Capítulo 5 - A Maldição dos Herdeiros parte 1 Fire

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Apaixonada Pela Serpente 4 – Diário de Sangue

Capítulo 5 – A Maldição dos Herdeiros. parte 1

Fire

Ouvir Trilha: https://youtu.be/Y-dxDrzmO-Q?list=PL5k2LnGFJS2BFWhq_L0Ub1sX5WbMpqbir

       Olhos verdes intensos, cor de folha com brilho de água de sal. Mas não eram claros, eram de um tom quase escuro, forte e reluzente, lembrava até a maldição da morte ou a marca negra vista de tão perto. Lembravam a Sonserina, orvalho e absinto, ingenuidade e desafio, tudo que eu mais gostava e conhecia, aquele tom de verde esmeralda e audácia, sempre fora minha cor favorita.
        E seu cabelo era cobre na sombra, mas no sol brilhava de um vermelho vivo, a combinação de queimar os olhos como se fossem raios do sol, dançando como labaredas de fogo, intimidador, prepotentes, lembrando sangue, alertando e provocando nosso inconsciente e como a exuberante juba do leão da Grifinória, impossível de ignorar.
     Apesar de já estarmos treinando há algum tempo, eu não conseguia me acostumar com sua companhia. Sua presença todos os dias me perturbava de uma maneira que eu não entendia. Tantos anos estudando na mesma escola mesmo assim eu não previra o quanto era problemático a aproximação com ela. James não me preparara para aquilo. Eu sabia que ela podia ser irritante, mas ele não me alertara para o terrível efeito que tinha seu sorriso gentil.
       Agora ela estava ali, com suas encantadoras feições, tentadoramente vulnerável, sua pele, tensa e cansada, mais vermelha que o normal, seus fios ruivos pingando suor pela testa por cima de um destemido olhar esmeralda, perdendo o equilíbrio sobre meus braços quando eu lhe dera uma rasteira logo depois de me defender de seu ataque. Quase caíra de costas, mas eu a segurava pelo colarinho da camiseta e pelo braço que eu mantinha imobilizado.
             Ela estava ficando forte, quem diria... a tão delicada Lily Evans, que sempre parecia prestes a partir em dois com o vento, estava levando mesmo a sério aquela loucura, aquele destino injusto que Dumblodore jogara em suas mãos.  Em nossas mãos.  Pois eu também, por algum motivo, estava preso aquilo, primeiro a uma tarefa que eu mal entendia, ao favor de um amigo, agora preso aos meus próprios sentimentos, malditos sentimentos que eu jurara a mim mesmo que não deixaria crescer, agora me prendiam a ela como uma obrigação de protegê-la. Como se toda minha vida com uma família das Trevas me preparassem apenas para aquela missão.  Ou talvez uma das charadas sem sentido do diretor da escola, confiando logo a mim aquela responsabilidade, sabendo que eu fora treinado pelos mesmos bruxos que costumavam caçar pessoas como ela. Era ironia ou castigo?
           Seus lábios pequenos e vermelhos como os cabelos abriram um largo sorriso, confiante e confidente com seus dentes tão perfeitos, confortável demais para quem estava tão rendida, como se ela nem ao menos fosse capaz de imaginar o quanto eu podia ser perigoso, se ao menos estivesse ali numa missão para o Lord das Trevas. Aquele pensamento me torturava, saber o quanto ele iria querê-la. Ela era o alvo perfeito para a sede doentia de qualquer comensal, bela e vulnerável, tudo nela era tentador como um convite, sua inocência, sua bondade, sua personalidade teimosa... contemplar cada detalhe mentalmente era sempre um desconforto, pois eu tentava a todo custo manter minha indiferença, mostrar o quanto eu não me importava com ela apesar dos meus esforços e comprometimento.

