Capítulo 3 - Black Garden part III - A Poção Retaliadora

142 7 0
                                    

Os anos voaram como os pássaros voam no inverno, em uma dança de liberdade. E era isso o que representava pra gente cada ano que passava. Para a última geração dos Black, um ano mais perto da liberdade. Para mim particularmente, era um ano mais perto da descoberta, quando todo aquele treinamento inútil faria algum sentido. Inútil, porque àquele ponto, eu já planejava voar para muito mais longe das fronteiras mágicas. Mas eu estou saltando muito rapidamente sobre minhas memórias, permita-me retroceder um pouco, reformular o início do fim.

Esse era apenas mais um de meus sonhos comuns. Eu estava sozinha correndo dentro do bosque do outro lado do portal, o bosque que eu não via por tantos anos. Atravessava uma densa neblina, ansiosa seguindo o barulho dos cascos, esses cada vez mais altos, anunciando seu retorno.

Atrás das árvores e da neblina finalmente eu via o ser encapuzado, sua mão fina e esticada para mim num convite sombrio. Então tudo o que eu via eram seus olhos azuis escuros e traídos. Eu tentava enxergar por dentro de seus olhos e o que eu vira fora o pior. O flash verde de uma maldição da morte, um grito e um corpo. Muito tensa me aproximei do corpo. Era só um sonho, não havia nada mais que eu pudesse fazer, porém me arrependi quando notei ali meu pior pesadelo. Era o corpo de Sirius.

Fazia um tempo que eu não era acordada por um pesadelo, eu pensava enquanto encarava o pátio da propriedade através da vidraça da minha janela. Dali a algumas horas amanheceria. Lembrei então da última vez que eu acordara minhas irmãs com meu grito quando tivera a visão com o Lord das Trevas, anos atrás... com pesar todas aquelas memórias voltavam. Lógico que seu rosto macabro me assombrara para sempre, mas não com aquela realidade toda.

Meus pesadelos costumavam ser apenas sequências da noite da visita do Lord Voldemort, onde ele insistia em ler minha mente, achando em mim e não em minha irmã mais velha, sua arma secreta, e me levando consigo. Eu acordava sempre ao ser jogada dentro do coche pelo próprio Voldemort. E acordava sempre muito agradecida.

Eu passara os últimos anos tentando me convencer de que aquele era o curso natural das coisas e que quando Bellatrix voltasse, tudo continuaria como se ela nunca tivesse partido. Voltaria com histórias fantásticas para contar sobre uma terra distante chamada Avalon... Mas de alguma forma, meu inconsciente arrumava uma forma de assimilar o retorno da minha irmã mais velha com algo terrível que eu, até então me recusava mesmo em pensar a respeito, e pela primeira vez citava-o em minha cabeça: O assassinato do meu primo.

Eu rezava todas as noites para que aquela não fosse uma visão; mas quanto mais eu rezava, mais eu era ignorada, mais eu me conformava que tudo caminhava exatamente em direção de como eu sempre temia. Era apenas uma questão de tempo.

Eu encarava meu reflexo na vidraça de cristal com o brasão da minha família, meus olhos mantinham aquele tom esverdeado já fazia duas semanas e meu rosto parecia finalmente firmar sua forma definitiva visto que adotara o mesmo nariz e queixo no último ano. "As bochechas precisavam ser tão volumosas?" Eu constantemente me encarava no espelho para me acostumar aquela forma, porém não acontecia. Era como sempre, o rosto de uma estranha.

Eu encarara a cama de Narcisa, ela dormia tranquilamente e voltara minha atenção para o pátio da propriedade dos Black. O dia do retorno de Bellatrix se aproximava, eu sabia, pois mais constantes eram os meus sonhos.

Seis anos haviam se passado desde a última vez que eu falara com minha irmã. Anos de estudo de magia numa escola de bruxos, Hogwarts, e devo dizer, valia a pena esperar pelo ano letivo. Hogwarts era, de todas as formas, o local mais mágico existente. Eu invejava aqueles que podiam ficar na escola no Natal.

Eu tentava ser uma boa aluna, uma boa bruxa. Ephram conseguira me convencer que eu só tinha a ganhar investindo em mim mesma. Mas minha fuga fora adiada há muitos anos, pois antes de tudo eu queria rever minha irmã. Queria saber o que fora feito dela. Era bizarra a forma como evitavam seu nome, como se tivesse morrido. Era Sirius quem sempre falava nela. Quando o repreendiam ele também falava dela;

Apaixonada Pela Serpente 4 - Diário de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora