Capítulo 1 - A perda

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- Mãe, que saco!!! Para de me encher, o que tá acontecendo? A senhora ficou estranha do nada.

- Eu tô cheia disso tudo, tudo em cima das minhas costas e você não faz nada para me ajudar.

- OII???? EU NÃO FAÇO NADA?! EU VOU PARA ESCOLA, E DEPOIS EU AJUDO EM TUDO, AJUDO NO ESCRITÓRIO, NAS IDÉIAS PARA A EMPRESA... EU TÔ NO ÚLTIMO ANO DO COLEGIAL, EU TENHO QUE ESTUDAR TAMBÉM, QUERO ME FORMAR, SABIA? - respondo aos gritos

- EU JÁ LHE DISSE QUE O SEU FUTURO É TOMAR CONTA DA EMPRESA, E PONTO.

- NÃO, NÃO VOU FICAR DEPENDENDO DA HERANÇA DOS MEUS PAIZINHOS, NÃO! QUE DROGA, A SENHORA NUNCA ME ENTENDE!

Ela parou e respirou fundo, parece que ela estava se preparando para falar algo.

- Eu não entendo mesmo é o fato de você ser nossa filha, você não se encaixa e nunca se encaixou. Penso até que pode ter sido trocada na maternidade!

Aquela frase veio como uma faca afiada, em meu coração. As lágrimas começaram a descer, e mesmo que eu tentasse, com todas as forças eu não conseguia conter.

- Não precisa mais se preocupar, pode me esquecer. Hoje mesmo vou embora dessa porcaria.

Saí em disparada pro meu quarto, que nem sei se devo chamar de meu, ainda.

- Adeus, filha - ouço ela dizer. Ora " adeus, filha " tá louca, mulher? Tu fala a besteira, e ainda faz o drama?!

Okay, eu sei que irei voltar atrás, mas ainda tá muito cedo. O que ela disse me doeu, de verdade. Ela deve ter algum motivo, e eu sei que quando a poeira baixar ela vai se explicar.

Entro no meu quarto, e mesmo sabendo que vou voltar. Faço duas malas, com as minhas coisas, as mais importantes. Algumas roupas, sapatos, fotos, produtos de higiene, cosméticos, notebook, livros, minha máquina fotográfica, e os equipamentos que uso. Pego meus documentos, minha carteira e até meu passaporte. Tô tentando fazer com que ela se sinta culpada, espero que funcione, só um pouco.

Alguns minutos depois, termino de arrumar minhas coisas e mando uma mensagem para o Math, meu melhor amigo.

Mensagem On  

Chloe🐱‍👓: Ei amorzinho, tá a maior barra aqui. Posso chegar aí?!

Chloe🐱‍👓: Dessa vez o negócio foi sério😢

Math anjinho: Eita, meu pai amado.

Math anjinho: Pode sim, sabe que pode

Chloe🐱‍👓: Certo, vou só chamar um táxi. 

Chloe🐱‍👓: Me espera, e pede uma pizza enquanto isso 🍕🍕

Math anjinho: Triste o quanto for, mas sempre com fome, né?!

Mensagem Off

Pedi o táxi, e com uns 5 minutos, o mesmo chegou.

Assim que saio do meu quarto, minha mãe tá lá, me esperando, como se já soubesse todos os meus passos programados. Ela apenas me olha, e entrega um diário no qual há um ano atrás, eu escrevia diariamente nele.

Eu apenas pego o diário e saio, sem olhar para trás.

Entro no táxi e desabo, choro descontroladamente e coitado do moço que dirigia. Eu particularmente, ficaria desesperada em uma situação dessas. Mas, ele não falou nada, não ligou o som, só escutou o meu desabafo em forma de choro.

Chegando na casa do Math, eu apenas entrego o dinheiro e agradeço.

- Moça! - ele exclama quando eu estava saindo do carro - vai ficar tudo bem. E perdão por não falar nada, mas ás vezes a melhor forma de ajudar, é apenas escutando, espero ter conseguido.

- Ajudou, sim! Só em ter me tirado daquele lugar já foi uma grande ajuda. - sorrio, e vou em direção a porta da casa do meu amigo.

Toco a campainha e logo o Math vem abrir a porta. A casa do dele é tão grande quanto a minha, e muito aconchegante, devo dizer.

- Oh minha lindinha, vem cá! O que essas pessoas terríveis fizeram com o meu xuxuzinho? - ele pergunta, me abraçando

- Ah, qual é Math? Eu tô triste e com raiva, mas ela ainda é minha mãe - falo sorrindo e dando um tapinha de leve na nuca dele. - Cadê a pizza?! Ah, e respondendo sua pergunta, quando eu tô triste, minha fome aumenta.

- Tá ali na cozinha, bora lá.

O Math morava praticamente sozinho, os pais viviam viajavando para trabalhar. Mas, sempre davam um jeito de estar presente, ligavam toda manhã e toda noite.

Nós adentramos na cozinha, pegamos a pizza e eu começo a contar o que aconteceu, por fim Matthews ainda tenta me dar alguns conselhos.

- Ah, Chloe vamo lá. Okay, eu sei que ela errou feio, mas não deixa com que essa briga destrua a relação tão linda que vocês duas têm. Já tiveram tantas outras brigas, não é dessa vez que tu vai sair casa, essa é só mais uma pra coleção.

- Será?

- Quando que eu erro?

- Sempre Matthews Hunter, sempre - falo como se fosse óbvio, e é.

- Verdade, mas dessa vez eu completamente correto.

- , vamo lá. Mas, vou deixar minhas coisas aqui e você vai entrar pra caso der errado tu saber que a culpa é tua.

- Sangue do Senhor!!!! - rimos e fomos para garagem, para então irmos rumo a minha casa.

Uns 15 minutos depois, nós chegamos.

- Math, tem alguma coisa estranha, cadê a Lolly? - Lolly é a minha cachorra, e sempre que chega algum carro ela começa a latir.

Quando me aproximo um pouco mais, vejo os vidros das janelas da entrada no chão

- AI MEU DEUS, MAS QUE MERDA QUE ACONTECEU AQUI???? - Entro correndo em casa.

- MÃEEEEE!!!!!! PAAAAAAIII!!!!!!

Eu não consigo acreditar. É mentira, tem que ser!

- CHLOEEE CORREEEEEE!!!! - Math grita e me puxa.


ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora