1-Um

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Miami - 10 de julho de 2002

Ambas suadas, dando o melhor de si para que conseguissem em fim trazer suas garotinhas ao mundo.

Elas sabiam que não seria fácil, principalmente Clara. Ela teve complicações durante sua gravidez, mas não foi isso que a fez desistir da sua pequena.

Sinuhe sempre ajudou sua amiga da melhor forma que conseguiu, a encorajou e prometeu fazer o possível para esta ao seu lado. Elas só não planejavam que fosse na sala ao lado, passando pela mesma dor mais também compartilhando da mesma alegria.

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*17 anos depois...*

P.o.v- Camila Cabello.

Escuto meu despertador tocar e faço uma pequena careta, hoje seria o dia de voltar as aulas após as férias de verão. Levanto da cama bufando e desligo aquela porcaria irritante.

Vou em direção ao banheiro para poder fazer minha higiene matinal e tomar um longo banho para aguentar aquela mesma chatice de sempre. Enfim último ano.

Fui em direção ao closet para procurar meu uniforme e o coloquei em seguida. Eu odiava usar aquela coisa, hoje optei pelo mais básico mesmo. Peguei a saia que já poderia se considerar curta ao meu ver, blusa social, suspensório e como eu odiava usar as meias da escola, peguei meu all star cano médio mesmo.

Terminei de me vestir e fui em direção ao banheiro para ajeitar meu cabelo, resolvi deixar secar naturalmente mesmo. Peguei minha mochila em cima da cama e meu celular.

- Bom dia família. - Digo assim que entro na cozinha. Meus pais já estavam prontos para o trabalho e Sofi provavelmente estava escovando os dentes para ir à escola.

Sofia é minha irmã mais nova, que dizer, não tão nova assim. Ela tem 15 anos e é dois meses mais velha que a irmã de Lauren.

- Bom dia hija.- Meus pais dizem ao mesmo tempo. Pego uma maçã e começo a comer enquanto espero minha melhor amiga.

Lauren era como uma metade minha, nós nascemos no mesmo dia, no mesmo hospital, só não nascemos no mesmo quarto por que não era permitido.

Só havia uma coisa que nos diferenciava. Lauren é intersexual, pois é, minha melhor amiga tem um pênis e isso é incrível.

Ouço a campainha tocar e corro para abrir pois já sabia quem era. Assim que abro a porta sou surpreendida por braços fortes em torno da minha cintura, sinto meus pés sendo erguidos do chão e abro um enorme sorriso retribuindo ao abraço.

- Camzii, eu já estava com saudades. - Infelizmente ela havia feito uma viagem com sua família o que resultou em uma semana sem tê-la por perto.

- Lolo, eu estava morrendo de saudades de você. - Ela sorrir e beija minha bochecha.

- Bom dia Laur.- Minha mãe grita da cozinha e eu puxo a morena para dentro.

- Bom dia tia, tio. - Meu pai acena para ela e minha mãe levanta dando um beijo em seu rosto.

- Como foi a viagem? - Mama pergunta, sabia que ela também estava morrendo de saudades da tia Clara. Afinal, não foi o tempo que fez elas se separarem.

- Foi incrível, e tem alguém que está com saudades. - Lauren fala e minha mãe sorri.

- Irei vê-la mais tarde. - Afirmamos e vejo Sofi descer as escadas. - Que tomar café? - Mama pergunta e Lauren nega.

- Obrigada tia, mas eu já comi em casa e estou satisfeita. - Ela afirma e começa a recolher as coisas.

- Bom, eu já vou indo família. Sofi, vai querer carona? - Meu pai pergunta e minha irmã afirma.

- Céus, acorde para vida. - Lauren diz indo abraçar minha irmã que revira os olhos retribuindo. Sofia odiava acordar cedo, então seu humor não era um dos melhores.

- Cadê a Taylor? - Taylor é a Jauregui mais nova, assim como eu e a Lo, elas também são um grude.

