Primus

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     Junho de 2018

     Sakura POV 

       

      Era estranho olhar para a casa e vê-la vazia. Era estranho não ouvir sua voz mansa e doce me chamando pra tomar café. Era mais estranho ainda ter que viajar sem ela aqui. 
Não queria ir embora, mas era uma chance única de me conhecer Vovó...

     Uma chance que eu não tinha antes, porque você escondeu coisas de mim, e agora eu preciso descobrir sozinha.

      Essa é minha missão, descobrir o que há de errado comigo. Por que eu sempre me sinto conectada com tudo ao meu redor, por que eu amo a natureza, e por que eu uso uma pulseira de tanzanita. Eu não sei quem me deu, ou para quê serve. Mas como já foi dito, eu vou descobrir. 
Adeus Itália, adeus casa e adeus mansão sombria do fim da rua...

    - Sakura.

    Adeus macieira do quintal, adeus biblioteca do centro, adeus girassol que a Vovó plantou...
    

      - Sakura...
    

    Adeus vida antiga, adeus faculdade, adeus vizinhos...

    
    - SAKURAAAAA !!!!!!!

     Pulei no lugar, olhei para o lado e lá estava Ino me olhando com o rosto zangado e bravos cruzados. 

      - O quê ?- Perguntei com a cara mais inocente que podia fazer.

      - Estou te chamando já tem um século e você continua encarando a porta da casa com aquele seu olhar sonhador. Eu não quero te atrapalhar nem nada, mas você sabe que precisamos ir, não é ?-seu olhar mudou de raiva pra tristeza e preocupação. Ela não podia me acompanhar até Nova Iorque, aqui minha amiga tinha um namorado gato, um bom emprego como advogada e um pássaro bonito em sua casa. Tudo o que eu não tinha. 
    

     - Eu sei, Ino, mas mesmo depois de tanto tempo... Eu ainda não me sinto pronta...E ainda aconteceu aquilo semana passada... 

     Senti minha voz sumindo e meu corpo tremendo, droga, de novo não. Respire Sakura, não aqui, não agora, por favor não...
 

     - Sakura, olhe pra mim , - Ino agarrou meu braços e me sacudiu- você consegue, vamos, respira comigo ,- Minha pulseira começou a brilhar e sentia meu coração disparar enquanto imagens um sorriso de lado apareciam na minha cabeça vindas de uma figura com vestes negras, mas eu não sentia medo, via um gato branco andando pela floresta e um falcão o vigiando enquanto voava. E do nada todos aquelas imagens pararam e eu quase cai na calçada sem forças, respirando com força e tremendo muito. 

     Olhei pra Ino e ela ainda estava me agarrando com o olhar mais preocupado.

     Droga, justo hoje.

    Outro surto, outra coisa estranha em mim. Eu não sei o que é ou porque eu vejo isso, não sei se as imagens são lembranças ou se minha imaginação cria aleatoriamente. Só sei que o que eu sonho às vezes acontece, como não entendo todos as imagens... Não posso afirmar nada. 

     - Estou bem Ino, está tudo bem, se a carta da Vovó estiver certa, o livro está lá, e eu preciso achá-lo, ele vai me dar as respostas que eu preciso... E serão só por alguns dias, eu acho que consigo me controlar, ou pelo menos tentar...

    - Tem certeza ? Não prefere ficar ? Podemos tentar entender sozinhas, ou você pode apenas tentar controlar, eu não sei testuda, podemos dar um jeito...

     A olhei mais uma vez e neguei a abraçando apertado, e entrando no táxi segurando as lágrimas, Ino, como uma bela dramática chorou acenando e por um momento vi sua presilha brilhar, era feita de diamantes(digamos que os pais da Ino a deixaram uma grande... quantidade de bens) e Ino nunca a tirava. Era como minha pulseira. E o colar da Vovó, ela nunca tirava e parecia brilhar sobrenaturalmente.  

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