Era uma linda manhã de inverno a neve fixada no cão se mostrava como um imenso tapete branco e macio. Edan estava caminhando ao meio daquela neve usando uma roupa que o destacava no ambiente alvo e gélido, ele usava um longo sobretudo verde escuro, calças escuras e botas negras cheias de cadarços. O garoto parecia confuso, nem mesmo ele sabia onde estava. Uma voz conhecida ecoou logo atrás dele de uma maneira calma e singela - Não morra... Não agora - a frase ecoava em sua mente como um martelo acertando em cheio uma bigorna. Quando ele se virou pode encarar o fundo dos olhos verdes fortes que brilhavam no meio de tanto branco. Ele se aproximou e o garoto sorriu para ele de forma leve e simples, tocou em sua mão e acariciou seu rosto sussurrando em seu ouvido uma frase. Ominis Morris Vivitus Treberis...
Edan acordou assustado, sua franja grudava a sua testa através do suor que exalava da sua pele. Ele estava num local totalmente estranho. Paredes negras com símbolos adornados por um dourado intenso lhe chamavam atenção, mobílias antigas de uma época aparentemente não relatada nos livros de história que o jovem garoto havia lido. Ele sentiu uma leve pressão em suas mãos e percebeu que nelas haviam pedras de uma cor roxa escura, ele as soltou e se sentou na cama encarando a porta, sua maçaneta parecia rodar, Edan numa atitude de desespero fechou os olhos apanhando as pedras novamente e se deitando. Duas vozes distintas invadiram o local quebrando o silêncio total e absoluto que estava estabelecido.
- Fala sério Jason, acha mesmo que o anormal vai sobreviver? Amália está a cinco dias tentando tirar ele desse coma... Acho que é hora de...
- Não! - Interrompeu a voz masculina de maneira ríspida e direta - Vamos dar mais alguns dias até que possamos identificar se ele pertence ao nosso mundo de modo completo ou é apenas mais um dos mestiços de Atena... Não vamos nos deixar enganar tão fácil dessa vez Thalia. Mas de uma coisa eu tenho certeza... Ele não é apenas um de nós!
Edan ouvia atentamente a conversa até ouvir o nome de Atena ecoar ao som da voz masculina que foi dissipando até que a porta se fechou de maneira brusca. Edan se levantou rapidamente se sentando na cama fazendo as pedras voarem em um cesto de roupas ali próximo. Sua mente aos poucos recordava da sua ultima noite consciente. Atena... O garoto dos olhos verdes... Agora estava claro quem era o garoto que havia entrado na sala, Edan lembrava da sua voz. Mais que depressa o garoto se levantou e correu até o armário em sua frente, nele haviam apenas roupas brancas com detalhes dourados. Ele apanhou uma camiseta que era o dobro do seu tamanho e a vestiu acompanhada de uma calça e um tênis dos mesmos traços de cores. Silenciosamente ele saiu pela porta e passou a caminhar pelos corredores, haviam inúmeras portas a cada passo que ele dava, como quartos de hotel. A estrutura do local era rústica e tinha detalhes clássicos como quadros de obras bíblicas, ao fim do corredor, Edan parou diante de um quadro que representava a queda de Lúcifer. Aquele lugar lhe trazia arrepios intensos que não o permitiam pensar em outra coisa se não sair dali. De uma maneira sombria, uma porta se abriu, da mesma veio um vento gélido e potente que levantou os cabelos do garoto que abraçou-se. Dentro daquela sala havia uma mesa, uma espécie de escritório onde um garoto de aspecto jovem com os braços cruzados sobre a mesa o encarava. Bastou um piscar de olhos para ele se ver sentado na cadeira diante da mesa encarando os olhos acinzentados do garoto albino. Seus cabelos eram brancos, tudo nele, com exceção de suas sobrancelhas e delicados pelos que escapavam pela gola v da sua camiseta e ficavam mais grossos e espessos na extensão de seus braços. Edan podia sentir o frio percorrer seu interior. O garoto sorriu de maneira misteriosa e descruzou os braços.
- Acreditei que demoraria mais tempo para que eu encontrasse você jovem Edan... Creio fielmente que sua bisavó ficará consideravelmente feliz em saber que você está vivo, é uma pena que ela não possa... Onde está sua mãe? - Disse o garoto que tinha uma voz suave e confortante que dançava pelos ouvidos de Edan como uma valsa clássica. Os maxilares do garoto se enrijeceram.
- Creio que morta... Como meu pai... - Sua voz se tornou fria e sem emoção algum, como se pronunciar aquelas palavras se comparasse e engolir espinhos envenenados - Onde estou? Porque me trouxeram para cá? - Disse finalmente Edan sem exitar
- Veja Jason... Parece que Julieta realmente fez um trabalho completo. Os poderes dele estão bloqueados e ele não faz a mínima ideia de quem seus pais eram. Mentiras e mais mentiras... Nem mesmo sabe porque morreram...
