Célere ia o caixão, e nele, inclusas,
Cinzas, caixas cranianas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens,
De aberratórias abstrações abstrusas!
Nesse caixão iam, talvez as Musas,
Talvez meu Pai! Hoffmânnicas visagens
Enchiam meu encéfalo de imagens
As mais contraditórias e confusas!
A energia monística do Mundo,
À meia-noite, penetrava fundo
No meu fenomenal cérebro cheio...
Era tarde! Fazia muito frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio!
Raul morava em frente ao cemitério.
Todos os dias entravam pelo menos cinco caixões pelo portão principal.
Sua filmadora já havia captado mais de 100.
Um curta com imagens rápidas de caixões talvez ficasse interessante.
E, afinal de contas, no Youtube tem cada coisa!...
Os amigos fizeram Raul desistir da ideia.
Mas Raul continuou filmando os caixões.
OBSESSÃO.
E obsessão não se explica, se vive.
Dia 15 de março, 10 horas da manhã, mais um caixão...
Este era diferente. Bem diferente dos outros.
A diferença começava no tamanho. Um caixão enorme.
Quem morreu lá devia ter mais de 300 quilos.
Obesidade mórbida???
MUITOS ALMOÇOS E MUITOS JANTARES PARA OS VERMES.
Almoços ou jantares de 24 horas por dia.
Até restarem apenas ossos, roupas, sapatos, cabelos...
Para onde vão os vermes depois de uma refeição tão longa???
O caixão tinha mais alças do que o normal.
Era levado por 12 homens truculentos.
Tudo possivelmente com mais de 130 quilos cada.
Vestindo ternos mafiosos.
Vocês entendem, né?
Ternos mafiosos sempre são escuros.
Quaisquer dúvidas assistam ao Poderoso Chefão partes 1, 2 e 3.
Ou Os Bons Companheiros, de Martin Scorsese.
O caixão era todo de ouro. Pelo menos de longe assim parecia.
Raul deu um zoom in na filmadora para pegar melhor aquele brilho todo dourado.
Morar no segundo andar permitia tomadas melhor posicionadas.
Muito de perto a imagem tremia demais.
O ouro do caixão podia bem ser só pintura especial. Não parecia.
Raul conseguiu filmar em close boa parte daquele "traje elegante" de última morada.
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13 Contos de Medos e Arrepios
HorrorSe você gosta de contos de terror, daqueles bem assustadores, vai amar este livro escrito por Almin Correia, que adora inventar histórias e criar mundos, fantasmas, monstros, assassinos, vampiros, cemitérios, criaturas famintas do além... Ao todo sã...