em dia ele seria considerado afrancesado.

- N-Não há problema... Mas temo que não poderei ficar aqui depois desta morte! Eu fui a única estar com ele, seria apedrejada... - Meu tom de voz era embargado pela vontade intensa de chorar que aquele momento de desespero me proporcionou...

- Doce Judith... - Disse ele usando meu nome do pré batismo que até então achava que ele desconhecia - Desde que foi levada da casa Martinez, sabíamos que chegaria o dia em que você abandonaria sua vida anormal para se juntar novamente a nossa comunidade...

No início nada fez sentido... Ele saber meu nome, ele falar sobre um sobrenome que eu desconhecia... E agora isso! Quem ele estava chamando de anormal? E que comunidade é essa? Aos poucos, Ghael me explicou tudo que eu precisava saber sobre minha verdadeira história... Eu não pertencia a minha família! Minha verdadeira mãe e meu verdadeiro pai estavam num lugar bem distante, sua localização estava dentro do que hoje em dia chamamos de Reino Unido. Eles eram rei e rainha de um lugar diferente que acolhia pessoas especiais assim como eu... Mas porque eu era especial? O que essa família tinha de diferente? No caminho para o reino onde meus pais viviam, Ghael me explicou tudo que eu precisava saber...