"Apressado come cru e quente."
Depois de um dia exaustivo, confuso e muito intrigante, finalmente estou em casa, tomando meu banho e tirando todo o suor de um dia quente. O calor nesta época do ano é tanto, que o chuveiro fica desligado e a água fria é mais que bem-vinda para aplacar a temperatura do corpo.
Enxugo meu corpo rapidamente quando a porta começa a ser espancada pela minha irmã carola, que precisa tomar banho para ir à igreja. De novo.
— Calma, Toninha!
— Anda logo, Ritinha. Parece que morreu aí.
— Se eu tivesse morrido, não estava respondendo, besta.
— Olha essa boca. Mãe! Ritinha tá enrolando no banheiro!
Enrolo a toalha no meu corpo rapidamente e destranco a porta, irritada com minha irmã cheia de graça.
— Tá achando que vou tomar um safanão, Toninha? Não sou mais criança e, mesmo sendo a mais velha, te dou uns tapas.
— Nada de briga, as duas. — Minha mãe surge não sei de onde.
— Ela que começou — dizemos as duas em uníssono e minha mãe balança a cabeça, indo para a cozinha.
— Anda logo, Toninha. Preciso ir para o bar — Paulinha para no corredor para alertá-la.
— Já vai pro antro de perdição? — A reprimenda em sua voz é evidente.
— Não, irmã. Perdição são os peões gostosos que passam por lá — Paulinha responde baixo, em tom conspiratório, e se abana.
— Nisso, eu tenho que concordar — falo, circulando as duas e indo para o meu quarto.
— Valha-me Deus... — Toninha resmunga e eu ainda escuto a gargalhada da Paulinha, antes de ela me seguir e fechar a porta do quarto.
Temos um quarto em conjunto, já que são muitas filhas e a casa não é tão grande. Então, minha mãe dividiu as filhas em dois quartos, não muito grandes, mas com espaço suficiente para cada uma ter seus pertences.
E dona Lélia, como desde sempre foi muito perspicaz, acertou em cheio colocando Paulinha e eu juntas e deixando a Clarinha, que é a mais nova, e Toninha no quarto ao lado.
Nós sempre fomos mais ativas, molecas e cheias de energia. Brincávamos na rua até tarde, Paulinha arrumava briga com as meninas e eu intervinha e, toda vez que algum garoto roubava minha pipa, ela usava do seu tamanho e os intimidava.
Já Toninha e Clarinha sempre foram as meninas do quintal. Montavam casinhas, brincavam de bonecas ou de comidinha, sempre dentro de casa e sem muitos amigos à sua volta.
— Tá recuperada? — ela fala, se jogando na cama.
— Tô só o pó. Nunca mais fico pra só mais uma cerveja. Paulinha, você não tem limites.
— Claro que tenho. A diferença é que meu limite é maior que o seu. — Ela gargalha e eu jogo nela a blusa que eu ia vestir.
— O pai tentou chamar minha atenção, mas, por sorte, chegou cliente e teve que parar. Ele ainda vai aparecer lá atrás de você. Então, não abusa.
— Já tenho vinte e cinco anos, Ritinha. O pai não tem que ficar atrás de mim. No máximo, atrás da Clarinha, que fez dezoito.
— Você sabe que não é bem assim e, além de tudo, tem os vizinhos. Josival veio me falar que viu a gente no bar.
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[Degustação] Detestável Para Mim - Livro 1
ChickLit** Postagens encerradas dia 20/03 ** A pacata cidade de Palomino completa mais um ano de existência e, como sempre, a comunidade está em total alvoroço para as festividades. No entanto, este ano o filho do meio da família mais influente da cidade, r...