- Está em casa, provavelmente te esperando. - Ela dá um sorriso e vai em direção a minha mãe.

- Tchau mama, tenha um bom dia. - Minha mãe retribui ao seu beijo na bochecha e Lauren ri. - Tchau maninha, tchau Laur.- Acenamos e ela saiu em direção a casa ao lado.

- Tchau hija, comporte-se. Laur, isso serve para você também, cuide da minha Kaki.- Meu pai dá um beijo em nossa testa e sai.

- Mãe, a gente já vai indo. - Beijo sua bochecha e ela afirma.

- Juízo as duas, irei chegar mais tarde hoje filha. - Afirmo e saiu puxando Lauren.

- Tchau tia. - Ela grita antes da porta fechar. - Olha, tenho que admitir. - Olho para ela e arqueio a sobrancelha. - Está uma delícia nessa saia. - Bufo e dou um tapa em seu braço.

- Idiota, sabe que eu odeio usar essas roupas. - Ela gargalha e abre a porta do carro para que eu possa entrar.

- Mas uma das vantagens de ter um pênis. - Ela diz e pisca para mim. Reviro os olhos e ligo o som do carro enquanto ela da partida.

(...)

O carro para em uma das vagas que tinham por ali e de longe já era possível avistar a quantidade de idiotas que havia por perto. Eu não me referia a todos, somente aos jogadores do time de futebol da escola, eram um bando de babacas.

- Preparada para mais um ano massacrante? - Olho em seus olhos e faço um bico negando. - Não faça esse bico, sabe que eu não resisto. - Reviro os olhos e mostro o dedo do meio.

- Você não cansa né?!- Ela nega e abre aquele sorriso lindo. Sempre que tinha oportunidade ela ficava de gracinha, segundo a mesma, nós somos um par perfeito.

- Eu falo na brincadeira, mas no dia que quiser levar a sério...- Sinto minhas bochechas corarem e ela sai do carro rindo.

Idiota.

- Tem treino hoje? - Pergunto assim que ela abre a porta para mim. Nós não erámos muito populares, que dizer, Lauren era mais do que eu ali. Seu irmão foi capitão do time de futebol americano, consequentemente fez com que minha amiga se tornasse conhecida. Mas também tinha o fato de ser linda, nadadora e ter um pênis.

- Tenho e você vai me fazer companhia. - Ela diz enquanto pisca.

Começamos a caminhar em direção a entrada da escola e infelizmente tivemos que passar pelo bando de idiotas do time. Eles olhavam para as garotas como se fossem pedaços de carne e eu odiava isso. E foi quando saímos de perto dos abutres que eu senti minha nádega arder por conta de um tapa que eu havia levado.

- Bom dia, Cabello.- Não tive tempo de esculhambar o desgraçado, Lauren virou no mesmo instante e foi em questão de segundos que um soco foi depositado no meio do rosto de um idiota. A única coisa que pude ver em seguida foi minha melhor amiga em cima dele aplicando vários socos seguidos.

- Lauren, para! - Tentei chamar o que foi em vão. Várias pessoas já se aglomeravam ao redor e só então alguns amigos de Lauren conseguiram tirar ela de cima do idiota que estava quase apagado.

- Se você, ou qualquer um aqui, ousar encosta a mão nela novamente, vai se ver comigo. - Ela grita e vem em minha direção. - Você está bem? - Afirmo e ela pega a mochila do chão e põem o braço sob meu ombro e assim começamos a caminhar para dentro da escola.

- Sabe que o direto irá nos chamar, certo? - Ela afirma e eu suspiro. Ótimo, direção no primeiro dia de aula.

- Nossas mães iram nos matar, mas eu não ligo, sabe? - Olho para ela que continuava com a cara de plenitude de sempre.

Eu estou ferrada. 

A Barraca Do Beijo - Camren G!P (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora