Capítulo 5

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Alexia narrando

Xxxx: pai, podemos conversar por um segundo?

  Naquele momento percebo que é o mocinho do café, para ficar mais confuso ainda ele está chamando o acessor pessoal de pai. Prefiro evitar um barraco na empresa, então só finjo que nunca o encontrei na vida.

  Acho que ele percebeu que fui a pessoa com quem ele esbarrou de manhã, pois sua feição mudou quando  me viu, só não foi de uma boa forma.

  Como estamos em um silêncio matrizante decido falar algo. Porém antes que eu pudesse fazer isso, ele toma a frente e continua falando.

Xxxx : sinto muito, não sabia que estaria ocupado, posso voltar outra hora.
  
Alexia: na verdade já terminamos, obrigada senhor Allen.- digo antes que ele vire.

   Decido sair para não atrapalhar a conversa deles, mas na real minha vontade é escutar atrás da porta mesmo, fazer o que se sou curiosa.

  Opto por ir para livraria, mesmo sendo a minha folga, gosto de lá. É um lugar simples, aconchegante e que sempre está frio, já que o dono fala que o calor prejudica as páginas. Fica há 5 minutos da praia, dentro temos vários sofazinhos para sentar e lermos.

  Compro um livro bem clichê e o devoro em uma tarde, quando eu leio parece que mais nada no mundo importa, só aquele momento. Me permito viver coisas que nunca aconteceriam e essa é uma das melhores sensações do mundo.

  Começa a ficar escuro, só aí me dou conta que esqueci de comer e  que estou de bicicleta. Corro para fora da livraria, vou para casa tão rápido que até o Flash perderia para mim. Ao chegar lá encontro o meu maior dos pesadelos, meu avô.

  Tento passar despercebida, o que é uma tentativa falha, já que nada escapa do seu olhar. Ele me analisa de cima a baixo e já sei que levarei um longo e cansativo sermão.

Charles: Isso são horas para chegar em casa Alexia Montogomery? Temos a tradição de jantar às 19:00, por sua causa atrasamos toda a refeição. Você tem que aprender a ter disciplina, ainda chega como uma louca, esse comportamento é inadmissível para uma futura herdeira.

  Enquanto finjo escutar o que ele fala balançando a cabeça de 5 em 5 minutos como se estivesse de fato prestando atenção, só penso no quanto eu preciso comer.

  Depois de 1 hora, sim exatamente 1 hora. Sou liberada para fazer o que preciso. Confiro todo conteúdo dado no dia e pela falta de sono decido desenhar.

  Existem coisas que eu sou razoavelmente Boa, outras que eu devo evitar fazer em público. Sempre gostei de quem toca, canta, fala bem em público, sai bonita nas fotos e consegue se destacar nos esportes, mas isso nunca me caiu muito bem.

  Eu amo dançar, desenhar e tirar fotos, desde que eu não esteja nelas. São coisas simples e fáceis, porém é o que eu realmente amo.

   A minha família é conhecida por Stanford, todos nós temos a regra de formarmos lá e isso de fato completa o nosso currículo. Meu desejo sempre foi fazer artes plásticas ou dança, poder viajar o mundo e ter inspirações para o meu trabalho.
 
  Quando termino olho para o papel e fico orgulhosa do desenho, é apenas uma bailarina em preto e branco, mas ela me traz uma sensação de liberdade, continuo admirando toda a beleza da noite.

  Minha casa fica em um setor perto da praia, conseguimos ouvir o mar e tem restrição, ou seja, é proibido qualquer tipo de barulho na área. O dinheiro traz muitos benefícios e esse é um deles.
 
  Decido ir dormir para aguentar o dia de amanhã, já que irei trabalhar depois da escola.
 
  Às 07:30, meu despertador toca e eu corro para me arrumar, tomo café, acabo decidindo ir de carro para escola para não ter transtornos com café novamente. Como de costume chego um pouco cedo e aproveito para olhar o mural de avisos. Vejo que começaram alguns programas, uns de roda de ajuda, outros de caridade, devido me inscrever em um que acontecerá no próximo final de semana. É um dia em que iremos para um asilo, assim poderemos ajudar e visitar aqueles que muitas vezes não tem ninguém.

  Vou para as aulas e presto atenção na maioria, até que chega a hora da aula de literatura em que a professora explica um projeto de será em dupla e acaba sorteando o nome dos alunos. Viajo até que ela pega o meu nome.

Professora: Alexia Montogomery, seu parceiro será.- ela balança a caixa novamente e pega um papel.- Callum Allen.

   Allen, eu conheço esse sobrenome e quando olho para o menino que está vindo para perto de mim, vejo que realmente eu conheço esse sobrenome. Isso só pode ser brincadeira ou perseguição.
 

 

A Sincronia Do Nosso OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora