we must love.

mas o meu não está

é diferente e trabalhoso.

as horas que sustento ao pé da penteadeira, rabiscando poesias fúteis e jogando xadrez em solitária, sendo que a viagem não tardou nada mais nada menos do que 18 anos. eles dizem que é hora de parar, mas não podem temer um coração em pedaços.

arrasto meus cacos há 18 anos.

o céu empalidece em segundos, as ruas lapidadas parecem tortuosas e me sinto sonolenta. eles dizem que um coração deve amar acima de tudo, porque um coração só se parte se estiver inteiro.

mas o meu não está; nem nunca esteve. o que isso significa?

carrego para longe, enquanto acreditam na planície da terra, todos os sonhos roubados que cultivei e os entrego ao primeiro homem que vem passando. ele me ama docilmente, de forma nova e parte levando consigo um sorriso que carrega entredentes filetes do meu sangue.

ainda sim, sigo, porque nós devemos amar acima de tudo, embora as colinas por aqui não sejam exatamente convidativas.

faço isso por aqueles que não puderam e aqueles que perderam. a coragem habita meu ventre e minhas correntes para que possa quebrá-las com o passar do tempo. porque, em algum lugar, sei que meu amor me espera, entre lacuna ou outra.

há muito tempo. e ele escorrega pelos dedos como areia, sempre como areia.

não há volta. sua ampulheta não engana coração sofrido na base do mal passado. dá pra mastigar? tente o sustento dessa hipótese e você vai se deparar com uma bela novela canibal dos anos pós monárquicos e nem sempre é bom.

nós devemos amar.

e nós amamos.

e quebramos.

e não sabemos nada sobre amar.

mas amamos.

e quebramos.

e a areia escorre há 18 anos.

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kimlipstick

mari, desculpe pelo atraso. espero que goste e entenda que aprendi um pouco mais sobre o amor com você, passarinho. continue a sonhar alto. uma hora eu te alcanço. 💕