UM

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O frio de ansiedade brincou em Agatha – aquele frio quando se esperava algo, estava bem ali, estava quase chegando. Ela e Zoya estavam abaixadas sob a janela muito alta (ainda bem) que dava para o vestiário feminino, aguardando.

Agatha não conseguia esconder o sorriso e olhou para a tela do celular, o cronometro correndo na contagem regressiva.

Três. Dois. Um.

O som de uma explosão abafada, um tum semelhante à uma batida do coração reverberou entre a parede e as meninas, seguido de gritinhos assustados das garotas lá de dentro. Agatha cobriu a boca com a mão, segurando a risada, enquanto Zoya imitava os gritos sem emitir som, balançando as mãos.

Vários palavrões e choramingos ecoaram entre o som de fumaça espiralando e água de chuveiro escorrendo. Tinha dado certo. Aquela porcaria de bomba de bruxa tinha dado certo.

— Tá, vamos nos mandar daqui – Agatha deu uma última olhada no relógio; agora faltava pouco para o sinal do intervalo, e guardou o celular no bolso.

Ela e Zoya se levantaram e saíram correndo, dando a volta no prédio, disparando para o estacionamento imenso dos alunos. Haviam alguns matando aula se pegando, dormindo e fumando. Agatha engoliu em seco ao sentir o cheiro da fumaça do cigarro de dois caras há alguns metros de onde estavam, seus dedos formigando para ter um em seus dedos, os nervos pipocando. Aquilo deveria mandar qualquer um que tivesse nojo de drogas para longe – mas para Agatha era como o aroma de almoço prestes a ficar pronto. Não que ela não quisesse isso também. Só de pensar em ter um belo de um prato com muita comida sobrepôs à vontade de roubar o cigarro da dupla de chaminés, e ela não ficou tão contente com o desejo contigente.

O sinal ressoou pelo colégio inteiro como o badalar de sinos numa igreja, anunciando a missa – no caso ali, o intervalo. Agatha e Zoya saíram do estacionamento caminhando tranquilamente, ultrapassando a porta dupla de uma das entradas do outro prédio do colégio para os corredores, o ruído de gente dando um tapa no rosto de Agatha, um vento abafado de calor humano num só lugar.

Agatha olhou para os lados, desviando dos alunos e viu a dupla dinâmica para ferrar jovens dissimulados no topo de uma escada – Mason e Charlotte – em busca da dupla terrorista. Zoya parou em frente ao armário, colocando a senha e abriu, só para disfarçar que estava muito empenhada em procurar pelos livros do próximo período.

— Vamos ter muitas bruxas do Oeste hoje – Zoya franziu a testa, a cabeça raspada procurando por alguma coisa no armário caótico. – Der'mo, onde está aquele caderno idiota?

— Pode parar de atuar, maluca – Agatha se recostou no armário ao lado, mãos no bolso da jaqueta de couro, observando o fluxo de pessoas. Aquele colégio era grande, mas não deveria ter menos pessoas passeando ali? Não deveria ter mais que mil e poucos alunos. – Eles já foram embora.

As Estrelas Daquela Escuridão | Histórias de Elementais das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora