Uma semana depois
Vocês já tiveram a sensação de estar fazendo algo "errado" e de repente sua mãe aparece? Estou assim agora. Não sei como Karla conseguiu me convencer a matar aula, toda vez que vejo alguém dobrando a esquina eu olho minha mãe vindo em minha direção, gritando comigo.
"Eu trabalho tanto para pagar sua faculdade e você fica matando aula?! Eu não te criei para isso Oliver Smith!" Ela diria exatamente essas palavras, e eu ficaria de cabeça baixa, ouviria tudo sem dar um pio.
"Acho melhor a gente voltar." O medo era perceptível em minha voz.
"Liv, sua mãe está em casa. Fica calma." Karla resmunga.
Acontece que eu tento ficar calma, mas não consigo. Minhas mãos ficam geladas, meu corpo fica tremendo, sinto que tem alguém me seguindo, e o pior é que minha consciência fica repetindo: "Você vai ser pega."
Para mim e meus irmãos fazer algo contra as ordens de mamãe é considerado um pecado. Fazer o que, sequelas de uma criação estilo Idade Média.
Andamos por um bom tempo até chegarmos em um bar estilo vintage, era muito bonito. Sentamos em uma mesa próxima a uma janela, Karla pediu uma cerveja e eu um suco de laranja (não posso tomar nada alcoólico por conta do remédio que tomo, mas isso fica para outro capítulo). Ficamos conversando enquanto nossas bebidas ainda não eram servidas. Logo um garçom, mais ou menos da nossa idade, se aproxima.
"Uma cerveja, um suco e um sundae." Ele dizia enquanto botava os copos na mesa.
"Desculpe, nós não pedimos um sundae." Falei.
"Aquele homem ali que pediu para você." O garçom apontou para o balcão e lá estava ele com uma jaqueta de couro, o olhar penetrante, o sorrisinho no canto da boca. O cara que comprou o meu livro. Seu olhar sob mim era tão hipnotizante, percebi que ele ainda estava sorrindo então sorri de volta, afinal, o que eu poderia fazer?
"Diga à ele que ela agradece a gentileza. Obrigada." Karla diz e o garçom vai embora, logo seus grandes olhos azuis me fuzilam."O.K, quem é aquele homem lindo que te pagou um sundae?"
"Lembra do cara que o Miles falou que era o meu namorado?" Sua feição foi de curiosa para espantada em questão de segundos.
"Não. Creio. Meu Deus, Oliver! Ele é lindo. Você tem que ir falar com ele." Karla estava tão sorridente que me perguntei se suas bochechas não estariam doloridas.
Desde o colegial Karla ficava na torcida para eu arranjar alguém. Eu não era "inexperiente", tive alguns "ficas" mas nunca levei adiante, eles queriam sair nos fins de semana, ir em festas e coisas do tipo, na época eu não podia (ainda não posso) sair de casa a não ser para ir à escola, então descartava qualquer tipo de relacionamento sério. Não queria ser um peso para ninguém.
"E o que eu digo? Pergunto sobre o livro? De jeito nenhum eu vou lá." Peguei o cardápio para tampar o meu rosto.
Atitude muito madura, Oliver, parabéns!
"Então acho melhor você não infartar. Ele está neste exato momento andando em nossa direção." Ela comenta e meu rosto começa a esquentar, devo estar que nem um pimentão.
Droga!
"Com licença." Sua voz carregada com sotaque britânico me arrepiou.
"Oi..." Falei enquanto Karla tirava o cardápio de minhas mãos.
"Desculpe não ter me apresentado naquele dia. Kol Sprouse." Sua mão estava estendida e eu a apertei brevemente. Que aperto firme.
"Tudo bem. Prazer em lhe ver novamente, Kol. O que faz por aqui?" Sério Oliver?! De tudo o que você poderia dizer, perguntar o que ele estava fazendo lá era a mais inútil. Ele sorriu.
"Vim tomar alguma coisa para passar o tempo."
"Por que não senta com a gente? Prazer, me chamo Karla." Graças a Deus que minha melhor amiga está aqui.
Nunca fiquei tão grata.
"Eu agradeço, mas já estou de saída. Coisas de família." Diz "Mas espero lhe ver quando tiver mais tempo, Oliver. E foi um prazer lhe conhecer, Karla." Ele se afasta.
Olho para minha amiga que está com um sorriso malicioso. Ela vai surtar quando contar para o Miles.
~♡~
Cheguei em casa no horário habitual. Estranhei que a casa não estava a todo vapor, pois minha mãe sempre tem algo pra reclamar. O local estava silencioso, como se estivéssemos de luto, a casa só ficava assim quando uma coisa acontecia.
"Papai esteve aqui." Me assusto com a voz de Augustus, porém a notícia não me surpreende.
"O que ele queria?" Perguntei.
"Eu não sei. Estava chegando em casa quando ouvi uma gritaria aqui, entrei e vi mamãe sentada no sofá chorando enquanto Ed e papai estavam gritando um com o outro."
"Onde ela está?" É sempre assim quando o papai resolver vir aqui.
"Eu a levei para o quarto. Ela não saiu de lá desde então." Seu olhos estavam cheios de lágrimas, fui até ele e o abracei, logo Gus caiu em prantos nos meus braços, beijei o topo de sua cabeça.
"Vai ficar tudo bem, Gus. Eu prometo."
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Eu tardo mas não falho hahahahahahahaha
Não esqueça de ver o nascer do sol☆
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Sunrise
Teen FictionEnquanto encarava o teto do meu quarto pensei: Como vou trilhar o meu caminho se me prendem tanto? O que vai acontecer quando eu tiver liberdade? O que será de mim sem eles? Será que eu quero mesmo sair de casa?. Quando eu era pequena, alguém me dis...