Em sua memória [Versão Nova]

Parte II

Ao estacionar seu veículo em frente à cafeteria, Jade abriu a porta principal e varreu o ambiente com os olhos, localizando seus dois amigos próximos à janela. Com passos rápidos, ela se aproximou com um sorriso espontâneo, sentindo-se mais calma ao revê-los e temporariamente esquecer do caso complexo em que estava envolvida.

Com duas horas livres antes de retornar ao escritório para concluir uma tarefa extra, Jade arrastou a cadeira pelo piso, lançando um olhar cauteloso para a rua como se sentisse que estava sendo observada.

— Um chocolate quente cairia bem. — Brincou Brandon. — Você parece um pouco azeda hoje.

— Talvez eu esteja mesmo. — Retrucou Jade, chamando a garçonete com um gesto de mão. Percebeu que ambos degustavam da torta holandesa. — Mas não estou com vontade de doces.

— O que houve? — Denise perguntou, preocupada. — Mais um caso complicado?

— Mais ou menos... — Jade considerou falar sobre homem misterioso com quem havia colidido, mas decidiu não mencionar o assunto, evitando trazê-lo para o âmbito profissional. — Ah, vou querer uma xícara de café sem açúcar e dois pães de queijo.

A garçonete anotou o pedido e se afastou para atender outras mesas antes de levar o pedido à cozinha.

— Por quanto tempo vocês vão ficar na cidade? — Perguntou Jade.

— Só até amanhã. — Respondeu Brandon, suspirando. — Tirei alguns dias de folga, mas tenho duas viagens programadas nessa semana.

— E o seu escritório? Vai ficar fechado? — Jade questionou.

— Meu sócio está cuidando de tudo.

— Deve ser cansativo. — Comentou Jade.

— Nem me fale. Estou atolado até o pescoço. E você, Denise? 

— Estou indo embora hoje à noite. — Denise estalou a língua entre os dentes, visivelmente insatisfeita. — Mesmo de férias, tenho outros projetos para revisar.

— Não me diga que seu chefe está atacado outra vez.

— Graças a Deus ele está calmo. Mas nunca se sabe. Ele é uma bomba-relógio. — Denise riu. — Mas meus projetos não têm relação com a empresa.

— Entendo...

Quando o pedido de Jade chegou, ela apreciou o aroma do café caseiro.

— O sonho das minhas amigas é o meu sonho também. — Brandon falou, lançando um olhar quase imperceptível para Jade.

Denise arqueou a sobrancelha, prendendo o riso.

— E coragem. — Comentou Denise, atraindo a atenção deles. — Coragem para arriscar, não é mesmo, Brandon?

O rapaz ficou vermelho ao perceber a indireta, tentando disfarçar sua evidente afobação. Jade não estava muito concentrada naquele diálogo.

Ao final da conversa, o relógio da parede marcava dezoito horas em ponto. Jade se despediu dos amigos na porta da cafeteria com um abraço afetuoso.

— Depois marcamos outro encontro. — Sugeriu Denise.

— Com toda a certeza. — Respondeu ela, virando as costas em direção ao seu carro enquanto os outros também fizeram o mesmo.

Ela não estava preparada para o que aconteceria duas horas depois.

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Quando as portas do elevador se abriram, Jade ficou chocada ao se deparar com uma cena inesperada no saguão do térreo: um corpo caído no chão e um grupo de homens armados e sinistros ao redor.