O Código Perfeito

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— Eu não sei mais o que fazer, Crânio

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— Eu não sei mais o que fazer, Crânio. É como se toda a minha vida só andasse em círculos, sem direção nenhuma — Magrí suspirou de forma triste — Achei que a vida adulta seria mais fácil do que isso.

Do outro lado da mesa, Crânio sorriu com tristeza. O rapaz bebeu do conteúdo da taça deixando o álcool impregnar no sangue. Estava tudo bem. Deixou o carro na garagem, voltaria de táxi. Tudo sempre ficaria bem com ele, pois aprendera a lidar com as adversidades melhor do que a bela jovem mulher à sua frente.

Magrí fazia círculos com o dedo mindinho na boca da taça, deixando reluzir à meia luz do barzinho, as delicadas unhas pintadas de vermelho carmesim. Ela o fitou com o seus belos olhos, que eram capazes de puxá-lo para um abismo fora da realidade. Sorriu com doçura. Por alguns leves instantes, Crânio se segurou para não se inclinar pela mesa e beijá-la.

Não. Não podia fazer isso. Era cedo demais, ela tinha... bem, não importa. Sentia-se muito cretino ao pensar aquilo, enquanto Magrí provavelmente apenas via ele como um velho amigo de escola.

— Nunca acreditei que as coisas seriam mais fáceis só porque podemos ser presos e ficar bêbados — Crânio falou num tom leve para fazê-la rir e conseguiu — Acho que quanto mais o tempo passa, quanto mais velhos ficamos, a vida vai te afunilando mais, você apanha mais. Pelo menos é o que o meu pai sempre diz...

Ele parou quase não dizendo a última frase. O rapaz piscou e bebeu um pouco mais da copo. Magrí percebeu o desconforto, e de forma suave, fazendo um leve carinho na mão direita de Crânio apoiada na mesa, sussurrou:

— Eu sinto muito sobre o seu pai. Muito mesmo.

Crânio detestava se sentir tão vulnerável daquele jeito. Contudo, os últimos dois anos desde o que aconteceu com o pai deixou os nervos do rapaz em frangalhos. Precisava ser um rocha, uma coluna de serenidade e ação para a mãe e a irmã, ao mesmo tempo que reprimia o próprio sofrimento. Sentia-se mais velho do que vinte e dois — às vezes achava que tinha cinquenta.

— Obrigado — murmurou constrangido — Eu vou ficar bem. Vamos ficar bem, não se preocupe conosco, Magrí.

A jovem balançou a cabeça com uma expressão de súplica.

— Você não pode querer lidar com isso sozinho, Crânio. Eu posso ajudar, tenho colegas de classe já formados que trabalham naquele hospital, excelentes profissionais de psiquiatria que podem amenizar...

Ela suspirou e parou de falar mordendo o lábio. A cabeça inclinada de Crânio era um claro sinal que não queria falar daquilo, e cada palavra que ela proferia era como se fosse uma surra que ela dava nele. Vê-lo sofrer fazia com que o coração generoso dela se apertasse a ponto de doer no próprio peito.

Ficaram em silêncio por alguns minutos. Em seguida, tentando mudar de assunto e querendo falar de coisas mais alegres, Magrí começou:

— É engraçado ainda nos tratarmos pelos mesmos apelidos do Elite, né? É bom ser chamada de "Magrí" de novo, já que na faculdade ninguém me chama assim.

O Código Perfeito (Crânio e Magrí - Os Karas)Onde histórias criam vida. Descubra agora