He walked away

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Nunca esperei muito da vida. Sempre que eu esperava eu me depcionava. Eu esperava coisas simples, lealdade, reciprocidade, companheirismo... Geralmemte eu recebia um "Estou ocupado agora". Eu sempre movi tudo o que pude pra ajudar pessoas, mas confesso que cansei de respostas evasivas.

Foi tudo muito bom. Bom demais pra ser duradouro. Eu namorei, eu casei, engravidei e perdi o bebê. Eu superei eu segui em frente assim como segui em frente com todos os meus problemas do passado. Geralmente o reconhecimento vem de longe. Pessoas estranhas que dizem "você é muito forte e corajosa", mas nunca vem de onde você realmente precisa ouvir. Eu assinei o contrato, o maldito contrato. E acreditei nele e que ele seria minha recompensa por tudo que eu passei até hoje.
A maior dor que senti até hoje foi a de perder alguém que eu amo e seria sempre assim independente se fosse um amigo, um irmão, uma mãe, um filho ou um amor. Toda perda dói e cada um de nós lidamos com ela de maneiras difetentes. Eu, no meu caso mudei o método. Antes eu sofria e me culpava e tentava superar, mas entendi que ignorar é mais fácil. Como eu faço isso? Você vai ver.

Eu superei meus obstáculos aqui na Coréia. Fiz coisas que eu não imaginava fazer. Encontrei pessoas que jamais pensei que fosse encontrar e ainda cultivar em minha vida. Comecei como a moça do cafezinho e depois a Assistente Pessoal. Fui promovida á namorada e depois noiva. Por fim, esposa. Era inverno, o segundo inverno que passei sozinha. Eu me vi numa situação inimaginável. Ele não me amava mais. Não me queria mais e não se preocupava em deixar isso extremamente claro pra quem quisesse ver. Eu tentei consertar várias vezes mas ele foi mudando as respostas gradativamente. Nas primeiras vezes ele dizia "estou ocupado, sinto muito", depois mudou para algo tipo "estou cansado preciso do meu tempo", e então "para de reclamar! Não está feliz vá embora!" E por fim "Faça o que quiser, só não me incomode ". Quando eu disse que perdi o bebê ele mudou. Como se junto com a criança o amor e consideração também tivessem ido embora.

Eu: foi minha culpa! Eu sinto muito.

Nam: não é como se eu me importasse de fato. Não era pra ser. Talvez seja um sinal - dizia sarcástico.

Sempre assim o final das conversas.

Ele mudou e eu não conseguia entender. Até que um dia eu juntei minhas coisas e sumi.

Eu fui embora pra Daegu, uma cidade média mas você poderia encontrar campo e tranquilidade se soubesse procurar. Decidi construir um pequeno Café ao estilo francês, pequeno, calmo e vintage. Eu tinha apenas uma jovem de 15 anos trabalhando no meu comércio pois era de fato pequeno. Eu fazia panquecas, tortilhas, sucos, cafés especiais e isso era o suficiente pra mim. Aquele era meu pequeno e secreto deleite. Evitei contato com qualquer um do meu passado, de modo que eu pudesse ser uma nova pessoa.

JiSoo: Senhora, estamos quase fechando e está um pouco tarde posso ir embora?
Eu: Se não quer trabalhar não precisa voltar. - JiSoo era uma jovem de 15 anos, muito educada e submissa, tão submissa que me dava raiva. Ela estava em período de provas e pedia 5 minutos pra estudar e é claro que eu não lhe concedia esse tempo - Se você precisa alimentar sua velha então faça seu trabalho. Se quer estudar então seu lugar não é aqui.

Eu era jovem mas me portava como uma idosa má e amargurada. JiSoo, coitada, suportava tudo para alimentar sua velha avó a única pessoa de sua família. Mas não sentia um pingo de dó.

JiSoo: por favor senhora, eu apenas preciso terminar os estudos e me dedicarei a você! Eu prometo passar a noite toda aqui mas eu só preciso que essa semana eu tenha 5min pra estudar - JiSoo puxava a barra do meu avental e implorava, quando perdi meu controle total e bati na cara dela com tanta força que a menina não soube reagir.

Eu: vá embora! Vá antes que eu continue a te bater sua menina mimada! - a menina saiu de cabeça baixa e quando lá ia fechandoa porta eu gritei pra ela - Jin Ji Soo você não precisa voltar mais que você e aquela velha morram de fome!
A menina chorava de dar dó. O bairro já sabia que eu era assim por tanto evitavam conversar comigo.

Quando terminei de fechar o café, fui pro parque ler. Esse sempre fora meu passatempo e provavelmente faria isso até o final de meus dias. Eu ficava durante a noite num banco de madeira sob a luz amarela de um poste de ferro, atrás tinha areia e escorregadores e era nesse lugar que eu passava parte da noite. Eu lia e lia e lia, e quando me cansava ia pra casa. Era um beco estreito que dava numa rua de paralelepípedos e minha casa ficava lá.
Meu cachorro sempre vinha me receber feliz e eu o acariciava rapidamente, tomava um banho e dormia. Essa era minha rotina e eu estava satisfeita assim. Quanto menos tempo passasse acordada em casa, menor era a chance de pensar em minhas feridas. Eu não checava mais o celular pois sabia que haveria mensagens indesejadas lá. A mais amigável era do banco me oferecendo dinheiro.
E assim sucedia meus dias. Eu sou a Lee Yoon Mi. A mesma Yoonmi rodeada de pessoas felizes e cheia de luz que você conheceu há algum tempo mas hoje, hoje eu sou diferente. Eu deixei de acreditar nas pessoas e em suas palavras e seus sentimentos e me sinto melhor sozinha, pois assim não vou me decepcionar por esperar alguém que nunca vem.

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