Exceção

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Youngjae não pensou muito quando se viu no corredor que dava para as salas de Letras esperando por Jaebeom. Era estranho, ele deveria ter agido como em toda transa que tinha e simplesmente seguido seu caminho, mas estava preocupado com o mais velho. Principalmente depois de Jackson ter lhe dito que sua cabeça estava a prêmio, que Jinyoung queria lhe jogar na fogueira. Para piorar ele passou o fim de semana inteiro pensando em Lim Jaebeom, mal podia acreditar que finalmente tinha conseguido o que tanto desejava.

Encontrou Jaebeom sentado no segundo piso, em um corredor escuro que dava para as salas de informática e arquitetura. O mais velho estava deitado no carpete azul, um tanto desbotado de um pequeno hall, onde havia alguns puffs para descanso. Sua cabeça descansava contra a mochila, os joelhos dobrados enquanto lia. Ele tinha uma expressão concentrada, o cenho franzido, enquanto murmurava a música que estava tocando em seu fone de ouvido. Youngjae achou até um crime interrompê-lo naquele momento, então apenas se limitou a sentar ao lado de sua cabeça. O mais novo tirou o celular do bolso e sem que o mais velho percebesse tirou uma foto dele e enquanto olhava a própria tela do celular não percebeu que estava sendo observado.
— Perdido, Choi? — Jaebeom perguntou ficando de bruços, a cabeça apoiada na mão direita e o livro de antes esquecido em algum lugar do chão.
— Eu não tenho o número do hyung, então resolvi aparecer pra saber como vai.
Youngjae ditou, seus olhos parando por um tempo no chupão que havia deixado no pescoço do mais velho. O hematoma estava com uma coloração estranha, um vermelho vivo, era difícil não notar. Tinha certeza que havia atraído muita atenção.
— Eu estou ótimo. Não sou de porcelana.
— É mesmo? — Youngjae ditou risonho, Jaebeom bufou voltando a se deitar e ele então se mexeu até estar deitado ao lado do mais velho, enquanto Jaebeom encarava o teto, Youngjae o encarava.
— Eu estava pensando, você vai estar ocupado hoje? De que horas você sai daqui?
Jaebeom fechou os olhos quando a mão do mais novo se embrenhou em seus cabelos e os dedos ágeis começaram a lhe acariciar o couro cabeludo.

— Eu tenho monitoria, saio às cinco.
— Ótimo, me espera, eu venho te buscar.
— E quem disse que quero sair com você, Choi?
— Só me espera, hyung.


[...]


Dizer que Jaebeom não havia ficado nervoso era uma total mentira. Não conseguia entender o que Youngjae poderia querer consigo, não estava preparado pra isso, havia ensaiado até a parte onde eles não tocavam mais no assunto e continuavam a agir como antes. Mas isso? Isso não estava no roteiro. E muito menos o que estava sentindo.

Quando saiu para o estacionamento do centro de artes inicialmente não encontrou Choi Youngjae. E não iria negar que ficou um pouco decepcionado, até mesmo inseguro, até olhar um pouco mais adiante e encontrá-lo sentado no capô de um carro, numa parte mais escura e vazia do estacionamento. Cabelos pretos voando no rosto, fones nos ouvidos e livro na mão. Era uma visão bonita, e Jaebeom sentiu algo estranho vibrar em seu estômago. Youngjae lhe causava sensações estranhas e por enquanto teria que viver com isso.

— O que você está lendo? — Perguntou ao mais novo que virou a capa do livro e Jaebeom franziu o cenho ao notar que se tratava de uma coletânea de contos do Edgar Allan Poe.
— O hyung gosta?

— Não é meu estilo favorito de leitura, mas eu gosto sim. Não sabia que você gostava desse tipo de literatura.

— Eu não sou seletivo com o que leio. Por exemplo — O garoto abriu a mochila que tinha no colo, tirando um exemplar de cinquenta tons mais escuros e Jaebeom fez uma careta para o péssimo gosto — Eu estava lendo para referências, estava pegando umas dicas pra usar com o hyung.

Viciado em vocêWhere stories live. Discover now