Capítulo 1

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A música alta está me deixando mais furiosa do que estou. Primeiro Alexander, meu amigo, me deixou plantada ao lado da piscina da casa de algum aluno de nosso colégio — não sei o nome do indivíduo e nem tenho interesse em saber — e depois vejo uma das piores cenas que poderia acontecer para estragar essa noite de curtição. Meu ex namorado aos beijos com Patricia Hall. Vadia. Minha vontade é de arremessar um vaso na cabeça daquela cobra. Contudo, não posso.
Eu deveria está feliz por ver meu ex com outra e me deixando livre mas... Mas... Não consigo. É insuportável vê-lo com outra, deveria ser o contrário.
Não vou ficar aqui vislumbrando algo tão repugnante para mim, empurrei diversas pessoas para sair daquele lugar quando alguém segurou meu antebraço e me puxou de volta. Um par de olhos azuis, na mesma tonalidade que os meus, me encaram furiosos.
— Você é louca? — exclamou a pergunta com ira.
— Dá para soltar meu braço? Nem te conheço — puxo meu braço na esperança dele me solta.
Ele não solta.
— Você derramou minha bebida.
O que ele tem de arrogante tem de bonito, seus cabelos negros e pele bronzeada deixam seus olhos em destaque.
— Se você saísse da minha frente sua preciosa bebida não estaria no chão agora — levanto uma sobrancelha, desafiando-o.
O canto da sua boca ergue-se em um sorriso zombeteiro.
— Se acha esperta, docinho?
— Eu sou e não me chame de docinho! — digo da forma mais arrogante possível.
Seu sorriso me distrai.
— Que tal você ir pegar uma bebida para mim? É justo já que derramou a minha — cruza os braços.
Ele acha que tenho cara de garçonete?
— E se eu não for? — retruco.
— Gosta de água docinho?
O que ele...?
— O que você... — antes que eu pudesse formular a pergunta ele me ergueu do chão e me colocou em seu ombro por alguns segundos antes de me jogar, senti o impacto da água em meu corpo.
Ar. Meus pulmões suplicam por ar enquanto tento emergi para superfície, essa piscina parece um mar de tão profunda!
Engulo o ar rapidamente atendendo aos protestos dos pulmões. Engasguei algumas vezes. O garoto que me jogou está rindo com alguns amigos, fúria se instala em meu peito. Ódio é tudo que sinto por ele neste exato momento.
Pessoas que estão ao redor sorriem da brincadeira que ele fez. Para todos tudo não passou de entretenimento.
Cheguei a borda da piscina e com dificuldade consegui sair da água. Meu vestido preto está encharcado, meus saltos estão no fundo da água, meu cabelo grudado em meu pescoço, ombros e costas. Minha maquiagem está arruinada. Nada disso parece importante comparado ao que ele fez.
Eu: Eu vou...! — alguém segurou minha cintura antes que eu pudesse arrancar aquele sorriso diabólico lindo do rosto desse idiota. A pessoa que impede meu ato é nada mais, nada menos que o ser que me convidou para festa, Alexander Anderson.
— Calma, Tessa! — grita quando esperneio em seus braços.
— Me solta!
— É melhor domestica-la — disse o babaca.
Todos sorriem.
Vou matá-lo com minhas próprias mãos!
— Você também não é diferente, Cooper.
O garoto cessa seus comentários ridículo.
— Tire logo ela daqui, Alex — disse, com desdém.
Alexander analisou os olhos do garoto por poucos segundos, é como se ele tivesse esperando o pior, porém nada aconteceu.
— Pede para alguma das suas garotas irem pegar uma bebida para você, Travis — Alex disse sem tirar os olhos do idiota.
Travis. Travis Cooper. Odeio esse nome a partir de hoje.
Alexander me afasta dos demais.
Longe daqueles babacas soltei um suspiro abafado de raiva, estava espumando por dentro.
— O que você fez para irritar Travis Cooper?
Eu? A culpa é minha agora?
— O que? — perguntei estupefada.
Ele balança a cabeça.
— Tudo que acontece com você não é por acaso, você provoca confusão em tudo, Tessa, vamos combinar — cruzou os braços.
É sempre bom ter um amigo verdadeiro por perto, que diz tudo na cara, mas não em situações como esta. Me encontro completamente molhada e arrasada por ter sido motivo de piada na frente da maioria dos alunos na escola e agora tenho culpa por um garoto sem noção me jogar na piscina, onde está a justiça hoje em dia?
— Tudo isso começou desde o momento em que você desapareceu.
— Agora a culpa é minha? Tessa, você não é criança — revira os olhos.
O peso do vestido diminui a medida que a água desce por minhas pernas. Estou descalça.
— Como vou voltar para casa? Olha o meu estado.
Mudei de assunto, odeio entrar em discussões com Alex quando estou irritada com outra pessoa.
Ele solta um suspiro.
— Vamos chamar um táxi.
Meia hora depois eu estou dentro do carro com Alexander, com a roupa úmida. Não ousei perguntar mais sobre aquele garoto, Travis Cooper, para Alexander, ele poderia criar coisas em sua cabeça.
Sinceramente, eu achei o idiota bonito, seus ombros largos e cintura estreita mostram o quão atlético é. Seu olhar sagaz e sorriso malicioso arrancam suspiros. Não. Eu não sou uma das garotas que cairia aos seus pés — acho bem provável que isso aconteça todos os dias com ele — seria loucura da minha parte fazer isso.
Meus pensamentos foram interrompidos quando o táxi parou em frente à minha casa, descalça me despedi de Alexander e corri para dentro antes que acordasse minha mãe. Ela não sabe que sai para festa um dia antes das aulas começarem.
Me despi para tomar banho, lembro que terei que comprar outro par de saltos como os que ficou na piscina, se aquele garoto não tivesse me jogado... Espero nunca mais ter que encontra-lo.

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