0|9 - Epílogo.

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Ao começar a se mexer demais e ouvir barulhos mínimos vindos do primeiro andar da casa, Venus acordou. Por ter dormido o tempo suficiente, sentia-se descansada e confortável, mas ainda deixando a preguiça dominá-la, ficou uns minutos olhando para o céu aberto através dos vidros da porta, que dava acesso à varanda. Quando a postura relaxada passou a incomodar a coluna, finalmente levantou.

Sem nem ter conferido as horas, deu início a sua rotina matinal. Achando que podia naquela manhã, demorou no chuveiro, a escovar o cabelo e dentes. Voltando para o cômodo onde não só a cama encontrava-se, deparou-se com Jongin sentado entre os lençóis, coçando os olhos inchados, típico de quem acabou de acordar depois de uma noite agitada.

Após ajeitar a saia do vestido e alisar a região da barriga em seguida, Venus se posicionou ao lado do moreno mantendo um sorriso fraco nos lábios e todo o peso do corpo sobre os dois braços erguidos, atrás das costas. Por ter se jogado com certa força, o corpo de ambos balançaram com o movimento das molas no colchão.

— Bom dia - ele diz rouco, retribuindo o gesto da de cabelos claros e enfiando os dedos entre os fios escuros, para coçar o couro cabeludo.

— Bom dia - ela responde quase num sussurro, observando-o jogar o corpo em direção aos travesseiros, novamente. — Dormiu bem? - pergunta, a fim de evitar um silêncio completo.

— Demais, até-  Jongin diz com a voz abafada e ela ri baixo com o duplo sentido, resolvendo dar de ombros e erguer as pernas. Logo, encontra-se de pé, ao lado do corpo deitado de Jongin, começando a mexer de leve seus braços, no intuito de tirar o resquício de sono cujo ainda o dominava. Gemidos de reprovação escapam de sua boca, porém, Venus continua por mais alguns segundos.

— Se demorarmos mais a sair desse quarto, seus tios vão estranhar - a garota alerta, agachando-se para recolher as roupas espalhadas do moreno para, depois, jogá-las sobre a cama. — Seja rápido ao se trocar.

— Como se eles já não soubessem que algo estava rolando entre nós - ele responde risonho, e Venus, sem graça, revira os olhos, virando-se para arrumar alguns objetos antes espalhados.

Nisso, ambos ficam quietos, e quando longos instantes se passam, Venus começa a desconfiar que Jongin havia caído no sono, de novo. Entretanto, pouco antes dela precisar abrir a boca e emitir as mesmas palavras, o timbre masculino ecoa pelo cômodo.

— Quantas horas são? - questiona, mantendo metade do rosto afundada no travesseiro.

Terminando de abrir totalmente as cortinas, Venus se aproxima do reque e espreme os olhos, tentando enxergar a posição dos ponteiros do relógio. Portanto, assim que consegue, responde serena, e surpresa ao mesmo tempo:

— Onze e cinquenta e seis.

Venus acaba rindo fraco. Havia perdido as contas de quantas vezes tentou acordar tarde para se sentir descansada o suficiente, mas não aconteceu.

No mesmo instante, pelo canto do olho, ela vê Jongin dar um pulo imediato na cama, depois de ouvir suas palavras e analisá-las. Por conta do susto, é inevitável um pequeno sobressalto e olhos arregalados.

Contudo, ao encarar a expressão assustada do companheiro, Venus relembra o horário e percebe o porquê do comportamento inesperado.

— O CASAMENTO!

Mas já era tarde demais. E não apenas no sentido de atraso.

* * *

A velocidade daquela picape velha já passava dos cem. Jongin fazia questão de afundar o pé no acelerador quando se deparava com uma reta, enquanto continuava enfrentando o desafio de ajustar a gravata borboleta sobre a camisa branca e social, vestida às pressas, a qual lhe causava incômodo devido o aperto. Venus, por sua vez no banco de carona, controlava o pincel do rímel em suas mãos, já próximo o bastante de seus cílios. Tratava-se de sua segunda tentativa, pois a primeira restou em dois pontos pretos na pálpebra, cujos acabaram tornando-se manchas após o contato com papel umedecido. A base de saliva, aliás.

VENUS [손호] - kim jongin.Onde histórias criam vida. Descubra agora