Além das estrelas

Capítulo 1

 Antes de tudo acabar

9.990 anos antes…

“Está em toda parte, é como se o mundo estivesse louco.”- Diz o apresentador da tv.

- Nós destruímos tudo, nada mais justo do que revidar.- Diz mamãe sentando no sofá com Oliver,meu irmãozinho de apenas 1 ano.

- Infelizmente não acho que seremos poupados.- Diz meu pai.

Mesmo tendo apenas 10 anos, consigo ver as rugas de preocupação que surgiram nos olhos do meu pai, a uma semana atrás não estavam lá.

Tudo começou no continente asiático, uma onda de 20 metros atingiu todo o continente, e boa parte da europa, poucos sobreviveram. 3 horas depois um terremoto de magnitude 10 atingiu a América do sul,um dia depois chuvas de pedras de 30 cm estão caindo na África. 

Os países se recusam ajudar uns aos outros, os poucos que sobreviveram estão lutando para não morrer de fome, por enquanto apenas a América no norte e a Austrália não sofreram nem um tipo de dano. E a pergunta que todos se fazem, o que a natureza está  guardando para nós, afinal não pode ser tão pior do que aconteceu com nossos vizinhos.

-imigrantes da Europa,Ásia e América do Sul tentam a todo custo entrar em nosso país, o presidente irá falar agora.-  Diz novamente o apresentador.

" Não sabemos o que está acontecendo, não sei se é o fim do mundo, ou quem sabe uma guerra, mas acho difícil já que parece que ninguém está sendo poupado, sabe se lá Deus o que está por vir. Nos americanos precisamos cuidar um dos outros, a comida não irá durar pra sempre, água talvez não será mais  potável, então façam estoque de comida, água tudo o que puder, cuide de Seus filhos e que Deus nos protejam ."

" Todos os não americanos que tentarem entrar no país seram mortos sem piedade, o exército americano já estão a postos e seguiram minhas ordens, se esconderem refugiados, serão mortos o refugiado e seus protetores, boa noite a todos.

Então os reportes ficam loucos querendo mais respostas, mas o presidente apenas virá as costas e vai embora.

- Misericórdia.- Diz minha mãe com a mão sobre a boca, olhando a assombrada para o meu pai.

- Papai estou com medo.- falo indo pro seu colo e me aninhando.

- Fique calma minha estrelinha, não deixarei nada acontecer a você e seu irmão.

Mas pela primeira vez ninguém acreditou nas suas palavras.

 

                       Suntarks

- Como ela está Alter?.- Pergunta um homem de meia idade, com uma coroa brilhante em sua cabeça.

- Está tudo certo majestade, a garota é forte, tenho certeza que irá sobreviver.- Diz um homem calvo com óculos enormes no rosto e um jaleco branco , ele tem um sorriso gentil, tipo dentista quando está prestes a me dar anestesia, esse não me engana.

- Papai quem é ela?

Então eu vejo um garoto, provavelmente da minha idade, igualzinho ao homem com uma coroa brilhante, mas esse ao contrário do pai, tinha uma menor sob a cabeça,mas não deixava de ser  bonita.

Com um medalhão no pescoço com o sol e a lua gravados, suas vestes são entranhas, parecem medievais, para um garoto, tenho que segurar para não rir.

Olho ao redor e vejo que estou em uma sala médica do tipo pôs cirúrgico, estou deitada em uma cama e não tem uma janelas e apenas uma porta. Só estamos nós quatro no quarto.

- Mas tinham que ser crianças?ela parece ser tão frágil... - Então o homem com várias coisas brilhates olha pra mim novamente. Ele tem olhos azuis  escuros, alto e com cabelos loiros  tão claros que poderiam passar facilmente por brancos.

- Quanto menores melhor Majestade, assim talvez esqueçam da terra e tudo que aconteceu.

- Onde está meu pai?.- Pergunto falando pela primeira vez.

- Oi criaturinha, não se preocupe você irá vê-lo daqui a pouco.- Diz o doutor.

- Mas eu quero ver ele agora, ele fica triste se ficar sem a estrelinha dele.- Falo com minha voz infantil.

- Pela primeira vez fico feliz em não ter sentimentos, faça isso logo Dr.Alter.- Diz o rei indo embora levando o garoto que não conseguem esconder a curiosidade enquanto olha por cima do ombro para mim.

- O que aconteceu com as orelhas dela?.- Escuto ele perguntando  para o pai, então a porta é fechada.

No mesmo instante toco minhas orelhas, elas parecem estar normais...

- Não me deixa aqui, eu quero o meu pai.- Falo tentando me levantar, mas acabo caindo novamente na cama.

- Desculpe querida, você é um mal necessário, Ângela, Bridget venham até o quarto 15, vou precisar de vocês e trazem o soro 167AD. - Diz o Doutor em um interfone.

Não se passa nem um minuto e as mulheres que ele chamou chegam  carregando em uma bandeja um saco plástico com o soro.

Tonta eu observo eles se aproximarem da minha cama.

- Não por favor, Papai.- Grito em vão.

- Como eu disse, você vai ver o papai agora.-  Somente quando eles chegam perto o bastante, que eu consigo ver as orelhas pontudas, antes mesmo que eu consigo raciocinar o que eu vi, meus olhos vão se fechando e tudo vai desaparecendo.

Abro meus olhos e estou no meu quarto,olho pro lado e está exatamente como sempre foi.

Salto da minha cama e corro pro quarto do papai e da mamãe. Quase morro de alívio quando vejo eles dormindo na cama.

- Papai, papai acorda.- Eu falo subindo na cama e o sacudindo.

Então ele vira pro lado e vê as horas.

- 3 da manhã estrelinha, não me diz que perdeu o sono.- Meu pai fala com a voz sonolenta.

- Papai, eles querem me levar, o doutor do mal, o rei e filho dele que tem um medalhão no pescoço e papai eles tem orelhas pontudas.

- Caramba estrelinha, dessa vez sua cabecinha voou longe em.- Ele diz rindo.

- É sério papai, temos que avisar o presidente, talvez sejam eles os responsáveis pelos ataques.

Então papai se sentou na cama e me perguntou quais ataques. E mesmo depois de eu contar tudo que aconteceu, os tsunamis,  os terremotos e até a ordem de matarem quem tentasem entrar no país, ele não acreditou em mim e no lugar do sorriso, surgiu um semblante de preocupação.

- O que acha de dormir em estrelinha? E amanhã vamos visitar uma amiga.- Ele diz me levantando e me levando pro quarto.

- Que amiga?.- Pergunto curiosa.

- Você vai gostar dela, ela vai adorar ouvir tudo o que você me disse. - Papai me fala me cobrindo com a coberta.

- Mas eu não quero falar com ela.- Eu falo segurando o choro.

- As vezes meu amor, temos que fazer coisas que não queremos, mas que irá nos fazer bem, agora dorme estrelinha.

E nunca mais esqueci aquela noite, e as consultas diárias a uma psiquiatra diz que meu pai também não.