Ouvir Trilha: https://www.youtube.com/watch?v=v3ACl2GyNM4

              Mas mais eu tentava mais ficava evidente, pelo menos pra mim, o que já era insuportável, o quanto eu estava dependente dela, da segurança dela. A mera idéia dela estar em perigo me deixava louco, acordando meu instinto de comensal. Eu nunca sentira essa ânsia por justiça antes, nunca houvera nada de tanta importância pra mim antes.... Agora eu estava totalmente enfeitiçado, vulnerável pelo medo de perder– la,  mesmo sabendo que ela nunca seria minha.
- Tá distraído, Malfoy? – ela debochara, tentando reverter sua vulnerabilidade com uma provocação sem sentido.
         Só então eu me tocará que realmente estava distraído, novamente confuso e perturbado com o poder de suas feições, que eu parecia notar pela primeira vez depois de cinco anos, tão perfeitamente delineadas. Era uma ruiva de tirar todo o fôlego só ao passar, tudo nela puxava com um magnetismo quase irresistível, mas fingia modéstia sempre mantendo os cabelos presos, como se soltos pudessem causar um incêndio, mas ela sabia, não tinha como fingir para mim que notava a menor linha de expressão do seu rosto.
       Eu podia ver com nervosismo contido, seus olhos brilhando de excitação, mas tentando esconder – se com outra intenção. Eu engolira em seco, tentando me controlar, pois até a forma que mentia me provocava. Eu podia sentir sua respiração tensa e sua pele ficar mais quente com meu toque, podia sentir sua palpitação e como ela queria fugir e querer mais daquilo ao mesmo tempo. Sabia que ela nunca tivera qualquer tipo de treinamento de luta, mas não era só isso...
          Algo estava acontecendo entre a gente, algo que não fazia parte dos planos. Uma conexão silenciosa, onde eu percebia seu corpo chamar e não conseguia me afastar... alegando que isso tudo era por ela...Para não admitir que eu também precisava daquela sensação, daquela aproximação, da energia que exalava em nossos corpos, arrepiava nossos poros sempre que estávamos juntos. 
         Mas nunca poderia explorar aquilo, aquela sensação, o que é que fosse, não importa o quanto eu quisesse....Eu constatava novamente ao solta – lá e dando as costas para apanhar a toalha e secar o rosto, enxugar minha cabeça do assédio mental, criando espaço seguro novamente entre a gente, pois mais percebia a integridade de sua natureza perfeita,frágil e inocente como de um cervo,mais era evidente que eu nunca a mereceria. Eu era um Malfoy. Meu nome carregava Trevas, o melhor que eu podia fazer por ela era ensinar o que eu sabia e sumir de sua vida.
          Sumir de sua vida.... Me afastar dela já era difícil, minha preocupação era constante e cada vez que eu deixava minha guarda baixa, era preciso restaura-la de forma fria, pois eu sabia que ela teria muito menos resistência que eu, talvez nenhuma, ela não fora treinada como eu, era ingênua, pura.... Ela cairia muito fácil de cabeça naquilo... O que é que fosse... Não porque ela fosse fácil, porque não era, eu sabia que ela era muito difícil, vira James e outros correrem atrás dela por anos.
           Mas porque aquela conexão era intensa demais... Sempre sentira Uma energia diferente vindo dela, algo na aura dela que não sentia nos outros, agora aquela aura era cada vez mais irresistível, me fazia sentir fisgada de algo que eu nunca sentira realmente, um medo covarde, de me aprofundar em que é que aquilo fosse, por mais tentador que fosse.... Medo pois aquilo seria o fim dela, e o fim dela seria o meu fim.
- uuu tão sério hoje. O que foi?
- Nada Evans. Apenas que você já devia ter progredido mais. – eu tentara parecer casual ainda de costas, sabendo que uma mera crítica já seria suficiente para distraí-la. Sua defesa começara imediatamente e eufórica, como de costume irritantemente orgulhosa e Grifinória.
- O que? Você está brincando! Eu progredi muito, ontem eu te derrubei três vezes! Hoje você só venceu por sorte, mas se você duvida vem cá!
- E sua magia elemental? Você não conseguiu dominar o fogo ainda. – eu a lembrara simplesmente acabando com seu entusiasmo infantil, ela finalmente abaixara a guarda parecendo pela primeira vez afetada. – Eu me pergunto como uma Grifinória cheia de fogo que nem você poder ter tanto problema assim para manuseá lo.
- O que quer dizer com isso? Cheia de fogo?- ela questionara como sempre levando pro lado pessoal. 
- Fogo. Entusiasmo. Determinação.  Coragem, impulsividade, talento, inspiração... fogo – eu respondia fazendo o cálculo na minha cabeça enquanto analisava a ruiva.
