Ele está aqui...

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Não me lembro de como tomei essa decisão.
O frio que percorre pela minha espinha, ao adentrar a antiga pizzaria ainda me faz sentir um mal-estar. Um suor insistente beira a minha testa e eu faço questão de secá-lo, pois nada me faria voltar.

Nada.

O ambiente que anteriormente era um lugar de atração, apenas habita sujeiras e poeiras, assim como o xadrez das paredes eram apenas algo encardido. Ponho em minha mente que esse cenário jamais voltará para a minha cabeça, após o que eu faria aqui.

Ligo a lanterna do meu celular e busco calcar ainda mais o local. Meus orbes buscam um perigo, mas nada aparenta estar em chances de poder me ferir ou aterrorizar. Mas a climatização daqui poderia facilmente me fazer tremer e até mesmo rezar para voltar em segurança para casa.

O eco de um "hello" paira pelo teto do ambiente, sendo direcionado à uma sala distante de mim. Seja o que tivesse aqui, provavelmente iria seguir a voz. Não entendo o motivo de estar supondo que poderia haver algo aqui.

Porém, em mim, algo dizia que eu não estava só.

Entrar e sair das salas em busca de um martelo parecia cenário de um filme cômico. Tropeçar em alguns presentes no chão e quase ter um breve infarto graças ao Freddy que estava preso em um grande pedestal. Oh, parecia tão real... Aquelas malditas alucinações.

Algumas tomadas nas paredes pareciam estar funcionando, apesar dos fios estarem com mal contato e um cheiro de queimado, se fizesse muita pressão para carregarem meu celular. Agradeço mentalmente por ter posto ele para carregar em casa, então eu não havia nada com o que me preocupar.

Enquanto permaneço agachado tentando consertar uma fiação, sinto algo se alastrar na escuridão e penetrar seus olhos em minhas costas. O arrepio que senti pela primeira vez que encontrei a figura peculiar se repetiu, mas eu estava desprevenido.

Vestindo uma roupa apodrecida de Springbonnie; se denominava "Springtrap". Ao encontrar seus olhos nas câmeras, uma forte sensação de náusea pôde me preencher de forma facilitada. E então, estou me sentindo nauseado.

Não me arrisco a se mover e dou graças a Deus por ter desligado a lanterna do celular como modo de economia de bateria. Aos poucos, escuto um som metalizado se afastar e dirigir-se para distante dessa sala em específico. Quando senti minhas costas deixarem de estar rígidas, mexo em algumas coisas da sala principal em busca do martelo. Máscaras e peças dos antigos animatrônicos me trazem uma nostalgia e alívio por ter me livrado deles.

E foi mexendo na mesa encontrei o martelo tão desejado. Agora com o martelo em mãos, eu poderia botar esse lugar abaixo e em chamas. No entanto, eu ainda possuo alguns objetivos: Precisaria destruir cerca de seis canos, os principais desse estabelecimento, para que sucesso esteja em mãos. No entanto, sinto preocupações ao descobrir que aquela criatura infernal ainda permanece aqui. O arrepio é um dos maiores do mundo e eu não sou capaz de contrariar tudo isso.

Poderia dar meia volta e sair, todavia... Esse lugar assombrado deve ser destruído.

Sair em busca dos canos não parece algo impossível... O que me aterroriza são as risadas distorcidas e maldosas que posso escutar à cada passo que eu faço. Springtrap está brincando comigo, provavelmente. Sua inteligência humanamente sádica não me preocupa, pois sei que escaparei de seus joguinhos novamente.

Estou correndo.

Desligo a lanterna às pressas enquanto começo a virar as curvas das grandes salas, empacando nos presentes que estavam no caminho. Meu fôlego parecia terminar rapidamente, logo em seguida, viro à esquerda e me agacho atrás de umas mobílias velhas que haviam ali. Minhas mãos tremem e eu provavelmente não dormirei por dias após esse ocorrido. Os seus olhos rubros cintilantes eram capazes de fazer paralisar de pânico, antes de cogitar as palavras "correr, fugir e se esconder.", o que facilmente poderia dizer que era meu plano toda vez que o encontrasse.

A risada não é auditiva.
E isso me dava a impressão de que ele estava longe, distante de mim. Um alívio e agradeço por ter memorizado todo esse ambiente em minha cabeça. No entanto, culpo-me por aqueles presentes terem quase me jogado em Springtrap. Oh, maldição.

Amaldiçoo você, dito cujo Papai-noel.

Quebrei três canos de tubulação vermelhos. Tranquilizante, mas sei que minha companhia reparou minhas más intenções. Vejo-o passando a mão próxima à um dos canos que eu destruí e mesmo não entendendo seus ruídos, sei que ele só pararia de me seguir quando encontrasse-me desfalecido e bem morto.

De preferência, à sete palmos do chão.

Escuto novamente a risada distorcida e malévola, mas sou capaz de mandar um áudio para algum lugar longe de minha presença. O frio que percorre pela minha espinha é muito ruim e eu não consigo ver as coisas de forma certamente claras. Sinto como se estivesse vendo alucinações ou coisas que não estão lá. Minhas mãos fraquejam, mas faço força para me manter firme e forte nesse momento.

"Vamos, falta muito pouco..."

E lá estava o predador que poderia pôr um fim em minha vida. Seus olhos vermelhos não pareciam rastrear nada além de minha presença e, antes que eu me desse conta, já estava correndo em busca de um novo lugar para se esconder. Springtrap é capaz de me surpreender, pois estava à poucos passos para me pegar. Quando não escuto sons de metais, meus pés quase deslizam ao tentar dar meia volta, pois percebi que ele conhecia esse lugar como se fosse a palma de sua mão.

Dito e feito.
Surgiu atrás de mim e se não fosse por poucos milésimos de antecedência, já não estaria aqui. Sua risada aterrorizante me causava desconforto, pois sempre que ria, estava à poucos passos de me pegar. Não sou capaz de acertá-lo com o martelo, pois sua força é antinatural. Um segundo de distração é o suficiente para eu me jogar embaixo da mesa e permanecer em meu imutável silêncio. Seus pés metalizados passam por mim, mas não são capazes de me encontrar.

Parar de ser seguido por um coelho gigante é simplesmente tranquilizante. Em busca do último cano, encontro um isqueiro. Simplesmente é como a expressão: "Matei dois coelhos com uma cajadada só.", e eu adoraria que fosse o Springtrap. Caminho em direção à porta por onde entrei, mas não demorou muito para eu atear fogo em todo o salão. Um estrondo e algo me atordoa.

Como algo por puro instinto, tateio as paredes tentando manter minha sanidade e desperto. Fogo, chamas... Calor intenso e a suja fumaça causada. O cenário perfeito para o diabo aparecer.

E se um dia perguntarem-lhe como o diabo parece, diga que ele veste uma roupa de um coelho animatrônico destroçado.

Springtrap vem ao meu encontro perante às chamas e antes de me matar, puxo a mandíbula de sua fantasia, apenas encontrando um queixo mumificado.

Um ruído estranho e eu já não vejo mais nada.

Em meio às chamas.Where stories live. Discover now