Milagres (concluído)

Capítulo 20

Fabrício

Um certo acordei em um manicômio e fiquei bastante assustado, pedi que um enfermeiro me chamasse o médico e quando ele veio perguntei que lugar era aquele, ele com toda paciência se sentou e começou a falar, fiquei ouvindo e na medida em que conversávamos ele percebeu que minha lucidez havia voltado, me levou pra fazer alguns exames e logo em seguida me perguntou o número de minha casa, disse a ele que ligou e avisou a César que foi imediatamente me buscar, um alívio pra mim ver um rosto conhecido

ele me abraçou como se tivesse uma cara sem nos ver, pra mim era como se não tivesse passado o tempo mas ele me contou que eu estava internado quase dois anos sem saber quem eram e nem meu nome, fomos pra casa e minha mãe fez aquele dramalhão que somente as mães sabem fazer, quase me sufocou de tanto que me abraçou, eu queria mesmo era ver meu pai e depois de umas duas horas depois que cheguei ele entra em casa, quando me viu ficou parado sem reação mas eu fui até ele e dei um abraço apertado e me desculpei com ele, viajei uns dias pra pensar no que fazer agora que tinha retomado minha consciência e feito as pazes com meu pai

mas isso não significa que eu tinha esquecido tudo que aconteceu e que iria deixar as coisas da forma que estavam, eu tinha umas contas pra acertar mas pra isso eu teria que sair de casa e morar sozinho, meu pai jamais aceitaria o que estou pensando em fazer e não quero novos conflitos com ele nem colocar minha família em risco, me divertir bastante e descansei também, mudei muita coisa em mim, tatuei quase que o corpo todo, uma forma de me enturmar com minha nova escolha de vida

o difícil seria a conversa que teria com meu pai sobre isso, mas.....era uma decisão já tomada e que não teria volta nem desistência da minha parte, quando cheguei minha mãe já me olhou com cara de quem não gostou muito do visual mas não me disse nada, fui pro meu quarto tomei um banho e fiquei na biblioteca esperando meu pai chegar, assim que ouvi sua voz chamei por ele e quando me viu sua reação não  poderia ser diferente

Pedro: o que foi isso que você fez com seu corpo Fabrício?

Fabrício: achei legal e fiz

Pedro: está ridículo, parece um marginal

Fabrício: eu tenho um assunto sério pra falar com o senhor, posso?

ele me olhou meio que desconfiado e se sentou cruzando as pernas, fechei a porta e me sentei perto dele

Fabrício: pai, eu estive pensando durante essa viagem e decidir morar sozinho

Pedro: mas porque essa decisão?

Fabrício: tem uns lances que eu preciso resolver

Pedro: use o português correto quando falar comigo

Fabrício: eu tenho assuntos pendentes pra resolver e preciso.....

Pedro: meu filho, eu sei muito bem do que esta falando, deixe que a polícia cuida desse caso, procure retomar a sua vida

Fabrício: não tenho mais vida pai, ela acabou no dia em que vi meu irmão morrer nos meu braços

Pedro: isso não é verdade, você esta vivo, com saúde e bem, não esta sozinho tem a mim, sua mãe e seu irmão, tem sua família

Fabrício: (respira fundo) pai.....

Pedro: Fabrício meu filho, esse caminho não vai te fazer bem,  me escute, ouça seu pai, não posso imaginar pelo que passou e pelo que ainda passa mas......estamos aqui pra te ajudar, eu sei que não concordamos em muitas coisas, mas quero apenas o seu bem, esqueça essa gente, busque o perdão filho

Fabrício: por favor pai, não, não me venha com essa história de perdão, esse negócio de igreja pode ter funcionado pra você e pra mãe mas......pra mim não funciona, e não quero falar sobre isso pra não acabarmos discutindo, não quero sair daqui brigado com você como da última vez (respira fundo) eu sei que não aprova o que quero fazer, não te julgo por isso mas.....eu não quero esse Deus, não quero um Deus que desde o início foi tirando de mim o que eu achava importante

Pedro: sua vida não foi apenas perdas

Fabrício: não, não foi, mas as conquistas não foi ele quem me deu também, olha pai eu tenho minhas próprias regras e sei que continua tendo as suas, por isso preciso ir embora, agradeço do fundo do coração tudo que fez por mim, agradeço por ter me acolhido na sua casa e por ter me amado como  a um filho

Pedro: é uma despedida?

Fabrício: é sim, aquele Fabrício não existe mais, quem esta diante de você não é seu filho, ele morreu naquela noite, por favor não me procure nem deixe minha mãe e o César irem atrás de mim, sinto muito as coisas não terem sido como planejou (respira fundo) vou deixar todos dormirem pra ir, não quero minha mãe alagando a sala nem ouvir os sermões de César

Pedro; mesmo com tudo que disse, jamais vai deixar de ser meu filho, essa nunca vai deixar de ser sua família e se em algum momento você precisar, seja lá do que for meu filho, lembre de que tem um pai que te ama e vai sempre estar aqui pra te ajudar e vai estar orando por você

abaixei a cabeça e não disse nada, ouvir aquelas palavras do meu pai me trouxe de alguma forma um conforto, mesmo escolhendo andar só eu sabia que na verdade não estava, que eu tinha sim com quem contar se precisasse, fui pro meu quarto e passei o dia normalmente com eles, mas a noite arrumei minhas coisas e fui embora, estava um pouco sentido por deixar novamente minha família pra trás mas eu tinha um objetivo e iria até o fim

dali em diante eu seria outra pessoa e mergulharia em um mundo cada vez mais sombrio, isso tudo pra poder cumprir minha meta de vingança

CONTINUA......

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