- Quer parar de me analisar? Talvez eu seja uma pessoa sem fogo... Dumbledore disse que eu posso ter desequilíbrio em alguns elementos.
- É ,claramente... – então uma outra idéia surgira, meio arriscada mas provavelmente teria efeito.
- Por que esta sorrindo macabro?
- Tem outras formas de provocar o fogo... Pela raiva ou... desejo.
- Que? Me deixe com raiva então, isso deve ser fácil para você.  – ela dissera nervosamente com a cara mais vermelha que os cabelos e eu prendera o riso, obviamente a outra alternativa era muito mais fácil. 
- Olha sua cara parece que já está pegando fogo. O que foi, te deixei constrangida?
- Constrangida por que?! – ela gaguejava ficando cada vez mais vermelha o que quase me fizera rir.
- Parece até que nunca... James nunca foi muito longe com você não é? Eu achei...
- Quer parar? Não vamos envolver minha...privacidade ou James.... OK?
- Agora eu entendi seu problema, sua falta de fogo. Você é inibida, cheia de pudor, coitada...
- O que?! Não é nada disso tá bom? – ela protestava alterando– se cada vez mais ao ver que eu tirara a camisa soada de forma ágil jogando no chão. – O que é agora ? Vai me seduzir com seu tanque soado? – eu rira. Realmente era muito fácil deixa– la nervosa, mas não o suficiente para pegar fogo já que ela ria com vergonha ao mesmo tempo conforme eu me aproximava com a agilidade ate prende-la contra a árvore.  – Ahhh... Acho que você está se aproveitando da situação. Ephram?
- Está sentindo, não está?  O fogo... A energia entre a gente... É quase densa. – podia parecer uma cantada barata, mas era apenas a realidade da forma mais simples de ser apresentada. – Eu só acho que será uma perda de tempo te irritar quando já existe essa energia, você só precisa perder  o medo do seu próprio fogo, e aprender a canalizá-lo da forma que precisar.
- E como eu faço isso mestre Yoda?- foi quando a resposta me parecera descarada demais para ser dita em voz alta e eu acabei  rindo de lado.
- Agora como posso responder sem parecer um aproveitador?
- Apenas diga.
- Cedendo? Ao seu próprio desejo?
- Que desejo?! Tá louco!?
- Shiu calma – eu rira tentando contê-la,prendendo-a ainda mais ao meu corpo. – É sério.  Olha tudo bem. Não precisa se sentir Constrangida, é normal se sentir atraída por mim...
- Você é extremamente convencido!
- E você extremamente orgulhosa. Orgulho é um bloqueio, não é disso que você precisa Evans. Considere como um... experimento. – eu podia ver que ela estava surpresa, não esperava por aquilo e eu também não achei que cederia a tentação mesmo que a desculpa fosse verdadeiramente genuína. 
        Então eu beijara seu rosto com delicadeza e ela tremera com o toque ou temor, não sei dizer quanto ela estava confiando em mim, eu mesmo temia por ir muito longe. Enquanto enumerava os riscos novamente eu beijara-lhe o outro lado da face, num ritual quase fraterno totalmente inconsciente do qual eu nunca repetira antes, beijara-lhe a testa com cautela, sentia sua energia esquentar-se a cada gesto e eu me esforçava o máximo para manter o foco.
- Eu sei que você consegue sentir, porque eu também sinto. – eu acariciara sua mão direita com um toque leve e percebia que estava certo sobre tudo, o problema eram as conseqüências possíveis.
       Então sem pensar novamente eu beijara sua boca, o toque com seus lábios me fizeram esquecer toda complexidade que nos envolvia, a guerra para qual nos preparávamos, todas os valores e regras que dominavam minha vida. Tudo que era tão importante evaporava ao beijá-la, como consumidos pelo fogo tanto tempo contido. Quando finalmente eu conseguiria reunir consciência para interromper sutilmente aquela dose de perigo, ainda relutante ao notar seu desequilíbrio.
- Olha. – eu dissera baixo mostrando Sua mão agora segurando acima de sua palma com energia, uma mini bola de fogo deformada, porem algumas folhas da árvore atrás dela estavam pegando fogo. Seu olhar agora brilhava entre o constrangimento e a realização.  – viu? Estou sempre certo.
          Seu belo sorriso e olhos esmeraldas foram a última imagem antes de Ephram Malfoy acordar sobressaltado e soando frio no maior quarto da Mansão de Alexandre Braxas Malfoy. Sentirá seu peito doer com as palpitações fortes. Fazia muito tempo que não sonhava com ela, e aquilo era mais que um sonho, era uma lembrança real e bem dolorosa. Ephram encarava a escuridão com raiva sem saber no que acreditar, sua razão ou coração. 
“Não poderia ser ela... Não poderia”

              Na torre mais bonita da mansão de Alexandre Braxas Malfoy, Hermione Granger sentira a claridade do sol invadir o quarto medieval de tons rosa e pastel, e tocá-lhe as pálpebras que abandonaram sua serenidade. Sentira uma alegria rápida estranha esboçar-se em um sorriso antes de abrir as íris castanhas e encontrar no teto do quarto as rosas e caras de anjos infantis pintados à mão.
         Hermione respirara fundo antes de levantar em um pulo da cama gigante e dos tentadores lençóis de seda. Espreguiçara-se o máximo que pôde de frente para janela ensolarada, sendo imitada por Bichento, encarando os jardins da propriedade, questionando a si mesma novamente.
          “Por que afinal está sorrindo Hermione? Em que realidade você se encontra? Uma onde não está ocorrendo uma guerra provavelmente”
          Então debochando dos próprios pensamentos tentara lembrar do que sonhara... Já estava acostumada com os sonhos e visões constantes com Lilian e Epham, e sabia que estavam no seu ultimo sonho, mas o conteúdo completo não conseguia lembrar, era muito confuso, lembrava-se apenas de uma sessão de luta entre os dois e uma troca de olhares muito intensa.
       Um olhar muito verde e deslumbrado, que lembrava-lhe Harry, provavelmente os olhos de Lilian Evans. E um olhar negro sob fios loiros claros, um olhar perturbado e intrigado, provavelmente de Ephram. Mas por alguma estranha razão não conseguia lembrar mais nenhum detalhe daquele sonho... Apenas uma estranha agradável sensação de conforto da qual não gostou nenhum um pouco.
           Afinal, Hermione ainda estava decepcionada com Ephram, ou talvez consigo mesma, por ter se deixado acreditar que poderiam ter uma relação agradável, por esquecer de vê-lo como  Comensal da Morte, um Malfoy... Lembrava-lhe quando Gina a acordava para realidade, debochando de seus delírios inocentes. “como você pode ser tão ingênua e burra Hermione?”
        Realmente como poderia... Ainda? Mas acreditava ter finalmente aprendido a lição, se a ultima e terrível lição com Malfoy servira de alguma coisa era para isso. Realmente ele tinha razão, ela confiava demais, se iludia fácil, e tinha que abandonar essa ingenuidade de vez se queria sobreviver e não poderia abandonar todo o treinamento agora, tão perto de conseguir as informações que precisava, não teria ido tão longe para desistir agora...
          Hermione terminara de se vestir com seu uniforme de luta improvisado com muito orgulho, de firmar os cheios cabelos castanhos num rabo de cavalo bem apertado e desceu para o salão de luta para começar a musculação, mas encontrou surpresa Ephram afiando a espada de esgrima com um semblante distante observando os terrenos da propriedade. Ele logo se ajeitara guardando a espada com pressa ao notar a presença da castanha.
- Acordou tarde. – dissera o Comensal como uma crítica fria.
- Foi? Não foi você que acordou cedo demais? – Hermione retrucara com um sorrisinho sarcástico. –Fala sério acabou de amanhecer...
- Amanheceu faz uma hora Granger, vamos... Conhece a rotina.
          Ephram indicara os objetos de musculação para a castanha, que conhecia a rotina muito bem. Dez sessões de 20 em cada uma delas, no mínimo, antes de partir para luta com Ephram, que só terminaria se fosse capaz de derrotar ele. No início era uma tarefa impossível, mas com tempo ela ia se aprimorando, tinha vezes que tinha sorte e conseguia com dificuldade derrubar o comensal, mas outras vezes poderia durar horas até desistir após ser derrotada tantas vezes.
           Porem, conforme as horas passavam, Hermione percebia um silencio muito desconfortante entre os dois. Ephram estava definitivamente estranho, ela notara conforme se defendia com facilidade até demais de seu ataque. Ele parecia ter perdido parte da motivação em atacá-la o que não fazia o menor sentido para castanha, que revidava e atacava com determinação um comensal perturbado. Talvez, se é que era possível, Ephram estivesse um pouco arrependido do que fizera? Não... Hermione concluira enxugando o suor da testa após desviar-se novamente com muita facilidade. Mas Ephram definitivamente não estava bem e isso já começava a irritá-la.
