DOIS ANOS MAIS TARDE
POV'S HARRY
Estávamos tentando engravidar há mais de um ano. Tessa sabia das chances. Eu sabia que eram pequenas, como sempre, mas ainda assim tínhamos confiança. Passamos por consultas com especialistas em fertilidade e monitoramos a ovulação. Transávamos, trepávamos e fazíamos amor o tempo todo. Ela testou as teorias mais ridículas, e eu bebi umas misturas amargas que Tessa jurava ter funcionado com o marido de uma amiga.
Liam e a esposa estavam esperando uma menininha que nasceria em três meses, e nós éramos os padrinhos da pequena Addelyn Rose. Sequei as lágrimas de Tessa enquanto ela ajudava a organizar o chá de bebê do melhor amigo, e eu fingia não me entristecer por nós enquanto ajudávamos a pintar o quartinho de Addy.
Era uma manhã normal. Eu havia acabado de falar ao telefone com Christian. Estávamos planejando uma viagem para que Smith viesse passar algumas semanas conosco, no verão. Ele ligou com essa desculpa, mas na verdade estava tentando me dar uma ideia. Queria que eu publicasse outro livro com a Vance, uma ideia de que gostei, mas fingi que não. Eu só queria tirar uma com a cara dele e fingir que estava à espera de uma proposta melhor.
Tessa entrou correndo pela porta, ainda com a calça de ginástica. Seu rosto estava vermelho por causa do ar frio de março, e os cabelos estavam despenteados. Estava voltando do apartamento de Liam, mas parecia assustada — em pânico —, o que fez meu peito ficar apertado.
"Harry!", ela exclamou ao atravessar a sala de estar e entrar na cozinha. Seus olhos estavam vermelhos, e meu coração foi parar na boca.
Fiquei de pé, e ela levantou uma das mãos, fazendo um gesto para que eu esperasse um momento.
"Olha", ela disse, enfiando a mão no bolso da jaqueta. Esperei em silêncio e impacientemente até ela abrir a mão. Havia uma pequena haste ali. Eu já tinha visto muitos falsos positivos no último ano para me animar, mas pelo jeito como sua mão tremia e sua voz hesitou quando ela tentou falar, eu soube imediatamente.
"É?", foi só o que consegui.
"É." Ela balançou a cabeça, a voz contida, mas cheia de vida. Olhei para ela, e ela levantou as mãos ao meu rosto. Eu não tinha nem sentido as lágrimas em meu rosto até ela secá-las.
"Tem certeza?", perguntei como um idiota.
"Sim, claro." Ela tentou rir, mas começou a chorar de felicidade, e eu também. Eu a abracei e a coloquei em cima do balcão. Encostei a cabeça em sua barriga e prometi ao bebê que eu seria um pai melhor do que os meus tinham sido. Melhor do que qualquer outra pessoa já tinha sido.
...
Tessa estava se arrumando para sairmos com Liam e sua esposa, e eu folheava uma das muitas revistas de noivas que Tessa deixava espalhadas pelo apartamento quando ouvi o som. Um som quase inumano.
Vinha do banheiro do nosso quarto, e eu me levantei e corri em direção à porta.
"Harry!", Tessa disse. Eu estava na porta, e a angústia na voz dela só aumentava. Abri a porta e a encontrei sentada no chão ao lado do vaso sanitário.
"Aconteceu alguma coisa!", ela gritou, com as mãos pequenas sobre a barriga. A calcinha estava no chão, coberta de sangue, e eu me assustei, sem conseguir dizer nada.
Em segundos, sentei no chão ao lado dela, segurando seu rosto nas mãos.
"Vai ficar tudo bem", menti para ela, procurando meu telefone dentro do bolso.
O tom de voz do nosso médico do outro lado da linha e o olhar de Tessa confirmaram meu pior pesadelo. Levei minha noiva até o carro e morri um pouco a cada vez que ela soluçou no longo trajeto ao hospital.
Trinta minutos depois, tivemos a resposta. Eles foram delicados ao nos dizer que Tessa havia perdido o bebê, mas isso não me impediu de sentir a dor aguda que tomava conta de mim sempre que eu via a tristeza profunda nos olhos de Tessa.
"Desculpa, desculpa", ela chorava em meu peito depois que a enfermeira nos deixou sozinhos na sala.
Segurei seu queixo com a mão e a forcei a olhar para mim. "Não, linda, não precisa se desculpar" disse a ela muitas vezes. Afastei seus cabelos do rosto com cuidado e tentei não pensar na perda da coisa mais importante da nossa vida.
Quando chegamos em casa naquela noite, eu disse a Tessa o quanto a amava, que ela seria uma mãe maravilhosa um dia, e ela chorou nos meus braços até dormir.
Andei pelo corredor quando percebi que ela não acordaria. Abri o armário do quarto do bebê e caí de joelhos.
Ainda era cedo demais para saber o sexo, mas eu vinha comprando coisinhas nos últimos três meses. Eu as mantinha ali em caixas e sacolas, e precisava vê-las uma vez mais antes de me desfazer. Não podia deixar que ela visse aquilo. Queria protegê-la para que não visse os sapatinhos amarelos que Karen havia enviado pelo correio. Eu me livraria de tudo e desmontaria o berço antes que ela acordasse.
Na manhã seguinte, Tessa me acordou me abraçando. Eu estava no chão do quarto vazio. Ela não disse nada a respeito da retirada da mobília nem do armário vazio. Só ficou ali, no chão comigo, a cabeça encostada no meu ombro e os dedos contornando as tatuagens dos meus braços.
Dez minutos depois, meu telefone vibrou no bolso. Li a mensagem e não sabia bem como Tessa reagiria à notícia. Ela espiou, os olhos voltados para a mensagem à sua frente.
"Addy está chegando", ela leu em voz alta. Eu a abracei com mais força, e ela sorriu, um sorriso triste, e saiu dos meus braços para se sentar.
Olhei para ela por muito tempo — pelo menos, pareceu muito tempo — e pensamos a mesma coisa. Nós nos levantamos do chão do quarto que seria do nosso bebê e sorrimos para podermos apoiar nossos melhores amigos.
"Ainda vamos ser pais um dia", prometi à minha menina enquanto dirigíamos até o hospital para receber nossa afilhada.
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Capítulo revisado.
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AFTER 5: Depois da Promessa
RomanceVocê deve ler essa história após ter terminado AFTER 3 (parte I e II). Nesse livro, Anna Todd conta o que acontece com Harry/Hardin e Tessa após o casamento de Liam/Landon.