Capítulo II- A Velha Vendedora de maçãs

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Passo atrás de passo, respiração ofegante, os galhos me cortavam os braços, os animais se dispersavam mata a dentro. Em meio ao apavoro pude ouvir -embora não tenha certeza- vozes femininas e lamentações em meio ao escuro da floresta. O que haveria de ser? Ninguém se aventurava a entrar na Floresta e eu ja me arrependia de tê-lo feito.

   Talvez por interferência de Deus -ou do Diabo, já que eu morreria se tivesse sorte- finalmente cheguei a um vilarejo, não sabia exatamente onde estava, talvez eu tenha atravessado toda a floresta, talves não. O fato é que aquele não era um vilarejo comum, muito menos hospitaleiro.

   As pessoas pareciam todas fracas e com certeza pobres. Pobres não. MISERÁVEIS!

   Andei e cheguei a um pequeno boteco, com o pouco dinheiro que me restava pedi uma rodada de conhaque para esquentar as entranhas do corpo. Um velho de barba longa veio me atender:

    -Você não é daqui não é mesmo?

   -Não... eu vim de Londres, pela floresta proibida. Viajei dias até que algo que me deixou perturbado me trouxe até aqui.

    O velho me olhava com tamanho espanto que me senti até mal. Tentando cortar aquele clima estranho perguntei:

    -O que houve aqui? Este vilarejo parece tão...

    -A velha bruxa- disse ele me interrompendo- a velha bruxa forasteira nos amaldiçoou. A praga dela corre pelas ruas da cidade e qualquer um que ela se oponha sofre a maldição.

    -Mas, como assim maldição? Do que falas?

     Ele me explicou que a algumas semanas uma velha vendedora de maçãs chegou ao vilarejo, fora morar numa velha cabana largada na estrada e vinha vivido apenas das maçãs que vendera. Logo após a chegada da ilustre visitante, um mistério -ou maldição, como ele disse- se assolou no lugar. Algumas jovens vieram desaparecendo sem deixar rastro! Ninguém sabe, ninguém viu. E após culparem a velha vendedora, queimaram-na viva na fogueira. Porém sem resultado pois as jovens continuaram desaparecendo.

    Estava ali, finalmente, à minha frente! Um mistério! Uma história a qual valeria a pena conferir.

    Comecei uma pequena investigação, procurando saber quem eram as garotas mas nada de intrigante foi descoberto, apenas adolescentes e todas bonitas e jovens.

    A primeira noite caiu e fui procurar onde dormir, sem sucesso me lembrei da velha cabana que o senhor do bar me disse que a velha viveu em suas últimas semanas de vida. Como eu pensei a cabana estava vazia, entrei, me instalei e fui dormir.

    "Malditos!" dizia a voz nos meus sonhos! "Amaldiçoai-vos todos os deuses" Arregalei os olhos e em meio a escuridão da cabana pude perceber, depois de acender minha lanterna a gás, que o chão a minha volta estava totalmente cheio de maçãs! Vermelhas e suculentas. "Queres comprar uma maçã? " veio a voz novamente e do lado escuro da cabana saiu a velha sinistra, de cabelos brancos e com a pele como a de um sapo cheio de verrugas. A velha dona de uma beleza um tanto 'peculiar' correu em direção a cama, numa velocidade um tanto assustadora para uma velha como ela. Pulei em direção a porta e de repente acordei com o susto. Tudo não passara de um sonho!

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⏰ Última atualização: Sep 01, 2014 ⏰

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