autoexame

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Hoje precisei encarar a mim mesma no espelho por um tempo para perceber que aquela ali refletida não está bem.

Já deveria ter entendido isso ao freneticamente procurar pela casa inteira por alguma comida que eu não tinha, e provavelmente nem existe. Ao escrever parágrafos e parágrafos sobre aflições e perturbações. Ao não escutar uma palavra sequer do que as pessoas mais caras a mim diziam.

Mas não. Foi necessária essa conexão visual incessante, essa invasão da janela da minha própria alma para eu entender que o sorriso que se exibia naquele exato momento era falso. Identificável pela falta de luz, pela falta de rugas, pela falta de dentes.

Quando desaprendemos nós mesmas? Quando deixamos de nos (re)conhecer? Quando perdemos a capacidade de assumirmos nossos estados, de auto-diagnosticar o que sentimos?

Desaprendemos ou sequer soubemos?

Ser humanaOnde histórias criam vida. Descubra agora