Thalita Albuquerque: a nova Julieta

Capítulo 6

— Verdade, desafio, consequência, nota ou sabonete?

— Verdade — digo.

— É verdade que você ficou com o Dan? — Ceci pergunta e eu coro. Ela sabia que isso não era verdade.

— Eita peste, essa eu quero saber — Luana diz.

— Claro que não.

— Hm, sei.

Já era à noite, os dias passavam rápido quando eu estava com as meninas. Estávamos de frente da casa do tio de Luana, perto da casa da minha tia onde eu iria dormir novamente.

O tédio tinha nos tomado naquela noite e resolvemos que verdade ou desafio seria a solução dos problemas. O grupo era composto por Cecília, Luana, Carol, Angelina e eu.

Tínhamos comprado um refrigerante e usamos a garrafa para girar.

Estávamos girando e Dan saiu da casa do tio e sentou na janela para mexer no celular. As meninas trocaram olhares significativos e eu fiquei sem entender.

— Dan, venha jogar com a gente — Angelina convida. Ah, não!

— Eu não — ele rebateu, sem tirar o olho do celular.

Seguimos o jogo, e depois de um tempo caiu em mim novamente. Luana já tinha dançado em cima do banco, Angelina gritou no meio do rua e Ceci bebeu uma mistura de coisas que só Deus sabe o que é.

Agora era eu e Carol, eu não podia usar mais meu verdade, porém tinha medo do que elas podiam propor para o desafio.

— Sabonete — escolho. Não podia ser algo ruim, podia?

Carol olha para Ceci e as duas trocam sorrisos, isso não está me cheirando bem.

— Você vai ter que fazer sabonete na barriga do Dan.

As meninas seguram a risada e Dan larga o celular quando ouve seu nome, eu certamente devo estar vermelha como escarlate.

— O que tem eu? — Dan se entra.

— Fica quieto, cabrunco — reclama Luana com o irmão e todas seguem me olhando, até mesmo Dan.

— Não vou fazer isso, ele está fora da brincadeira.

— E quem disse que tem regra para isso? — rebate Carol.

— Se não tiver, então eu estou fora da brincadeira.

— Ah não, Debs! — reclama Angelina.

Percebo que os olhos de Dan ainda estão fixados em mim, não consigo disfarçar a vergonha então simplesmente me afasto das meninas. Elas estranham, mas seguem o jogo e eu estou pensando em ir embora quando sinto uma mão no meu ombro.

— Onde você tá indo?

O sotaque daqui deixa a entonação mais forte e a voz mais bonita, não imaginei que ele fosse vir falar comigo.

— Para onde eu deveria estar — viro e ele me olha sem entender e complemento — Dormindo.

— Vem para cá, ainda tá cedo — ele me puxa pela cintura para me aproximar dele e eu sinto um calafrio.

Puxo meu celular do bolso para ver a hora e para tentar ignorar a sensação inexplicável que acabei de sentir.

Sentamos um pouco afastados de onde estávamos anteriormente e percebo que as meninas ficam curiosas sobre o que está acontecendo, a verdade é que eu também estou.

— Thalita Albuquerque.

— Daniel Mendes — ele ri por eu seguir sua linha de provocação e eu o acompanho.

— Estou interessado em saber o que te traz aqui nesse fatídico ano que mal começou.

— Aqui em Ilhadas? — ele concorda — Minha família.

— É claro, os Albuquerque.

— Eu venho todo ano, como não te conheço?

— Posso dizer que sou reservado — diz olhando para a frente.

— Só isso? — ele volta a olhar para mim e eu arrumo meus óculos.

— Pode se dizer que sim — seus olhos eram castanhos, mas tinham um brilho diferente dos que eu já vi — Quero saber sobre você, o que você gosta?

Era difícil falar sobre gostos com alguém que está entrando na adolescência, afinal tudo é variável. Existem os cantores que você ama momentaneamente e os que leva para o resto da vida, os livros que você vai se identificar e outros que te fazem viajar para o além e por aí vai.

Apesar de todos os fatores, a conversa com Dan era leve e divertida. Ele entendia todas as minhas posições sobre o mundo em geral e meus gostos.

Daniel Mendes não era só mais um garoto e eu não sei se isso me deixava feliz ou assustada. O que eu tenho certeza é que ele me compreende e em vários fatores se identifica comigo, o que pode gerar uma boa amizade. Mas será que é só isso que eu quero?

A noite se estendeu mais do que eu imaginei, as meninas se uniram a nós depois de um tempo. Compramos alguns doces no mercadinho que já ia fechar e passamos o resto do tempo comendo e rindo.

As meninas resolvem ir para suas casas e eu também vou, não antes de Dan me dar um abraço de despedida.

— Hmm — sussurram Carol e Ceci juntas, eu apenas ignoro e tomo meu caminho.

Chego na casa da minha tia, tomo um banho e como alguma coisa que tem na mesa, não estava com fome. Ponho meu celular para carregar, mas não antes de mandar mensagem para minhas amigas e contar sobre o acontecido. Elas vão enlouquecer!

Mês que vem é meu aniversário e eu ainda não sei o que vou fazer, em pensar que no mesmo mês eu vou entrar em uma escola nova. Dizem que o ensino médio é um porre, até porque não é como nos filmes americanos, mas eu espero coisas novas e boas.

Vejo que chegou notificação avisando que a fanfic que estou lendo foi atualizada, corro para o aplicativo para ler.

Queria um dia ter a mente criativa dessas pessoas, são histórias tão incríveis! Não consigo ler sem ficar admirada com o trabalho de quem escreve, ainda tem que desvalorize.

Ainda no vazio do escuro da noite, penso que o dia de Carol ir embora estava se aproximando e não sei se vou continuar por aqui quando ela for.

Apesar de ter pegado amizade com as meninas, eu sou mais próxima dela e eu sinceramente queria andar com elas mais um pouco. Não pelo Dan, nem pensei nisso, mas porque gosto da presença de todos.

Tá, talvez eu também queira a presença do Dan.

Eu estava sem sono, mas com uma dor de cabeça horrível. Abro meu diário e escrevo sobre o dia de hoje, gosto de me imaginar daqui há alguns anos lendo tudo que escrevi.

Como estaremos daqui a 4 anos? Em 2019 me imagino formada no ensino médio e já na faculdade, será que eu vou vir para cá? Como as meninas estarão? E o Dan?

É estranho pensar que não temos controle da nossa vida, mas gosto de pensar que tudo vai estar parecido como está agora. Afinal, é Ilhadas e nada parece mudar nesse lugar.

Bebo um pouco de água e a dor de cabeça parece estar melhorando, aproveito para ir dormir e acabo sonhando com um certo menino da família Mendes.

***

Hey amores,
Mil perdões pela demora! Tive um bloqueio com essa história e também muitas outras coisas para fazer, como por exemplo outros livros rs
Espero que tenham gostado e agora vai!
Xoxo,
A.H.