a mulher do corpo

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O corpo da mulher - o meu corpo - foi banalizado, objetificado, violado, desprezado, deformado, infantilizado, perseguido, violentado, vigiado, ridicularizado. Agressões contínuas, infinitas, a algo que é só um corpo, não, na verdade não é só um corpo, como uma entidade separada, mas ele é eu, eu sou o corpo.

O corpo não é um corpo, é uma barriga, dois braços, pernas, coxas, olhos, cabelos, lábios, de cima, de baixo, estômago, dedos do pé e da mão, ombros, dobras, fígado, cicatrizes, umbigo, varizes, pêlos por toda sua extensão, pulmões. O corpo não é o corpo, o corpo é a mulher, sou eu, tanto quanto minha consciência, minhas emoções, meus pensamentos.

A mulher foi banalizada, objetificada, violada, desprezada, deformada, infantilizada, perseguida, violentada, vigiada, ridicularizada. Por aqueles em quem não confiou, por aqueles em quem confiou, por aqueles em quem pensou que podia confiar.

Com sua mulher, o corpo chora. O corpo se machuca, por dentro, por fora. Mas o corpo aprende a ser íntegro, o corpo se regenera e continua sendo, continua permitindo que a mulher seja. Que ela seja mulher.

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