Capítulo um- Lathyrus odoratus

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    songs:  Let me in & Simple this is. 

Lathyrus odoratus.

Existem dois Jungkook, aquele que as pessoas conhecem; engraçado, forte, atraente, talentoso e educado. E tem aquele que apenas eu conheço; tímido, acanhado, carente e mesmo que sonhador, também é pessimista.

Mas quando eu era garoto, existia apenas um de mim. Uma criança feliz e esperançosa.

Mesmo que já perturbada.

Porém esses sentimentos bons só aumentaram quando eu conheci um pequeno garoto, um hyung dois anos mais velhos.

Me lembro até hoje do cheiro do hospital, algo que detesto. Mamãe com seu nariz vermelho, jaleco colorido, e crachá escrito: “Doutora de cosquinhas” desejou “merda" a toda nossa trupe. Pode parecer confuso, mas “merda” no vocabulário dos artistas é “boa sorte”.
Eu amava aquelas expressões e palavras que só eu sabia na escola. Meu figurino era o mesmo dos demais, meu crachá dizia: “Doutor Iron” pois sim, eu amava aquele herói. Nós levávamos malas cheias de fantasias, brinquedos e alegria. Posso dizer que amava ser um “Mini Doutor Palhaço”.

Era costume entrarmos quietos para não assustar as crianças, e quando tínhamos a confiança delas, aí sim, a barulheira começava.

—Bom dia pequeninos anjos, como estão? —Era mamãe falando, já com a voz de sua personagem, mas em tom calmo para não assustar.

—Bom dia, doutora —Alguns deles, infelizmente velhos conhecidos nossos, gritaram em uníssono.

—A doutora de cosquinha veio examinar a risada de vocês, será que está mesmo em ordem? —Eu ouvia tudo pela porta, esperando nossa deixa para entrar. —Eu ouvi dizer que tem alguns pequeninos que não dão uma boa gargalhada há muito tempo... —Ela andava de modo desengonçada entre as camas, todos a olhavam atentos. —Eu jamais irei admitir um absurdo desses —Engrossou a voz, mas nada que assustasse —Por isso, meu queridos pequeninos, vim alegrar vocês, junto da minha trupe de médicos dedicados. —Era a nossa deixa —Conheçam meu fiel escudeiro Iron man! O doutor de heróis e heroínas! —E assim entrei.

Como já ensaiado, eu andei de modo elegante, pés afastados, nariz pra cima e pinta de galã. Um galã tortinho devo acrescentar.

—Boa tarde, heroínas e heróis —ergui meu braço esquerdo como os heróis fazem —Hoje sou eu quem vai cuidar dos machucados feitos pelas suas árduas batalhas contra os vilões —minha voz estava mais grossa —Sei que fizeram de tudo para proteger a cidade, e agora irei proteger os sorrisos de vocês! —Finalizei meu texto, deixando mamãe apresentar nossa trupe.

Era um texto bonito, e só depois de mais velho eu sentia o peso daquelas palavras.

Meus olhos focaram em um vaso de flores bonitas brancas e manchadas de roxo, não fazia a mínima idéia do nome delas na época, mas elas guiaram minha atenção até o menino que estava deitado ao seu lado. Seus cabelos escuros; a carinha redonda, o sorriso que fechava seus olhos pequenos. E ele só me olhou de volta quando a trupe já estava toda ali, prontos para começar a palhaçada.

—Quem aqui precisa de um curativo pós batalha? —Mamãe gritou.

—Meu filho lutou contra o Hulk ontem — Para minha alegria quem falou foi a mãe do menino que me cativou —Bem, acho que o Hulk saiu do nariz dele ontem —Ouvimos risadas e o menino fechou a cara.

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