Capítulo 2

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Aquela semana parecia ter passado como água da torneira entre os dedos, foi tão rápido que antes do penúltimo dia eu já sentia saudades daquele lugar.

Fizemos caminhadas, trilhas, fomos a praia e madrugamos fora da cabana na frente de uma fogueira ouvindo música e conversando das coisas da escola.

Tinha sido, com toda certeza, as melhores férias de verão, nossos pais pareciam não está ali, tentavam deixar a gente o mais confortável possível para parecer que era apenas nós.

Um dia decidimos jogar um jogo de mímica, esse dia era quinta-feira, Luana tinha ficado como juíza e quem passava o que fazer para todos nós, brincavamos animados, eu adivinhava a mímica de Lucas naquele momento.

-Um macaco - falo animada ao ver que o mesmo teria começado a pular de forma engraçada arrancando a gargalhada de todos na sala.

Ele revirou os olhos em gracejo e sorrio, juntou os braços ao corpo e elevou apenas as mãos balançando para frente e para trás.

-Pinguim? - naquela hora eu já me perguntava quem era pior, eu advinhando ou ele fazendo mimica.

-ACABOU O TEMPO - gritou Luana em êxtase com a brincadeira - Lucas diga o que estava fazendo a todos.

Ele me encara com uma falsa cara de chateação e bate os pés em forma de pirraça.

-Era um golfinho, Vivian, golfinho.

-QUE GOLFINHO FICA PULANDO?

-ELES PULAM DA ÁGUA!

Essa pequena gritaria nos arrancou gargalhadas leves e todos se jogaram no sofá, ainda rindo da antiga brincadeira.

-E agora, verdade ou desafio? - Marina pergunta animada para brincar mais um pouco.

-Aah não, com a gente não tem graça - despeja Matheus de mal gosto.

-Por quê? - Marina, a mais nova de todos, perguntou perdendo sua ingênua alegria.

-Porque não dá para beijar ninguém daqui - retruca Matheus em resposta.

-Sinceramente, desnecessário - o respondi me afundando ainda mais nas almofadas.

-Desculpa ai, Vivian, a culpa não é minha se você nunca beijou - ele respondeu com um sorriso ganancioso.

Eu sabia o porquê dele ter dito aquilo, e sinceramente não me importava, ser bv não era um demérito, mas querendo ou não aquilo meu deu uma pontada dentro de mim, pois ao virar o rosto vi que Lucas me encarava, não com seu sorriso descontraído, mas com um olhar mais profundo, sua boca formava uma linha fina e nada parecia em ordem, balanço a cabeça sorrindo para dar ponto final a'aquela conversa.

-Crianças, ta na hora de dormi, subindo todo mundo.

Tia Lucinda passou pela sala nos mandando direto para o quarto, não exitei e me levantei com calma indo direto para o meu quarto com as meninas, me deitei sobre minha cama e fingi está cansada e ter apagado de forma instantânea.

As duas ficaram conversando durante um tempo deixando um breve bate-papo sobre como o comentário de Matheus poderia ter me abalado de alguma forma, mas logo isso deixou de ser a atenção da conversa e elas dormiram.

Isso me deu espaço para me virar e encarar o teto do quarto, o sono que eu tanto prezava parecia ter escapulido de mim e minha mente batucava em algo que eu considerava completamente bobo.

O que diria aquele olhar? O que ele estava pensando? Será que aquilo o teria incomodado? Mas por que o incomodaria? A melhor pergunta na verdade é, por que estava tão preocupada assim com a opinião dele? Vivian, para com isso, que desnecessário.

O Último VersoOnde histórias criam vida. Descubra agora