O Grande Golpe

One.

Era fácil. Poderia ter sido simples. Toni Kroos tinha feito tudo certo, sua dívida deveria ter sido apagada — ele queria sair.

Aquele deveria ter sido seu último roubo, sua parte seria de uma quantia suficiente para quitar o que devia à Marius e dar o fora da Alemanha. Eles tinham obtido sucesso, mas Marius tinha decidido que Toni teria de fazer uma última grande coisa, uma despedida. Ele não achara uma boa ideia, mas não tinha escolha, aquilo não era um pedido.

Seis meses, esse era o tempo que Toni Kroos tinha para conseguir o diamante e entrega-lo à Marius. Seis meses e estaria livre, desde que fizesse tudo certo, que não deixasse que nada o atrapalhasse. Seis meses e uma maldita pedra, era isso que existia entre ele e sua liberdade.

Estava cansado dos pequenos furtos do trio, tinha passado dez anos de sua vida fazendo aquelas mesmas coisas — cinco, poupando até o último centavo, para poder pular do barco quando a hora chegasse. Aquilo não agradou Marius e Thomas, mas depois de muito pressionar, ambos chegaram a conclusão de que Toni não era insubstituível. Ele odiaria ter aquela palavra relacionada à sua pessoa, mas optara por engolir seu ressentimento pelo que estava em jogo.

O último golpe. O Grande Golpe. Ele poderia concluí-lo com sucesso e tinha pressa para isso. Era esse o motivo que o levara até a entrada da casa dos Reus naquela noite e fora por isso, que passara horas na frente da mansão da família, com uma pasta em suas mãos e um café frio no banco ao seu lado. Observando, analisando, escolhendo. E foi oito horas depois, que finalmente encontrou o que precisava.

Assistiu o ruivo descer do carro do amante, averiguando seus passos com cautela. Marco Reus, o filho mais novo de três irmãos, o ponto fraco da família, o tipo de homem que era fácil de envolver em sua teia. A escolha perfeita, o último passo.

Ele havia repetido aquele mesmo ritual por semanas, absorvendo tudo que podia sobre Marco e seus costumes. Toda sua rotina, catalogada na mente de Kroos.

E então, chegara a hora de agir. Dentro de roupas escuras, Toni partiu em direção ao pub que o ruivo frequentava todos finais de semana. Teve de desembolsar mais do que o pretendido, para entrar no clube, mas nada que não pudesse repor com a venda do diamante.

Marco Reus estava sozinho, sentado em um dos bancos altos do bar, com uma garrafa de cerveja nas mãos e um olhar distante no rosto. O relacionamento entre ele e Robert, não estava sendo fácil, Toni vira todas as brigas do casal de camarote. Ele estava triste e sozinho, e aquele era o momento perfeito para aparecer em sua vida.

Caminhou até o bar, sentando-se à um banco de distancia do outro, pedindo uma dose dupla de uísque. Já tinha dado golpes antes, mas nenhum exigiria tanto dele. Estava sozinho e teria de fazer tudo do seu jeito. Sentia-se mal por se aproveitar do momento, mas sabia que seria sua grande chance. Não podia arriscar esperar por outra, porque não sabia se ela viria.

— Noite longa? — Questionou, bebericando seu uísque. Marco pareceu confuso por alguns momentos, antes de se virar para ele e apontar o indicador para si mesmo. Toni quis rir do ato. Não porque era ridículo, mas sim porque pareceu adorável. E tinha sido. Depois de semanas focando-se apenas no ruivo, ele tinha chegado a conclusão de que, cada pequeno movimento, era adorável. — Um pouco cedo para considerar tudo uma catástrofe, não acha?

Estava jogando verde, esperando que Marco mordesse a isca. Ele dependia daquilo. Reus tinha que cair na sua armadilha, se apaixonar por ele, coloca-lo para dentro. Era claro que sentia mal, mas nunca foi do tipo empático. Suas vontades estavam acima das dos outros, ele era do tipo egoísta e nem ao menos poderia negar. E também, sabia que aquilo era diferente. Seus golpes não envolviam ter de levar alguém para a cama — não, ele apenas fazia aquilo quando a noite fora dura demais e ele precisava termina-la dentro de alguém. Com Marco Reus seria diferente, teria de cativa-lo, dormir com ele, criar emoções de onde não existia nada.