O jovem Jorge Solín ofegava. Vinha correndo por quatro quarteirões sem, em nenhum momento, tirar os olhos do céu. Durante seus vinte anos, todos vividos ali mesmo, em Lima, Jorge nunca vira, ou ouvira falar de algo parecido com o que presenciara naquela noite.
A criatura veio rápida, sorrateira, e pegou Luís Gonzalez, seu amigo de infância, levando-o para o desconhecido. A primeira vista não pode vê-la, com exceção das asas que, abertas, chegavam a dois metros de comprimento. No inicio, aliás, nem se preocupou com a aparência do monstro. Estava ocupado demais correndo.
Entrara agora num beco. A criatura não poderia chegar ali (não voando, pelo menos). Chegou ao fim dele, ali não havia saída. Ouviu um ruído atrás de si. Parecia um urro de um pássaro enorme. Virou-se e encarou um monstro de frente. Era um morcego, gigantesco e assustador. Sangue escorria de sua boca: o sangue de Luís. A criatura se aproximava lentamente, a boca escancarada pronta pra morder. Jorge encolheu-se, desejando não ter saído de casa naquela noite. O monstro avançou contra ele e Jorge deu um grito horrível.
A criatura ficaria ali por uns minutos, mastigando sem parar o corpo já sem vida. Sairia depois, deixando pra trás uma massa disforme que outrora fora Jorge Solín.