O cupido estúpido e o crush

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Bakugou Katsuki pensava que seu cupido era do tipo bem estúpido. De tantas pessoas que a maldita flecha do amor poderia acertar, ela fora acertar logo Todoroki Shouto, o cara mais irritante da cidade (e do mundo também).

Seu cupido era mesmo muito estúpido, ter um crush logo na quimera genética mais estúpida que poderia existir era inadmissível, imperdoável!

No começo, Bakugou tentou ignorar a presença do outro, mas parecia impossível, até porque dividiam o mesmo melhor amigo, Midoriya Izuku, e Todoroki não saia da casa deste, assim como ele próprio. Qualquer coisinha já era motivo para implicar com o outro, e Katsuki não ligava que talvez estivesse sendo infantil.

Shouto era insuportável, e talvez Bakugou alimentasse tal ideia porque o outro nunca dava bola para sua implicância.

Todoroki tinha o dom de lhe irritar apenas com o ato de respirar e Katsuki não conseguia evitar proferir declarações de ódio para este toda vez que se encontravam na casa de Midoriya, Deku para os íntimos, mas de repente as coisas começaram a ficar estranhas e Katsuki teve a puta certeza de que seu cupido havia ferrado com sua vida, maldito cupido estúpido.

Às vezes tinha uma vontade muito estranha de abraçar o meio a meio desgraçado e lhe dar muito carinho, em outras, tinha vontade de lhe dar uns tabefes, daqueles capazes de causar hematomas arroxeados.

Bakugou queria morrer só de saber que seu coração batia mais rápido toda vez que o maldito ser de cabelos coloridos aparecia em sua frente. Isso também acontecia frequentemente quando o maldito sorria e bem, aí perdia as estribeiras e declarava o mais puro ódio ao outro, porém, era mais fácil quando suas declarações de ódio eram proferidas por prazer, mas agora elas eram jogadas ao vento apenas para disfarçar seus sentimentos e não perder o costume.

Não que Todoroki estivesse ligando tanto assim para o que Katsuki fazia, ele simplesmente sorria toda vez que era xingado, como se o garoto não fosse nem um pouco ameaçador, e de fato, não tinha exatamente nada que pudesse lhe causar medo vindo de Bakugou.


– Você não acha que está sendo muito ranzinza? Você só tem dezoito anos cara, não é um idoso. – Todoroki disse à Bakugou assim que este chegara na casa de Midoriya reclamando de tudo, algo típico de sua personalidade azeda.

– Você não acha que deveria sumir? Evaporar? Ir pra casa do caralho? – Katsuki retrucou, os óculos de descanso escorregando pela ponte de seu nariz. – Não to com paciência para as suas gracinhas, otário. – Ajeitou a armação com um suspiro desgostoso, precisava trocá-la urgentemente.

– Mas quem fica enchendo o saco é você Katsuki. – Todoroki provocou, lhe chamando pelo nome como se fossem íntimos.


Ouch! O babaca estava certo.

Shouto 1, Katsuki 0.

Bakugou sentou-se no sofá, ao lado de Todoroki e tentou ignorar de modo falho a presença deste.


– Ah, que se dane. – Respondeu da forma mais sábia que lhe era possível no momento.

– Você devia assumir esse teu amor encubado pela minha pessoa. – Todoroki disse em um tom casual, como se não estivesse dizendo nada demais, e riu. Katsuki não pôde evitar a súbita vontade que teve de matar o maldito.

– Ah, eu te odeio! Você é um completo idiota!

– Esse teu ódio todo não passa de uma puta vontade de me dar uns beijos, admite. – O outro provocou, por mais uma vez, e Bakugou lhe olhou por cima das lentes, buscando maneiras grosseiras para retrucar, todavia, seu estoque havia acabado, ele não sabia como responder.

– Onde o Deku foi? – Questionou por fim, tentando mudar o assunto. Cometeria um crime regado ao mais puro, nem tanto assim, ódio caso não se forçasse a mudar o rumo que aquela conversa estava tomando.

– Ele foi comprar comida. – Todoroki lhe respondeu sem pestanejar. – Mas Kacchan, não foge do assunto. – Mas que porra! Desde quando Todoroki Shouto lhe chamava de Kacchan?

– Não estou fugindo de nada caralho! – Respondeu mal-humorado.

– Está sim. – O bicolor retrucou. – Mas se te consola, também 'tô morrendo de vontade de te dar uns beijos, de verdade.

– Que mer... – Bakugou não teve tempo de brigar com o outro por mais uma vez.


Todoroki Shouto, seu inimigo, seu nêmesis e crush secreto havia lhe beijado.

Bakugou tentou falsamente afastar o outro, lhe dando uns tapas bem fracos no peito. O que raios estava acontecendo? Não tinha ideia, mas as borboletas em seu estômago lhe faziam ter a certeza de que realmente gostava do rapaz a sua frente e definitivamente não dava para ficar negando isso, todavia, ele era alguém muito orgulhoso e foi por conta disso que ele empurrou Todoroki.


– Está louco? – Questionou, seu coração batendo desenfreado no peito.

– Só se for de amor por você. – Todoroki sorriu do jeito que Katsuki mais odiava, do jeitinho mais irritante que existia.

– Idiota. – Bakugou resmungou, sentindo suas bochechas se avermelharem.

– Você era BV, Kacchan? – Shouto questionou aparentemente preocupado ao notar que Katsuki estava envergonhado.

– Claro que não, otário! – Bakugou exclamou indignado, o sangue fervendo, ele era sim, mas jamais admitiria. Ah, como odiava Todoroki Shouto! – Por que me beijou?

– Porque eu quis. – Então Shouto sorriu de outro jeitinho que fazia Bakugou ficar louquinho de raiva e querer literalmente descer a porrada nele, o maldito era bonito demais pra ser de verdade. – E veja só, vou beijar de novo.


Katsuki sequer teve tempo de responder, logo seus lábios estavam juntos aos de Todoroki por mais uma vez. Dessa vez não tentou afastar o outro, uma sensação gostosinha estava invadindo seu corpo e ele sabia que só Shouto era capaz de lhe deixar assim e tudo por culpa de seu cupido.

Bakugou queria muito dar uns socos em Todoroki, como ele ousava lhe beijar assim? Realmente queria agredir o maldito, no entanto, gostava muito dele, por mais que o ódio parecesse reinar em seu coração. Amor e ódio andam de mãos dadas, não é?


– Eu acho que gosto de você, Kacchan. – Shouto lhe disse após encerrar o beijo com as bochechas vermelhinhas, assim como as de Bakugou.


Katsuki não conseguiu evitar sorrir, seu ódio parecia ter sumido por um instante, mas ele sabia que a qualquer momento ele retornaria, por mais que gostasse muito do meio a meio, definitivamente na mesma porcentagem em que o odiava.


– Eu gosto pra caralho de você, mas te odeio. – Respondeu por fim, sabendo que aquela era a melhor definição para o que sentia.


E não, ele não havia perdoado seu cupido estúpido, mas este estava certo e o garoto de cabelos bicolores era sua pessoinha certa, e ele poderia conviver facilmente com a ideia de curtir e odiar Todoroki Shouto ao mesmo tempo.

CrushWhere stories live. Discover now