Intelectuais ou físicas doem numa intensidade que não seria exagero comparar a uma catástrofe natural, digo, é um terremoto abalando tudo que estava quieto e intacto, um furacão arrastando e desenterrando medos do passado, talvez até um tsunami devastando e extinguindo toda civilização no caminho, perdas são o cúmulo da fraqueza, são o ponto onde o pugilista baixa a guarda e vai ao nocaute, o milésimo de segundo onde o cirurgião pisca e a família chora. Enfim, são decisivas e infinitas coisas. A frase "seja mais forte e não chore" não passa de uma falta de consideração com aquele que perdeu, eu mesmo não vou aconselhar isso por ser hipocrisia minha, me vejo, aqui e agora, cansado de infinitas e infinitas e mais infinitas vezes cair de joelhos ao chão sussurrando pela mais singela e insignificante ajuda, socar as paredes em surtos de ódio e deitar na cama aos restos e cacos. Perdi algo, falta algo, me dói, e se dói não existe um motivo para manter guardado, então vá ao chão, esperneie e se preciso desidrate em lágrimas, pois tu merece o tempo de luto, porém, assim como o pugilista que baixou a guarda levantou antes do fim da contagem e está disposto a se doar até o último soar do gongo, levante. Não existe um treino que lhe ensine a tenacidade contra a perda e também não mentirei dizendo que a prática leva à perfeição, dor vem e dor vai mas teu ser e essência... ficam.
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Divã com o diabo
PoetryAs insignificantes mensagens de um amante que aprende ao viver e sofrer, um compilado de amores e dores ao longo dos anos em forma de poesia e composição, uma arte.