Os Piores Perdedores | ⚣

Prólogo

•╭────────────────────

O dia que Donatello abandonou as quadras

────────────────────╯•

O TIME NÃO ESTAVA JOGANDO LIMPO! Donatello tinha certeza disso, depois de ver Ravi levar uma cotovelada nada discreta que o deixou cambaleando no meio da quadra como se tivesse acabado de sair de uma montanha-russa. O juiz? Bem, ele estava aparentemente muito ocupado observando as moscas para marcar a falta.

Leon pediu tempo técnico, e todos correram para o banco. O capitão, com sua camiseta roxa e preta já ensopada, tinha o semblante de quem estava pronto para explodir. Seu bracelete azul-escuro brilhava no braço, mas o brilho em seus olhos era pura irritação.

— Merda! Estamos sendo mascarados! — Leon soltou, com a intensidade de um trovão.

Dante, por sua vez, parecia um leão recém-solto da jaula, seu cabelo preso em rabo desgrenhado e o suor escorrendo pelo rosto o deixavam com ares de gladiador cansado. Ele deu um tapinha nas costas de Donatello, que quase desmontou com o gesto inesperado.

— Dona, você consegue segurar? — perguntou Dante, meio sério, meio desesperado.

Donatello, tentando parecer mais confiante do que realmente estava, deu um sorriso fraco.

— Tenho certeza.

Ele até tinha, mas enfrentar um time que mais parecia um bando de mercenários trapaceiros não estava no contrato.

De volta à quadra, Donatello ajeitou as luvas e foi para o gol. "Eu gosto de ser goleiro", ele pensou, com um fio de otimismo. "Se depender de mim, a gente vai ganhar."

O jogo recomeçou e, em um passe rápido, Ravi dominou a bola, tocou para Dante, que marcou um gol incrível. O time comemorou, mas Donatello já sabia o que vinha pela frente: mais golpes baixos e chutes violentos.

E foi justamente um desses chutes que trouxe o desastre. Donatello viu a bola vindo em sua direção como um meteoro e, instintivamente, pulou para defendê-la. Ele conseguiu, mas pagou o preço. O impacto fez seu ombro estalar de uma forma que até quem assistia sentiu a dor.

No chão, Donatello se contorcia, os olhos lacrimejando enquanto ouvia a voz maliciosa de um jogador adversário:

— Não é o seu dia de sorte, loirinho...

Samuel, o treinador, correu até ele.

— Tempo! — gritou, com a urgência de um bombeiro.

— Treinador, meu ombro! — Donatello exclamou, entre gemidos.

Samuel examinou o estrago enquanto Paco tentava manter a cabeça de Donatello no lugar, claramente apavorado.

— Ele vai para o hospital — decretou Samuel, com a firmeza de um general.

Donatello mal abriu os olhos no caminho. Sabia que estava ferrado, então decidiu poupar a si mesmo do susto visual. No hospital, uma enfermeira com um sorriso nada tranquilizador avisou:

— Garoto, isso vai doer um pouco.

Dizer que doeu "um pouco" foi um eufemismo. Quando ela puxou o ombro dele para o lugar, Donatello soltou um grito que provavelmente assustou metade do hospital. Depois disso, tudo ficou preto.

Quando abriu os olhos novamente, viu Daniele, sua melhor amiga, parada ao lado da cama. Ela vestia uma blusa da Lufa-Lufa e olhava para ele como se estivesse diante de um prisioneiro de guerra.

— Meu time ganhou? — ele perguntou, com a voz cheia de esperança.

— Não... — respondeu Daniele, com um suspiro de derrota.

— Que droga! — exclamou, jogando a cabeça para trás, como se quisesse desaparecer na cama.

— E o seu ombro? — ela perguntou, apontando para o curativo.

— Tá uma droga também! — respondeu, com a sinceridade de quem já tinha desistido do dia.

Naquele momento, Donatello concluiu duas coisas muito importantes:

1. Machucar o ombro dói pra caramba.

2. Ele não queria saber de futsal tão cedo.