Capítulo 3

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Capítulo 3

"Algumas quedas servem para que nos levantemos mais felizes." William Shakespeare Alex Pensei um

milhão de vezes antes de deixar Lipe na casa de Lana e me aventurar naquele novo encontro.

Eu tentei me convencer de que não deveria procurá-la. Que tinha obrigação de aceitar a distância, por

outro lado, eu precisava ter aquela conversa. Precisávamos falar o que sentíamos ou a convivência

durante o evento em Curitiba seria impossível.

Há três anos eu simplesmente aceitei que ela fosse embora. No auge da nossa mágoa pouco dissemos e

passamos a nos ignorar. Um falso ignorar, é fato, mesmo assim, mantivemos o silêncio e este agora não

poderia mais imperar.

— Você ficou pateticamente abalado com a volta dela.

Anita esbravejou assim que conseguiu colocar Lipe para tirar o seu cochilo da tarde. Respirei fundo. Se

existia uma coisa que eu realmente detestava era a mania que Anita tinha de me cobrar satisfações que eu

não lhe devia. Era um saco ter que conviver com esta parte do nosso relacionamento.

Claro que eu sabia do interesse dela por mim. Anita nunca desistiria, apesar de me dar trégua na maioria

do tempo. Nosso principal interesse era dar ao Lipe uma vida o mais próximo do normal possível, porém

nada a impedia de acreditar que poderíamos vir a ser uma família feliz.

— Vou precisar sair pela noite. Você pode ficar com ele? — Ela cruzou os braços e arqueou uma

sobrancelha.

— Para você ir atrás dela?

— Não foi o que eu disse. — Dei as costas e continuei juntando os brinquedos que meu filho tinha

deixado espalhado pela casa.

— Tenho compromisso hoje. Além do mais, é a sua noite com ele.

— Todas as noites são minhas. Você não precisa dividir comigo. E a Marta pode ficar quando eu

precisar.

— Eu fico porque amo o Lipe.

— Não tenho dúvida disso. — Voltei a olhar a madrinha do meu filho. Ela realmente amava Felipe, no

entanto será que conseguia separar o amor que sente por ele do seu interesse por mim?

— Você vai atrás dela?

— Anita, eu... — Vai, não é?

— Não podemos dividir o mesmo ambiente sem o mínimo de cordialidade.

— Ah claro! — Foi sarcástica. — E você realmente acredita que tal façanha é possível? É de Charlotte

que estamos falando. A garota mais infantil e imatura que já conhecemos.

E foi com esta ideia que saí de casa. Realmente eu precisava estar preparado para as atitudes infantis da

minha ex-esposa. Só Deus poderia saber de que forma Charlotte reagiria a minha presença. Fiquei tenso

imediatamente. Eu precisava ser firme e direto. Deixar claro as minhas intenções puramente

profissionais.

Prova final Onde histórias criam vida. Descubra agora