Capítulo 1, parte 1.

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Toodle-oo (inf.): Adeus; até mais.
Capítulo 1, parte 1.

Foi depois de alguns meses de Mandy ter se divorciado do seu terceiro marido, que ela tomou a decisão que mudaria a vida de sua filha para todo o sempre: Selena precisava de um tempo com o pai. Provavelmente fora uma decisão baseada num artigo da Teen Vogue que tinha lido sobre problemas paternos causando danos em relacionamentos futuros de suas filhas meninas. Provavelmente estava na página contrária ao Quiz habitual de relacionamento que ela respondia toda terça e quinta. Provavelmente foi o tipo de ideia que ela não tinha pensado muito a respeito, mas que a princípio tinha soado como uma ótima solução. Poderia ser verdade, afinal. Sua filha poderia aceitar um tipo de amor duvidoso só porque não teve um pai presente em sua vida. Assim como poderia se casar com um príncipe encantado e ter um feliz para sempre. Mandy, entretanto, não queria pagar para ver. Ela tinha que fazer algo a respeito.
Selena, em contrapartida, com seus recém completos dezesseis anos, desejou pela primeira vez em todos aqueles anos que já tinha vivido (ou dada as circunstancias, sobrevivido) que sua mãe fosse um pouco menos preocupada com esse tipo de coisa. Ou que ao menos ela não passasse horas por dia folheado cada edição da BOP que Selena guardava embaixo da cama – até porque isso era bem vergonhoso de falar para os outros. Não que ela falasse, é claro.
Embora tivesse tentando negar de diferentes maneiras, sempre foi impossível tirar alguma ideia da cabeça de Mandy e é por isso que agora ela está enjoada, pela longa viagem de carro que seu pai fez de sua casa, num subúrbio familiar de Dallas, até a reserva, num lugar desconhecido entre a Pensilvânia e Nova Jersey.

          Sendo sincera, Selena sabe que sente mais saudades do pai do que consegue admitir, mas desde que ele se casou com Miranda e decidiu coroar Gracie como a filha favorita, ela não sentia muito animo em passar horas com ele no telefone, como faziam um tempo depois da separação. Fato.
Não é que Miranda seja uma bruxa ou qualquer coisa do tipo. Não. Ela até parecia ser uma pessoa legal, embora usasse muitos vestidos de verão e fizesse compras na TopShop diariamente. Gracie não ficava muito atrás. Ela tinha onze anos e era a única filha que seu pai tinha tido com Miranda, em todos aqueles anos de casamento. Ela era uma garotinha esperta, aparentemente. Selena não mantinha contato com ela, na verdade. Tudo o que ela sabia sobre a meia irmã era que ela era inconfortavelmente parecida com Miranda – o cabelo ruivo Chanel e as sardinhas não negavam que eram mãe e filha – e que ela era viciada no novo gameboy da Nitendo, que fazia um barulho muito chato, por sinal.
Ainda assim, 12 meses vivendo com seu pai, com o bônus de duas garotas ruivas mais ou menos legais seria um martírio. Ela tinha certeza disso.

          Em compensação, o Sr. Gomez tinha catalogado aquela situação como a melhor ideia que Mandy já tinha tido em todos aqueles anos em que se conheciam/aturavam.
A falta que Selena fazia em sua vida era devastadora, embora silenciosa. Nada era capaz de preencher o buraco em seu peito e por certo tempo jogar a toalha tinha sido a melhor decisão mesmo. Selena não retornava as ligações e não parecia confortável quando precisava ter um momento com ele, mesmo que por poucos minutos. Anos depois da separação, o Sr. Gomez tomou consciência. Ele tinha perdido a filha também. E gostava de culpar a Ex esposa por isso.
Não mais. Selena terminaria o décimo segundo ano na escola da reserva e criaria laços com seu pai, a madrasta e a meia irmã ruiva. E então, com sorte, ela cobiçaria férias em família com eles ou, até mesmo, com um pouquinho de sorte e bastante bajulação, pediria para ficar por mais um ano.

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