Ricardo
Bom não é fácil pra ninguém vivenciar uma situação dessas. Um bebê, um ser vivo, uma criança inocente incapaz de se defender sozinha, sendo jogada assim de forma brusca, a mercê do perigo.
O que vou contar aconteceu há muito tempo, alguns irão dizer que o que fiz foi errado, porém terá aqueles que dirão que eu salvei a vida de um gatinho inocente. Isso fica a critério de cada um decidir.
21 anos e 8 meses atrás.
- Querida, você não está pensando em colocar molho branco na salada, né? – pergunto atento, ela sabe que não gosto disso.
- Não se preocupe querido, não irei colocar. – Débora fala me tranquilizando.
- Obrigado amor. – falo dando um beijo em sua testa e indo pra sala, já que ela odeia quando fico em cima dela na cozinha.
Débora e eu nos conhecemos a anos atrás, ainda no ensino médio, no começo ninguém poderia prever que um amor de colegial iria tão longe. Foi um amor puro, tanto que eu ainda não acredito que tive a sorte de encontrar o amor da minha vida.
No começo eu era muito tímido, mas ela veio com aquela risada contagiante e aquele sorriso lindo que me tirava o ar, foi impossível não me apaixonar por ela, aos poucos fui me soltando mas e quando vi já estava completamente apaixonado e tudo que queria era ela para sempre ao meu lado.
Assim que me sento no sofá a campainha toca, estranho por que ninguém é de vim aqui há essa hora, me levanto, mas quando vejo Débora saindo da cozinha para atender a porta me sento de novo, acho que ela deve ter marcado com alguém e não me avisou. Bom mas tanto faz, ela pode convidar quem quiser.
- Ricardo vem aqui, rápido. – ela me chama e pelo seu tom de voz já percebi que está nervosa.
- Oi amor, aconteceu al... – fico mudo assim que chego na porta e vejo um bebê dentro de uma caixa.
- Não sei, me diz você! – Débora fala pegando o bebê e levando ele para dentro.
- Por que tem um bebê na nossa porta? Cadê a mãe dele? – pergunto confuso com toda essa situação.
- Não está na cara? Ele foi abandonado. E a mãe dele deve tá bem longe agora. – ela fala sentando no sofá com o bebê no colo.
- A gente tem que fazer alguma coisa em relação a isso. Talvez ligar para uma assistência social. – falo raciocinando um pouco.
- Claro que sim, mas antes vamos vê se o bebê está precisando de algo. – ela fala e eu vou até a caixa novamente pra vê se também mas alguma coisa ou talvez um pista indicando que tudo isso não passa de uma brincadeira de mau gosto de nosso amigos, mas o que encontro foi somente um envelope azul.
- Débora tem uma carta aqui. – falo avisando-a e me abaixo pra pegar.
- Então pegue e leia. – ela fala.
Abro o envelope azul e tiro de lá dois papéis de dentro e começo a lê.
Vocês devem ta se perguntando que tipo de mãe eu sou para abandonar um filho. Bom eu sou uma mãe desesperada para salvar a vida de seu filhoSe você estar lendo essa carta é por que não tive outra escolha além dessa. Estou te entregando um dos meus maiores tesouros, por favor cuide dele para mim, eu não posso, corro risco de vida.
O nome dele é Alexander, ele tem três meses, quase nunca chora e adora mamar.
Agora vou contar um pouco da minha história, a um ano atrás eu conheci um homem em Santa Barbara, me apaixonei e nós ficamos e eu fiquei grávida. Só que foi ai que descobri que ele não é quem eu pensava ser, ele é um homem perigoso. Quando descobri a verdade escondi a gravidez e fugi. Se ele colocar as mãos nele, meu bebê estará em perigo.
Martínez é um homem bom mais seu pai não e em breve ele se tornará uma cópia fiel de seu pai, por isso não dar para confiar! Estou desesperada e minha única esperança é encontrar uma família que ame o meu Alexander tanto quanto eu o amo.PS: Por favor me faça esse favor, serei eternamente grata. Hoje me arrependo das escolhas que fiz e espero um dia poder me redimir.
Ps2: Nunca conte a ele que é adotado. Se decidir resgitra-lo seria melhor com seu sobrenome.
Obrigado.
Termino de lê e Débora me olha fixamente, abro o outro papel e nele está escrito a data de nascimento, alergias, vacinas tomadas e exames feitos.
Chocado com tudo que aconteceu, me sento ao lado de Débora no sofá e olho para o bebê em seu colo.
- Não podemos ficar com ele. – falo para Débora enquanto ela faz o bebê dormir.
- E você acha que eu não sei? Isso é contra a lei. Agora liga para uma assistência social. – ela pede e eu pego o telefone e ligo.
- Alô? É da assistência social? – falo assim que a ligação é atendida.
- Sim senhor, em que posso ajudar? – a atendente pergunta.
- Aqui é Ricardo Green e eu e minha esposa encontramos um bebê na porta de casa. – explico a situação a ela.
- Senhor, preciso que me passe seu endereço que irei mandar uma pessoa aí. Mas tem um problema, devido as datas festivas temos muito trabalho acumulado. Por tanto poderemos mandar uma pessoa aí em um ou duas semanas no máximo. – ela fala e eu penso um pouco.
- Tudo bem, podemos ficar com ele até lá. – falo e depois passo meu endereço.
No outro dia saímos para comprar fraldas, mamadeira, leite e roupas. Passamos aquelas duas semanas alternando entre o trabalhar e cuidar dele.
Quando a assistência veio, Débora estava tão apaixonada quanto eu, então decidimos adota-lo, seria mais fácil pois cuidamos muito bem dele durante esse tempo, mais tinha que passar pelo processo de procurar pela mãe, o que foi inútil pois com certeza ela já estava longe ou morta pelo que dizia na carta, o processo de adoção foi rápido, e no fim do ano mesmo, registramos ele como Heitor Green.
Atualmente
Por incrível que pareça foi isso mesmo que que aconteceu e hoje me arrependo de não mostrar a carta da mãe dele. Por que eu fui deixar ele ir atrás daquele homem? Mais também conheço o Heitor, ele quando quer algo não desiste ate consegui, além de ser muito impulsivo e cabeça dura.
Eu o amo muito mais não posso impedi algo tão importante para ele.
Ele foi um milagre em nossas vida pois alguns anos depois que adotamos ele descobrimos que Débora não poderia ter filhos. Mais esse milagre durou o tempo certo, está na hora de ele ir atrás do seu passado e entender quem é!
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Destinos Estrelaçados (Em Pausa)
RomanceO que você faria se descobrisse que é adotado? que sua vida toda é uma mentira? Pois foi isto que aconteceu com Heitor. Depois de 21 anos ele descobre que foi abandonado em frente a porta dos seus "pais". Ele parte em buscas de respostas e informaçõ...