O propósito é a missão, o programa da alma dentro da encarnação. Existe um propósito individual e um propósito coletivo, e ambos estão relacionados: o propósito coletivo só pode ser realizado através de cada um de nós. O propósito se revela de maneira particular na vida de cada um, dependendo dos diferentes dons que a alma traz e dos aprendizados que ela precisa absorver, mas, em última instância, só existe um propósito, o propósito maior, que é a nossa missão enquanto humanidade. Assim, o propósito individual está a serviço do propósito maior.
Como vimos, o ego também tem um programa, ao qual estou chamando de "programa externo", pois ele é criado com base em referências externas (cultura, educação, família, entre outros fatores sociais). Muitas vezes o programa do ego não tem nenhuma relação com o programa interno, que é o propósito da alma. Essa contradição tem sido a causa da maioria das crises existenciais que o ser humano enfrenta.
Ao tratar desse tema durante minhas palestras, vejo que muitos confundem o que é o propósito com aquilo que são as habilidades ou os dons através dos quais o propósito se manifesta. O propósito interno está relacionado com aquilo que a pessoa faz no mundo, mas o fazer em si não é o propósito. O fazer é um instrumento por meio do qual o propósito se realiza.
Reconhecer potenciais Todo ser humano nasce com determinadas habilidades ou potenciais latentes, que também podemos chamar de dons. Um dom, quando desenvolvido, torna-se um talento, ou seja, algo que a pessoa faz muito bem e com facilidade. Normalmente, o talento da pessoa é algo que ela gosta muito de fazer, é uma paixão.
Vejo muitos jovens sofrerem com a dificuldade de escolher a profissão que irão exercer na vida. Essa dificuldade existe porque eles não conseguem
reconhecer seus próprios dons,[1] não sabem o que realmente gostam de fazer. Esse é outro sintoma decorrente dos condicionamentos mentais gerados por um sistema obcecado pelo dinheiro. Vivemos em uma sociedade ambiciosa que valoriza mais o poder financeiro do que a realização pessoal. Nosso sistema educacional não proporciona à criança o contato com aquilo de que ela verdadeiramente gosta. Pelo contrário: somos obrigados a estudar temas e a aprender coisas nas quais não temos interesse ou para as quais não temos aptidão alguma e que, na maioria das vezes, não terão utilidade na nossa vida. Também somos levados a acreditar que determinadas atividades são superiores a outras porque elevam o status social e, teoricamente, garantem estabilidade financeira. A profissão muitas vezes é escolhida de acordo com as tendências do mercado, e nossas paixões acabam sendo vividas esporadicamente como hobbies de final de semana.
A mídia e as redes sociais também exercem uma grande influência nas nossas escolhas. Nelas, personalidades, atitudes e estilos de vida são cultuados, personagens inspiram comportamentos e pessoas tornam-se ídolos. A publicidade gera desejos e fomenta o consumismo. Em outras palavras, a mídia instiga o desejo de poder e a ganância. Ela alimenta o falso eu e tudo aquilo que dá poder ao ego. E o ego é muito ambicioso. Ele sempre sonha com coisas muito grandiosas e fantasia que veio para fazer algo muito importante e especial, ou que, em algum momento, se tornará rico e famoso. Muitas vezes isso acontece, mas, na maioria dos casos, isso não passa de uma fantasia que impede a pessoa de ter acesso àquilo que ela realmente veio fazer. A partir de uma imagem mental, o indivíduo idealiza um estilo de vida e acaba perdendo muito tempo tentando realizar algo que não tem nada a ver com aquilo que ele realmente veio realizar.
Por exemplo, vamos supor que o ego queira ser um grande líder espiritual ou um artista famoso, mas a alma veio com o programa de viver em uma comunidade espiritual para fazer seva. A alma veio para varrer o salão, limpar os vidros, cozinhar para muitas pessoas, regar flores, cantar mantras, rezar e meditar. Imagine a contradição. Uma pessoa muito ambiciosa, que sonha com fama e poder, mas cuja realidade desenha caminhos completamente opostos a esse, no mínimo, torna-se ansiosa e angustiada. É comum que esse indivíduo carregue angústia e, dependendo da dimensão do conflito interno, é normal que haja depressão ou até mesmo outras doenças físicas e psíquicas. Isso ocorre porque por dentro a pessoa está sendo dilacerada: uma força a está puxando para um lado, e outra força a está puxando para outro. O ego alimenta grandes
VOCÊ ESTÁ LENDO
Propósito - A coragem de ser quem somos.
Духовные"Saber qual é o propósito é saber o que viemos fazer aqui; e o que viemos fazer aqui está intimamente relacionado àquilo que essencialmente somos, ou seja, o programa individual da alma está relacionado à consciência do Ser. Assim como a laranjeira...