- Tá distraído Malfoy? – a castanha perguntara com um tom aborrecido e nada amigável, e surpreendera-se ao ver que afetara o comensal como um soco na cara. Ephram que ainda segurava a castanha em um golpe a encarara com raiva por um segundo, antes de solta lá com tanta força que ela caíra de mal jeito no chão. – Aii qual é o seu problema hein?
          Ele também não sabia qual era o problema, pelo menos não tinha noção o que dera origem a esse enorme problema, aos seus delírios impossíveis, alimentados por seu parente morto louco. Ele enxugava a cabeça com uma toalha, de costas para a castanha, querendo limpar seus pensamentos e afogar sua irritação e desconforto.
          “Merda! Como isso acontecera afinal!? Calma, isso é apenas delírio! Não existe a menor possibilidade! Destino não poderia ser tão cruel assim! Não faria ele passar por isso duas vezes, não a perderia duas vezes! Não seria justo muito menos com ela!  Isso é apenas o pior assedio mental pelo qual já passara!”
         Era mais fácil pensar assim, Ephram estava bem familiarizado com os assédios mentais e depressão, ele vivera nessa bolha por anos, até aquela noite nos terrenos de Hogwarts quando a encontrara, e um novo proposito...
- Malfoy?
         Mas isso já era demais... Não poderia ser ela... Mas como poderiam ser tão parecidas? Era parte da maldição? Ou era parte da maldição dele? Ele encarara o anel de Slytherin em seu dedo com pesar.
-Malfoy! Quer saber? Talvez esse treinamento já tenha chegado ao fim, como você disse eu estou pronta, já provei que posso me defender e você nem está motivado mais. –Hermione dizia tirando as luvas de couro e jogando no chão com impaciência.
- Ei! Por acaso isso é brincadeira pra você? - Ephram finalmente prestara atenção na castanha que começava a sair da sala obviamente chateada, ela se virara com irritação e jogara na cara.
– Depois de todo esse tempo acho que já ficou claro que você nunca vai confiar em mim e falar sobre a Lilian ou Sépia das Pedras, estou apenas perdendo meu tempo. Minhas visões são muito mais reveladoras que você então desisto, valeu!
- Ei! – ele exclamara novamente ainda imóvel fazendo Hermione girar nos calcanhares de novo.
- Ei? Você esqueceu meu nome por acaso? – ela questionara ofendida novamente. Sempre irritantemente ofendida com qualquer detalhe, como Evans, Ephram constatara novamente ao respirar pesadamente para adquirir alguma paciência.
- Granger! Quanto a essas “visões”...
- Ah agora eu devo me abrir sobre minhas visões com você? – a castanha o cortara irritada.
           A mesma irritabilidade, agressividade teimosa... Era torturante demais. Hermione vira com estranheza as íris de Ephram intensificarem-se com mais raiva, como tentando controlar uma ira muito grande. Ela não podia ver que a raiva era o calor que borbulhavam seus órgãos, as entranhas do comensal com crueldade, como que zombando dos seus desejos mais profundos quando há tempos já tinha desistido de sonhar, anos que já havia se conformado, se convencido de que estava morto. Agora aquela idéia lhe torturava em segredo, consumindo-lhe de sentimentos há muito tempo abandonados.
- Exatamente de que ângulo você observa minhas memórias passadas, hein? Posso saber? – Ephram perguntara desconfiado tentando ignorar sua impaciência e ainda mais intrigado ao observar o silencio desconcertante de Hermione que respondera com fingida confiança.
- Eu observo... De bem longe é claro... Como uma espectadora de uma ópera bem entediante. E por que diabos você parece que vai ter um troço agora acada palavra que eu digo? O que você tem afinal?
- Além da vontade de te entregar de vez para Voldemort e me livrar das suas perguntas inconvenientes e estressantes?
- Sim, além disso!?
- Nada...
- Que seja, eu vou descobrir o que devo por conta própria então...
- Não seja idiota Granger!
- Não, chega! Cansei de você me enrolando por anos enquanto meus amigos morrem lá fora! Eu não entendo por que não recebo nenhuma resposta de ninguém ate hoje. Eu perdi total noção da realidade aqui e ate agora não sei nada! Eu disse que não aceitaria mais isso...
- Espera Granger! – Ephram chamara novamente contrariado. – Pegue sua capa e sua varinha e me encontre na saída.
- Outra simulação inútil?
- Não. Eu vou te contar tudo... – Hermione finalmente sentira um frio no estômago e na espinha e uma ansiedade. – mas precisamos sair um pouco daqui. Essas paredes estão me assombrando...

              Epharam Malfoy prendia a sela de seu corcel negro com um pouco de nervosismo. Suas mãos tremiam de leve por baixo das luvas de couro como se sofresse os primeiros sintomas de alguma doença neurológica, ele notara com irritação e fechando os olhos e os punhos com força enquanto respirava fundo, tentando recompor a calma e a coragem.
         O fantasma de Alexandre Braxas Malfoy tinhabo semblante preocupado para com o sobrinho tataraneto, ele era talvez a única testemunha daquele estranho relacionamento e talvez o único capaz de entende os receios de Epharam. Braxas também acabara por nutrir um sentimento fraterno para com a castanha, assim como tivera por Lilian Evans, sempre enumerando para Ephram suas similaridades, praticamente convicto que de alguma forma se tratavam da mesma pessoa, da mesma alma.
          Mas isso era mais do que a mente calculistamente realista de Ephram estava determinada a aceitar. E Braxas sentia por ele, Hermione abalava sua estrutura improvisada após a morte de Lilian, que ele passara os últimos vinte anos tentando afirmar, a estrutura de um Comensal da Morte frio, isolado, desgarrado, sem ideais ou lealdade e sem coração.
        Ephram se acostumara com seu personagem e agora tremia de nervoso ao sentir novamente uma bruxa elemental abalar essa estrutura, talvez porque odiasse o pacote de sentimentos e expectativas impossíveis que vinham com ela, um sonho lindo adormecido, para pessoas não amaldiçoadas.
- Você realmente acha que a Mademoiselle está pronta? O que exatamente vai dizer a ela? Talvez seja muito para ela de uma vez, nem mesmo você aceitou ainda o que está acontecendo... Talvez eu possa ajudar...
- Não. – Epharam respondera o tio com firmeza. Essa recém adquirida e contrariada. Terminara de amarrar uma bolsa de viagem ao lado da sela. – Não importa se ela está pronta, tem que vir de mim, eu fiz uma promessa vinte anos trás que prepararia a herdeira para a Guerra, e não posso falhar de novo.
- Eu te entendo Ephram, mas não tenho certeza se aprovo seus métodos.
- Não temos mais tempo para perder. – Ephram respondera segurando o braço esquerdo com raiva conforme sua marca negra queimava ainda mais forte,  fechando os olhos de novo ao descer a manga da camisa preta. – Granger também já cansou de ser enrolada, se ela decidir ir atrás da verdade sozinha vai acabar morta e todo treinamento terá sido em vão.
- Eu só temo que ela... Não saiba lidar e recinta você e fuja de vez, como Evans fez. Ela ainda está abalada pela ultima lição na Floresta. Ela é tão sensível... – Braxas dizia pensativo realmente preocupado.
- Será escolha dela, não tem outro jeito, ela vai ter de encarar tudo alguma hora.
- Mas por quê lá? Você podia contar aqui, é mais seguro.
- Tem de ser lá! Se ela realmente for quem você diz que ela é... Esse é o único jeito de confirmar... Se ela lembrar...
- Com as lembranças também vêm os traumas, não se esqueça disso.  E se ela quiser ir embora você não pode perdê-la de vista, dê um tempo a ela, como Lilian precisou, mas não muito tempo.
- Eu sei. – disse Ephram contrariado finalmente subindo no cavalo conforme via Hermione chegar na frente da escadaria com uma cara confiante e sutilmente empolgada, que tentava disfarçar conforme amarrava sua bolsa ao lado da sela de Bellatrix II, uma égua preta de profundos olhos azuis que a esperava ao lado do corcel.
          Ephram demorara um pouco para desviar o olhar da castanha com indiferença. Ela exibia o quanto mudara na sua forma de andar. Um olhar escuro, levemente delineado e sombreado que passava confiança demais, totalmente diferente do olhar raivoso e vitimisado do qual conhecia. As madeixas castanhas pareciam mais longas que o normal e caíam no ombro direito presos com uma fita vermelha.
            Suas vestes negras de batalha que ela mais gostava, a calça justa da qual podia pendurar sua varinha e punhais e o espartilho protetor por cima da blusa de manga longa, ele notava muito bem engolindo em seco, davam lhe uma imagem bem mais madura.
Sentira seu coração apertar quando seu olhar castanho encontrara o seu com um meio sorriso comprometedor. Aquele mesmo sorriso querendo força demais uma amizade condenada.
- Estou pronta, vamos?  - Hermione dissera com o sorriso do qual ela fechara rápido automaticamente se sentido infantil como se estivesse indo a uma excursão a Hogsmead.
- Vamos.
- Tenham uma ótima viagem vocês dois. Se agasalhe Mademoiselle Granger e não se esqueça de voltar. – dissera Braxas Malfoy entregando a Hermione uma túnica de veludo bordô.
- Obrigada. Sr. Malfoy! Pode deixar, é claro que eu volto. Cuida do Bixento pra mim?
- Perfeitamente. Ele é ótima companhia, para um gato... Abientô! – Hermione acenara com carinho para o fantasma do tio avô de Ephram só então percebendo quão estranha e inacreditável era essa cena, onde um Malfoy acenava para uma sangue-ruim com tanta consideração. Ninguém acreditaria nisso, ela pensara.
      Ephram e Hermione cavalgaram por toda manhã praticamente em silencio por terras e vilarejos praticamente desertos, dando poucas paradas para os cavalos se recomporem.
- Posso saber onde estamos indo e por que não aparatamos? Não seria muito mais pratico? – Hermione dissera algum momento quebrando o silencio hipnótico e a conversa secreta que Ephram tinha consigo mesmo.
- Seria se fosse possível, o lugar é protegido contra magia normal...
- E você só vai começar a falar quando chegarmos... Onde mesmo?
- Você vai ver logo. – respondera Ephram indiferente subindo de volta no corcel.

Ouvir Música: https://youtu.be/F5PB4bwrYCU

            Hermione, apesar da ansiedade, não estava odiando a viagem. Na verdade o que ela mais queria era ver o que estava acontecendo no mundo exterior, mas o que encontrara por todo caminho era o que mais temia, um rastro de morte e fogo. Cada vilarejo por qual passavam parecia assombrado apenas pelas almas que antes viviam ali, o resto era chamas e cinza. Hermione podia sentir o medo ainda pairar no ar, imaginando os gritos das pessoas que viam seus familiares serem executados, o rastro de sangue e luta daqueles que tentaram salvar suas vidas.

Every soul comes to the Sun
(Toda alma vem do Sol)

- O que é aquilo? – a castanha perguntara com a voz embargada apontando para uma linha de fumaça no fim do vilarejo.

Carried on angel's wings to human bun birth
(Cuidada em asas de anjos ao nascimento humano)

           A fumaça subia de forma densa e bem escura indo de encontro a uma marca negra cinza e sem brilho no céu. A marca negra parecia que já havia sido conjurada faz tempo e o lugar parecia deserto, mas ainda maquiavélica e intimidadora, a caveira cinza no céu parecia sugar e comer toda a fumaça como se estivesse viva.
– Malfoy?

Born of love or born of hate
(Nascido do amor ou nascido do ódio)

- Corpos... Vamos por aqui..  – dissera Ephram com indiferença, mas mirava o rastro de fumaça com pesar.Logo girara o corcel na direção contraria, mas vira Hermione passar por ele com agilidade em direção da marca negra. – Granger!

Each one is heaven sent to human fate
(Cada um é o céu enviado para o destino humano)

           Ao ser ignorando Ephram cavalgara com agilidade atrás dela e parara o corcel negro na frente do caminho da castanha, fazendo Bellatrix II freiar com brutalidade fazendo Hermione quase cair pra trás.
- Você é imbecil? Isso não é uma excursão pelo vale da morte!
- Alguém pode estar vivo precisando de ajuda!
- Não tem mais nenhuma alma viva além da gente aqui, se tivesse nos não passaríamos nem perto daqui. Tem um preço pelas nossas cabeças em todo mundo mágico, já disse.
- Eu preciso ver...! – Hermione gritara com lágrimas finalmente sentindo seu emocional explodir. Ephram revirara o olhos percebendo que a castanha já começara a perder o controle emocional.

“Dream, Little girl, dream
Dream, Little boy, dream
Dream”

- Me escuta! Você não vai achar nada lá além de vermes comendo carne podre de pobres trouxas que não conhece. Não tem nenhum amigo seu de escola ou da Ordem da Fênix lá.

In joy and pain each one will grow
(Na alegria e na dor, de cada um vai crescer)

- Como você sabe!? – Hermione questionada ainda com a cara vermelha de tanta força que ela fazia pra não chorar.
- Isso é obviamente uma oferenda para Voldemort, que deve estar cada vez mais fraco se está precisando de tanto.Nem se incomodam em nomear as vitimas. Bruxos inimigos é outra história, são executados em um evento comemorativo e seus corpos seriam conservados e expostos por muito tempo em todo mundo mágico como exemplo de quem o desafia.– dissera Ephram simplesmente com certo rancor e virara para castanha.

For wisdom is so much more than what we know
(Pois a sabedoria é muito mais do que aquilo que sabemos)

– Acredite, se não viu seus amigos ainda pendurados numa estaca pelo caminho, é na verdade um bom sinal... Agora vamos por aqui, antes que você Vomite.

And every child will find their way
(E cada criança vai encontrar o seu caminho)

            Contrariada, Hermione dera volta com Bellatrix II seguindo Ephram com agilidade pra longe daquela região. Agora o silêncio era os pensamentos e sentimentos em conflito e pesar na mente da castanha que substituíram o seu tão breve entusiasmo.

Of living the whole life story day by day
(De viver a história dia-a-dia da vida inteira)

         Sentia um frio na espinha e uma dor abdominal ao pensar nos amigos, temia por suas vidas e fazia força com os olhos fechados, respirando fundo quase todo o resto do caminho, tentando impedir a angustia de crescer e se tornar um ataque de pânico. Meditara, mantendo o foco num ponto de luz como aprendera e abrira os olhos novamente com mais auto-controle.

“Dream, Little girl, dream
Dream, Little boy, dream
Dream”

            Quando começara a cair a tarde e Hermione já reclamava mentalmente de dores musculares, Ephram a guiara para o topo de uma colina onde eles podiam ver o sol começar a se pôr, deixando o céu laranja e rosa e a paisagem de colinas e lagoa agora dourados, mas antes que a castanha pudesse dizer o quanto o visual era deslumbrante notara um magestoso castelo de pedras e cristais materializar-se numa ilha no meio do lago.
- Chegamos.... – dissera Ephram virando-se para ver a surpresa de Hermione, ele sabia que aquilo com certeza era a visão mais incrível que ela tivera. – Bem vinda à um dos mais Legendários Tesouros Secretos do mundo bruxo.

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⏰ Última atualização: Mar 23, 2019 ⏰

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