- Não se mexa, Yixing. - soprou ao vento, puxando uma flecha de carvalho valkiriano das costas e cerrando um dos olhos para aguçar sua pontaria, mirando na maçã posta acima da cabeça vulnerável do jovem amigo. Ele havia lhe prometido vinte moedas de ouro se saísse com vida. Uma aposta ignorante, que soava como alguma piada ou brincadeira para a morena.
Kyungmi era a filha mais velha do rei Junmyeon e da rainha Sunhi, nascida durante a primavera e banhada nas águas sagradas no mar de Valkirium, assim como toda mulher nobre a qual os pais desejavam beleza e fertilidade; e acima de tudo, apenas um tolo seria capaz de duvidar de suas habilidades no arco - ela não precisava de nenhuma moeda de ouro.
Zhang Yixing, o conhecido Cavalheiro Branco, se via temeroso, por mais que confiasse nas habilidades da princesa, deveria a ela vinte moedas caso acertasse. Sentia a saliva cortar a garganta como navalha quando ele a engolia, fechando os olhos ao vê-la soltar a corda. Aquele liquido escorreu pela sua testa, desviando dos olhos arregalados e de suas narinas até que alcançasse a boca entreaberta.
Apenas a polpa da maçã.
Kyungmi soltou uma comprida gargalhada.
- Está pálido como um nevasiano. - abaixou seu arco e caminhava até o amigo, desenfiando a flecha da árvore na qual ele se recostara e tirando dela a maçã violada com um profundo buraco lhe atravessando. Ela cravou os dentes na casca vermelha. - Quando vai me pagar as vinte moedas?
- Princesa! - as palavras foram trazidas até seu ouvido, fazendo-a olhar em tal direção e encontrando uma das criadas do castelo ao longe, abanando um pequeno lenço como se a chamasse. O rapaz ao seu lado se via a salvo da sua pequena dívida por hora quando a princesa corria até lá.
- O que é?
- O matrimônio! Começará e...! Ah, pelos sete céus, criança! Veja seu estado! – ela envergava um blusão de pele de veado encardido por areia, terra e sangue de animais mortos - assim como seus cabelos e sua pele. - Banhe-se, seu pai não gostará...
- Que se foda meu pai. - a jovem rugiu, irritada.
- Vossa Graça, mas...
- Chega. - elevou seu tom. - Prepare as águas para o meu banho e apronte meu vestido. - deixou o arco estupidamente na mão da criada intimidada, caminhando em direção ao castelo com passos pesados como os de um gigante enfurecido. Por mais que fosse uma jovem gentil e respeitável na maioria das vezes, perderia facilmente a sua cabeça paciente quando o assunto era seu querido rei.
(...)
"Você, Baekhyun da casa Kim, filho do rei Junmyeon, jura perante os Deuses, com sua palavra e sua honra, que protegerá Sunyeon, como sua esposa, cuidará dela e apenas dela, por quanto tempo os Deuses lhe permitirem neste mundo?"
- Eu juro. - a voz firme do jovem de cabelos claros ecoou por todo o salão, preenchido em todo canto por súditos, senhores e senhoras que assistiam ao casamento, além dos príncipes e princesas de Priorium. O rei Junmyeon estava mais a frente, observando com os olhos frios todas as palavras, tanto as do sacerdote quanto as de seu bastardo.
A água sagrada selaria aquele matrimônio, bastava Baekhyun a golar, e em seguida passar a sua noiva para que fizesse o mesmo. E a partir do momento que o líquido abençoado lhe descia pelo esôfago, umedecendo-lhe os lábios e a língua, ele estava oficialmente casado. A água tinha gosto de ácido. O corroeria de dentro para fora em menos tempo do que gostaria. Era como os casamentos funcionavam, não?
Baekhyun fora nascido durante um verão rigoroso, criado por um rei, por mais que sua mãe não fosse nada além de uma arrumadeira vinda do reino de Solaris. Conhecido popularmente como O Bastardo da casa Kim, era e seria eternamente condenado por seu pai, seu rei, por matar sua mãe durante o parto.
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For Four
FanfictionQuatro irmãos, quatro estações, quatro reinos. Em um mundo de ambientação medieval, conflitos amorosos, batalhas sangrentas e histórias fúnebres estão presentes em cada canto das Terras Douradas, ladeados pelo som doce de uma harpa, o tinir de uma e...