Base Aérea de Hosley Inglaterra - Março de 44

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 — Você tem certeza do que está solicitando, coronel?

— Sim senhor.

O general começou a preparar o cachimbo, mas sabia quando o coronel tomava uma decisão definitiva.

— Eu sei que você continua voando em missões de reconhecimento e no ajuste das antenas dos nossos radares instalados na costa. Também sei que você acompanhou o treinamento dos pilotos brasileiros e chegou a simular combates, mas eu estou me referindo a participar de missões de combate real.

— Eu sei de todos os riscos general, e acredito que poderei cumprir meu trabalho com êxito. — Fez uma pausa e resolveu tocar na ferida de uma vez por todas. — O senhor acha que não poderei voar por causa da minha falta de visão?

O general não respondeu, mas não era preciso. Ambos sabiam que haviam pilotos com deficiências físicas voando na RAF. Ele acendeu seu cachimbo, deu algumas tragadas e ficou em silêncio.

— Gostaria de dar minha contribuição Senhor.

Ele deu uma longa tragada e se inclinou para frente.

— Olhe, Miller. Vou lhe dizer algo que ainda não lhe disse. Eu tenho grande admiração por você. É um líder nato, que comanda estes rapazes como poucos oficiais poderiam fazer. Eu preciso de você, a RAF precisa de você, a Inglaterra precisa de você, mas não pilotando um caça e sim liderando esses rapazes. O que acabei de dizer não é um discurso demagógico e você sabe muito bem. O que vai vencer esta guerra serão seus líderes e não seus exércitos. Se você quiser voar, não vou impedi-lo. Por outro lado, se você quiser minha opinião, eu reprovo totalmente esta decisão.

O coronel levantou-se.

— Muito bem, senhor. Agradeço sua preocupação comigo e gostaria de confirmar meu ingresso na seção vermelha a partir de amanhã.

O general acenou positivamente.

— Está bem, coronel. Sua solicitação está aceita.

Ele fez uma continência perfeita e dirigiu-se para a porta. O general resolver fazer uma última tentativa de dissuadi-lo.

— Coronel.

— Sim, general.

— Você já deu sua contribuição na Batalha da Inglaterra, não precisar provar mais nada pilotando.

Ele olhou para suas mãos cobertas pelas luvas e não respondeu, simplesmente abriu a porta e deixou a sala.

O Último Inimigo - II ParteOnde histórias criam vida. Descubra agora