Jaehyun olhava seu reflexo no grande espelho do seu quarto. Nada mal para alguém que tinha acabado de cair da cama ao toque do despertador barulhento, sua mãe comprou dizendo ser de última geração e que com o tal aparelho nunca mais Jaehyun se atrasaria para a escola. Ele admitia o negócio o acordo com um baita susto por achar estar atrasado para seu primeiro dia na escola nova.
Estava se perguntando se a camisa que usava parecia muito amarrotada e se alguém ia notar isso. Que se dane, decidiu que não iria de importa para as opiniões dos outros, até porque aquele era seu ano. Tinha tudo planejado.
Desceu as escadas e entrou pela porta da cozinha onde sua mãe batia um suco de cor estranha.
— Bom dia querido, eu fui em uma reunião com as moças do bairro e elas me ensinaram esse suco com limão, gengibre e cenoura. É maravilhoso, parece que você está bebendo um raio de sol com grama do campo.
Jaehyun torceu o nariz para a explicação exagerada e também porque o suco não parecia nada bom.
— Parece gostoso mas acho que vou comer só uma tigela daquele cereal que você comprou ontem, né? – era uma indireta, tinha pedido para a mãe comprar a caixa do novo cereal que ele viu no mercado mas sabia que a mulher não tinha comprado porque estava nessa onda de fazer comidas saudáveis.
— Cereal? Acho que coloquei ele aqui em algum lugar… porque não vai comendo esses biscoitos que fiz enquanto eu procuro?
— Ok mãe eu já estou indo. – pegou um dos biscoitos e saiu após receber um beijo da mãe.
…
Jaehyun não se lembrava da sensação de estar em um ambiente novo onde não conhecia ninguém e se sentia deslocado. Notou logo de início que todo mundo andava em grupos, fez uma anotação de que precisava se enturmar logo antes que alguma coisa acontecesse e ele criasse uma imagem que poderia dificultar sua introdução no meio social. Sim, era muito provavelmente que Jung Jaehyun passasse alguma vergonha até o final do dia. Ele já estava até pronto psicologicamente.
Andou a passos largos até a porta de entrada do prédio e ao entrar paralisou no lugar feito uma estátua.
Merda! Por que tá todo mundo me olhando?
Por um longo minuto todos os olhares foram direcionados ao adolescente e cochichos se iniciaram.
“Aluno novo?”
“ O que é isso que ele a usando?”
“ Olha o cabelo que fofo!”
Jaehyun não se importou por estarem falando sobre sua aparência, não era comentários maldosos em sua maioria. Mas ficou receoso em continuar andando pelos corredores e acabar tropeçando em seus próprios pés por causa da afobação.
Todos pararam de o olhar e voltaram a suas conversas anterior. O adolescente suspirou aliviado e antes que pudesse seguir caminho alguém o cutucou as costas.
— Ei, novato! – Jaehyun se virou para olhar o garoto que tinha o chamado. – Você está atrapalhando a passagem, sabia? Você não precisa ficar fazendo recepção aos alunos ou coisa do tipo.
O garoto não estava sendo de todo mal educado mas também não era sua intenção só pedir licença. Ele só gostava de falar, ou melhor de ter a atenção toda para si. Junto ao falador tinha mais meia dúzia de adolescentes bem vestidos e cheirando erva.
— Como é seu nome, novato? – perguntou depois do que pareceu horas de um discurso sobre a porta e o caminho para as salas serem bem sinalizados que Jaehyun não ouviu pois estava olhando para o restante do grupo.
— Jaehyun, Jung Jaehyun. Muito prazer em conhecê-lo … – estendeu a mão.
— Mark Lee! – o tal Mark passou o braço sobre os ombros de Jaehyun e começou a caminhar pelo corredor arrastando o coitado. – O que acha de andar conosco? Sete é um número ímpar e eu não gosto de números ímpares, com você seremos oito!
Jaehyun pensou que ele era bom em conta e depois quis rir mas se conteve. Quando percebeu ele estava no refeitório sentado em uma mesa redonda enquanto todo mundo o olhava esperando algo.
— Então Jung Jae, o que você faz? – perguntou um menino que tinha um sorriso grande cheio de dentes brilhantes.
— Eu… eu gosto de ouvir música. – se sentiu patético ao responder algo tão óbvio assim, afinal, que adolescente não ouvia música? Tentou pensar em algo legal para contar mas não veio nada a cabeça. Por fim disse: – Eu escrevo histórias em quadrinhos.
— HQs? Que tipo de história? – perguntou um outro garoto que tinha olhos grandes e uma boca carnuda bem charmosa.
— Eu faço histórias de um universo alternativo dos heróis. Tipo, coisas que são impossíveis de existir nos contos originais. Eu crio meu próprio universo com esses personagens e o destino deles está em minhas mãos.
Todo mundo trocou olhares achando aquilo no mínimo estranho e resolveu ignorar Jaehyun iniciando uma conversa sobre o que faria na sexta depois das aulas. Todos, menos um garoto que tinha um cabelo comprido e usava uma camisa preta simples. Com olhos de gatos em cima de Jaehyun ele ergueu uma sobrancelha como quem quer saber mais.
Jaehyun desviou o olhar constrangido e abriu sua bolsa fingindo procurar algo lá dentro. Quando ergueu o rosto quase caiu para trás ao notar que o garoto antes do outro lado da mesa, agora se encontrava ao seu lado com o rosto apoiado nas mãos o encarando com um sorrisinho ladino disfarçado.
— Jae. Posso te chamar de Jae? Meu nome é Taeyong!
— P-pode sim. Prazer em conhecê-lo Taeyong! – dessa vez não estendeu a mão porque sabia que o outro não iria apertar.
— Então,o que você faz com o Hulk em suas histórias? – perguntou com um sorriso estranho no rosto. – Nesse seu universo você coloca eles em uma escola para super heróis onde eles fazem festas escondidas e fumam atrás da quadra de basquete e leva as meninas para passear de carro?
Jaehyun quis rir de como Taeyong imaginou seu próprio universo paralelo com os heróis dos quadrinhos. Estava prestes a responder que não era nada daquilo quando o sinal horrível que doía os ouvidos, tocou. Era hora de iniciar as aulas.
— Você me conta sobre isso mais tarde, Jae!
Jaehyun logo se viu sozinho novamente nos corredores sem saber para onde ir e resmungou aborrecido. Não devia ter deixado ser levado por Mark e sua gangue estilosa, ele tinha que ter procurado a sua sala e se informando sobre os horários.
— Ei garoto! O que você tá fazendo aí parado no meio do corredor? Vai já pra sua sala ou levará uma advertência! – gritou um homem baixinho com um bigode feio e cabelo permanente que mais parecia a bunda de um coelhinho sujo.
Jaehyun se desesperou e saiu correndo em direção as escadas onde dizia “1° Ano”. Por sorte achou a sala, mas infelizmente chegou depois da professora que o olhou com olhos de águia por está atrasado.
De que adiantou o despertador da sua mãe e ter vindo sem passar a camisa, se no final das contas se atrasou do mesmo jeito?
Mas foi um bom início se colar tudo na balança. Se atrasou mas pelo menos já faz parte de um grupo e isso é bom até demais para um primeiro dia.
Jaehyun sentia que aquele era o início de um ótimo ano, a passagem para uma década inesquecível e uma vida inteira de boas lembranças.
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Youngblood
RomanceNo verão 1970, Jaehyun disse a Taeyong que o amaria até o último dia da sua vida Jaeyong!au