Eu recebi uma mensagem de minha amiga Bong Le Na, ela eu fiz questão de ler pois ela raramente mandava mensagens e devia ser algo importante. Ela perguntou se não poderia morar comigo pois tinha saído da ilha de Jeju pra estudar e não tinha onde ficar. Foi muito de repente e não pude falar não. Ela não falava comigo há alguns meses e ela era a única que eu talvez eu não quisesse longe. Sua personalidade abobalhada, alegre e animada era tudo o que me fazia um esboço de sorriso no rosto, com uma alma e risada de infantil ela era a companhia perfeita pra me dar um pouquinho de luz nessa minha nuvem negra que me servia de casaco o tempo todo e pesando em minhas pernas e ombros.
Depois de uma semana ela chegou e trouxe sua pequena mudança e se estabeleceu no quarto vago. Dito e feito, ela me trouxe alegria e companhia mesmo que eu não pudesse gargalhar em toda sua graça mas eu sorria e isso já era algo.
Enquanto eu trabalhava em projetos para o futuro, ela se sentava ao meu lado e conversávamos a noite toda e isso era maravilhoso. Aos poucos e conforme os dias passaram ela foi capaz de me trazer um pouquinho de vivacidade, mas nada comparado ao que eu era antes mas como eu ouvi uma vez, devagar e sempre.
Eu tinha finalmente conseguido finalizar um projeto de arquitetura para aumentar meu café de forma que não ficasse muito caro para meu bolso. Eu estava com dificuldades pra me mover pois num momento de raiva eu quebrei alguns copos de vidro que machucaram minha mão e pé direito então Lena sempre me ajudava a me levantar de cadeiras, subir escadas. Sozinha eu me virava mas com ajuda era mais fácil. Eu aceitei bem a companhia dela diferente de outras pessoas que faziam com que eu me sentisse sufocada. Ela estava sendo importante. Eu tive vontade, pela primeira vez em muito tempo de sair e divertir, comprar coisas, beber um chá, ir ao shopping... Coisa que eu tinha perdido totalmente a vontade, ela fez com que eu sentisse de novo e sou grata a isso.
Um dia enquanto conversávamos na cozinha, alguém bateu na porta e eu fui atender. Não tinha ninguém, apenas uma foto poraloid de mim mesma no café. Era um trabalho muito bonito de se ver mas bem estranho, coisa de stalker. Pensei que pudesse ser Sunmi com suas brincadeiras idiotas e então nem me importei ignorei e deixei lá.
Na noite seguinte aconteceu a mesma coisa e assim por diante, eu estava começando a me sentir incomodada com essa brincadeira de mal gosto. Cada foto, um lugar diferente onde eu me encontrava. Um dia ao invés da foto foi uma escrita
"Não tem que ter medo, eu só estou mostrando o quão linda você é e quer seu rosto merece virar arte, aprecie a si mesma em suas diferentes formas e você encontrará sua nova essência. Cada destruição é chance de uma nova reconstrução"
E aquilo me tocou profundamente e nem mesmo sabia quem era essa pessoa. No dia seguinte recebi outra carta
"Se você perdeu, é porque não era seu. Você se esforçou tenha a consciência limpa e saiba que o destino é inexorável!"
Eu estava ficando ansiosa com essas mensagens, não era Sunmi, ela não era tão espirituosa assim pra escrever esse tipo de coisa. Então comecei a espiar pela janela todas as noites no mesmo horário pra saber quem escrevia aquelas cartas e mandava aquelas fotos... Comentei com Lena mas ela apenas disse que era um admirador secreto, sem dar muita importância. Mas eu nunca fui do tipo que deixa as coisas pra lá e continuei de tocaia na janela, mas o maldito nunca apareceu um dia sequer!, mas suas cartas sim, elas sempre vinham. Até que uma noite quando eu voltava do mercado, vi um rapaz em um sobretudo bege e touca, entregar uns trocados e papel à uma criança, eu me escondi e fiquei observando a criança subir e deixar lá o papel e voltar ao estranho que já havia partido antes que eu pudesse perceber. Fui correndo até o menino e perguntei a ele quem era e porque estava fazendo aquilo.
Garoto: Apenas fiz o que me mandaram, senhora, não sei mais nada. Você não vai contar a minha mãe sobre isso vai?
Eu apenas mandei o garoto embora pra casa ele não saberia quem era... Na porta de casa estava a polaroid e a carta motivacional. E eu odiava admitir que gostava e que me ajudava e aquele mistério me ocupava a mente que geralmente só passava por coisas ruins do passado.
Eu estava determinada e resolvi espionar do lado de fora da casa mas nunca consegui alcançar o ser que fazia aquela intriga em minha mente. Ele rapidamente virava um beco ou cruzava uma rua e sumia.
Eu ia pro café trabalhar e quando Ji soo pedia pra ir embora eu apenas fazia sinal para ela ir, eu não perdia meu tempo atormentando a menina, eu estava investigando a pessoa que estava me investigando. Um dia eu quase o peguei, mas o desgraçado entrou numa loja e eu não pude encontrá-lo mais. Eu estava gostando no começo, sabe? Esse jogo de esconde esconde, mas já havia algumas semanas e eu estava irritada com isso e cogitei até mesmo pedir proteção ao policial local. Mas não fiz isso e se tivesse feito tudo estaria perdido, porque enfim, enfim eu descobri quem era. Mudei minha rota, e ao invés de ir de frente ao homem, fui por trás dele, e enfim quando ele entregou o dinheiro para a outra criança diferente e ele se virou pra sair andando foi surpreendido por mim que estava bem atrás dele. E a surpresa de ambos era gigante, ele não esperava ser pego, e eu não esperava que o admirador, perseguidor, stalker ou sei lá o que, era ninguém ninguém menos do que Kim Taehuyng
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Um Contrato Rompido
RomanceEla passou por cima de tudo e superou tudo. Mas até quando uma alma mutilada pode se apegar à bondade?