Edan estremeceu ao ouvir de um modo repentino uma respiração forte atrás dele, o garoto sempre estivera ali? Jason deu o contorno sentando na cadeira ao lado de Edan encarando o outro jovem de maneira séria e nenhum pouco entusiasmada.
- Acha mesmo que é apenas Julieta, Sam? Você sabe bem quem era o pai dele. Agora os dois estão desaparecidos. E isso já fazem anos... Sabemos o motivo. Se ele fosse totalmente um Guardião das Trevas não teria nem sequer aguentado passar pelos portais sagrados do Castelo. Ele tem sangue Iluminado! E isso está bem claro pra nós dois. - Edan encarava o garoto totalmente confuso. O nome de seus pais estava aplicado ao meio da conversa, de maneira inconsequente ele deu um tapa forte na mesa encarando os dois de maneira intercalada.
- O QUE DIABOS EU FAÇO AQUI? E PORQUE FALAM DE MIM COMO SE EU NÃO ESTIVESSE AQUI!? INFERNO! - Disse ele em tom esbravejante, Jason pareceu se espantar mas Sam não moveu nem seus olhos que permaneciam em Jason. Lentamente o meio albino virou seu rosto roboticamente encarando Edan friamente.
- Sapientis Mediunis Partepcus Sapientis. Celestis Ignis Concientum - As palavras de Sam foram ficando no ar e a mente de Edan se trasportou para uma espécie de Flash back...
Edan estava em meio a um campo de trigo onde imagens passavam em sua frente. Um reinado com um nome: "Martinez". Uma guerra: anjos e uma espécie de demônios... Darkness Guardians... Destruição... Mortes... Um novo reino se reconstruindo. Uma mulher, um homem... Uma filha... Uma herdeira... Perdida... E novamente reencontrada... Atena... Destruição... Trevas... Esperança... Um arcanjo... Um demônio maior... Uma linhagem... Uma descendência... Um mestiço... A esperança... Um novo mundo. Foi quando Edan acordou para a realidade ofegante. Ele estava num quarto diferente. O quarto era completamente dourado, ao fim da cama Jason estava sentado o encarando. O mesmo suspirou de leve fitando seus olhos. Edan se sentou e começou chorar.
- Eu não posso ser isso... Eu... Eu sou apenas um garoto normal com uma vida sem graça... Por favor, diz que isso é mentira! - Falava ele em meio as lágrimas. Jason foi até seu lado se sentando com o mesmo. Ele abraçou o garoto que correspondeu no mesmo instante, Jason suspirou e se afastou de leve em alguns minutos olhando em seus olhos..
- Sim Edan, você é quem é... Guardião das Trevas... Iluminado... Julieta e Augustos viveram como humanos, nem mesmo nós sabíamos que seu pai era um Iluminado. Seus pais foram mortos pela sua avó, numa tentativa de encontrar você. Por isso Atena é um risco para você. Ela não exitaria em entregar você para os Darkness Guardians para livrar ela da sua responsabilidade. Vamos te proteger... Você não é apenas um deles, é um de nós...
- Isabelle... - Disse ele num tom de questionamento que logo foi interrompido por Jason.
- Mortal... Ela foi adotada assim como sua mãe... Ela não sabe de nada... Está protegida por um encanto feito por Julieta. Se Atena tentar algo contra ela, será banida para Edom e sabe disso... Ela não vai tocar na sua irmã! Sinto muito pelos seus pais. Sei que deve estar arrasado e precisa de espaço e tempo... - Disse ele se afastando levemente
- Não! - Protestou Edan segurando Jason pela sua mão num ato repentino e quase instintivo - Por favor... Fica aqui comigo apenas essa noite... Eu não quero ficar sozinho. Sei que não nos conhecemos... Mas J-Jason... Sei que posso confiar em você... Você me salvou...
Jason suspirou se deitando e recostando sua cabeça no travesseiro, Edan se deitou com a cabeça no peito de Jason ainda soltando algumas lágrimas, Jason os cobriu e acariciou os cabelos do garoto que exausto aos poucos foi adormecendo, Jason da mesma forma adormeceu com as mãos depositadas sobre a cabeça do jovem com uma forma acolhedora e suave. Naquele instante, uma luz dourada brilhou do peito de Jason e de forma semelhante no pulso de Edan revelando uma palavra em uma língua diferente: Predestinancis...
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As Crônicas de Edan: A Ascensão
Misterio / SuspensoNa cidade de Portland localizada no estado de Oregon, um garoto chamado Edan Martinez e sua irmã Isabelle buscam começar uma nova vida . Os jovens perderam seus pais em um acampamento no Kansas quando os mesmos se distanciaram do grupo de trilha e n...