Epílogo: A Luz Ressurge

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A primeira coisa que ouço é um pedaço de lona sacudindo suavemente ao vento - e passarinhos cantando. Meus dedos jazem sobre um lençol fino. Abro os olhos. Os raios de sol golpeiam minhas pupilas pelos quatro pequenos buracos no teto. Estou na minha barraca.
“Ugh... O que...” As palavras ficam presas na minha boca seca. Tento me sentar direito, mas mudo de ideia quando o teto começa a girar. “Eu estou...?”
“Não morta”, responde uma voz super descolada.
O tecido ao pé do meu saco de dormir se mexe enquanto alguém ajusta sua posição. Ainda tonta, tento identificar algo ou alguém. Ahri coloca uma mecha do seu perfeito cabelo cor de pêssego atrás da orelha.
“Você sofreu uma queda e tanto ontem à noite”, diz ela.
Comecei a lembrar dos eventos como um filme terrivelmente desconectado. Correndo pelo bosque. O campo. As criaturas. Lulu. Depois, tudo caindo à minha volta. Não foi só um pesadelo.
Sento-me rápido, me arrependendo totalmente do movimento quando meu cérebro também se levanta e bate dentro do meu crânio.
“Lulu? E ela?” Contorço um pouco o rosto de dor. Esfrego minha testa e tento me livrar da dor de cabeça.
“Estão todas bem, mandei elas irem buscar o café da manhã”, diz ela. “Me disseram que tem um martelo com meu nome se eu não contar para a baixinha de cabelo azul quando você acordar”.
Ahri pega o cantil do seu lado e me dá.
Observo-a enquanto tomo um gole de água fria. Assim de perto, posso ver que temos mais ou menos a mesma idade, mas tem algo a mais nela. Mais experiência. Mais confiança. Ela já viu muito mais do que o universo pode lançar contra a gente. Ela é a líder que deveríamos ter tido. Eu sei disso.
“Queria dizer que você fez a escolha certa”, diz ela. “Se arriscando e intervindo daquele jeito”.
“Não foi nada”, eu digo, dispensando o elogio. “Qualquer uma teria feito o mesmo. É o que fazem as Guardiãs Estelares. Somos irmãs”.
Ela ri suavemente, mas de repente um semblante sombrio toma conta de seu rosto. Um segundo depois, a máscara de perfeição já voltou ao seu lugar.
“Não somos irmãs”, murmura ela, sua voz marcada pelo arrependimento. “Somos só estranhas com algumas lembranças”.
Ela se levanta.
“Bloqueamos o ponto de incursão. Minha equipe vai voltar à cidade esta manhã, vamos cuidar de tudo que acontecer a partir de agora. Você e suas amigas podem ficar aqui até se recuperarem. Aproveitem o sol de verão. Depois disso, fiquem fora do caminho”.
“Espere aí, você não vai ser nossa líder?”, pergunto, confusa. Minha cabeça está latejando. “Tipo, de todas nós juntas? Com um grupo duas vezes maior, somos duas vezes mais fortes. Trabalhamos muito bem juntas ontem à noite”.
“Você quase se matou ontem à noite”, diz ela.
Não estou mais ouvindo. “Juntas, não há nada que não possamos enfrentar”.
“Não, Lux”, diz ela, encerrando a conversa. “Juntas, temos muito a perder”.
Mais uma vez, simplesmente dispensada. Ahri se vira para sair.
“Guardiãs Estelares são uma equipe”, eu digo. Engulo o aperto na minha garganta. Não vou implorar, mas posso tentar fazê-la ver a razão. “É o nosso destino”.
Ahri pausa e me observa atentamente. A entrada da barraca está aberta e o sol brilhante divide seu rosto em luz e sombra. “Destino?”, diz ela, com leve amargura na voz. “Que palavra mais horrível.”
A entrada da barraca se fecha depois dela. Sinto meu rosto corando de frustração. Ela é uma líder Guardiã Estelar, Por que não quer nos liderar? Por que está me deixando sozinha?Olho para o teto da barraca, para os quatro buracos de luz dançando acima da minha cabeça.
Sozinha, não. Jinx, Poppy, Lulu e Janna estão comigo. Elas precisam de alguém. Não posso simplesmente desistir se eu sou tudo que elas têm.
Lentamente, me levanto e saio aos tropeções até a luz lá fora. Não tenho tempo de esperar que o mundo pare de girar.
Jinx tem razão.
O verão não vai durar para sempre.

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