– Vai ser bom pra você – mamãe coloca ambas as mãos em meus ombros e me olha sorridente.
Ficar enfiado na mata vivendo de enlatado vai ser bom pra mim?
Reviro os olhos, ela sabe muito bem o que eu acho disso. Vai ser bom pra ela, ficar em casa sem ter que se preocupar comigo. Enquanto ela estiver assistindo filme no sofá enrolada na coberta, eu provavelmente estarei em volta de uma fogueira sendo obrigado a simpatizar com os insetos.
– Eu não quero ir – faço uma última tentativa.
– Você vai aprender a ser independente. Tem dezesseis anos e não sabe fritar um ovo sequer.
– Eu não vou aprender a fritar ovo na floresta, a menos que eu bote um – respondo.
Ignora o que digo e deposita um beijo em minha testa.
– Você não vai ficar só na floresta, ficará nas cabanas e irá acampar algumas vezes, será uma experiência boa. Agora vai – coloca a mochila nas minhas costas – o ônibus já vai partir.
Eu não me importaria se ele fosse sem mim.
Aceno e caminho para o ônibus, onde há muitas pessoas animadas tentando entrar, queria ser eu uma delas, mas minha cara está tão fechada que ninguém vai querer sentar ao meu lado.
Procuro um lugar na frente com dois assentos disponíveis, já que todos vão para o fundo. Não me interesso em olhar as carinhas que vão me fazer companhia nas férias, porque independente de quais forem, eu não vou gostar.
Sento perto da janela e coloco a mochila no colo, abraçando-a. Vou ficar sozinho com ela no fim do mundo, uma longa jornada.
Procuro minha mãe pela janela e continuo de cara feia. Ainda dá tempo de me tirar daqui! Mas ela não se mexe.
Tudo bem, eu posso aceitar isso. Serão apenas essas férias e quando eu chegar em casa pra fritar um ovo ela nunca mais vai me mandar pra lá. Eu nem sei de onde ela tirou essa ideia de querer me mandar para um acampamento. Ser independente? Eu posso morar na casa da piscina e ser muito independente se ela quer saber.
– Posso sentar aqui? – uma voz me tira dos devaneios.
Encaro o garoto loiro, sua pele é tão clara que entra em contraste com sua roupa – blusa de mangas longas e calça – preta. Segura a mochila em um dos ombros esperando por uma resposta.
Dou de ombros, tanto faz.
Aparentemente ele interpreta isso como um sim, porque se aconchega ao meu lado e me fita. Finjo não perceber, mas está tão desconfortável que o olho pronto para perguntar se há algum problema.
– Sua primeira vez aqui? – pergunta antes que eu abra a boca.
– É.
– A minha também.
Sorrio sem mostrar os dentes e escuto o motor. Ainda dá tempo mãe, ainda dá tempo! Dirijo meu olhar para a porta esperando que mamãe apareça como uma super-heroína para me resgatar.
– Meu nome é Sehun. Oh Sehun.
– Byun Baekhyun.
E só. Não por falta de assunto, mas porque fechei a cortina e cochilei com os fones de ouvido. Eu preciso descansar, afinal, vai saber quando vou poder dormir num lugar confortável outra vez.
– Ei.
Abro os olhos devagarinho e vejo meu fone esquerdo caído sobre o moletom.
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Acampando no coração de Park Chanyeol
HumorEssas poderiam ser as minhas melhores férias, mas parece que mamãe realmente decidiu destruir tudo. O que poderia ser pior que ser mandado para um acampamento no fim do mundo com apenas uma mochila nas costas para se agarrar? Isso mesmo. Nada. Mas...