Capítulo 1, parte 2.

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Capítulo 1, parte 2

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Capítulo 1, parte 2.

Com os olhos cravados no teto abóboda bege rosê, Selena aproveita o silêncio para ter "aquela" conversa com Taylor pela enésima vez. É tão irritante para ela ter de falar a mesma coisa várias vezes, que de um tempo para cá, ela só balançava a cabeça quando Taylor entrava no assunto – igual um cachorrinho.
Infelizmente não há meios de fingir conversar sem realmente conversar por telefone. E isso é o maior saco para a primogênita Gomez.
De qualquer jeito, a conversa continua deveras insuportável. O mesmo monologo dado início no começo das férias passa como uma gravação pela mente de Selena: "Você poderia ter ficado aqui", diria Taylor, como se realmente tivesse achado uma solução para que Selena não tivesse ido embora. "Sua mãe mudaria de ideia se pensasse que você tinha câncer, ou sei lá". Chato, chato e chato. Hoje ela só queria poder falar sobre a viagem com a sua amiga, mas Tay não parecia nem um pouco interessada no assunto.

          Ela dança os olhos pelo quarto então, se poupando por alguns minutos do discurso. Queria ter estado errada sobre a escolha de sua mãe, mas o detalhe rosê mesclados com um tom extremamente gritante de rosa não a deixam se enganar. Ela odiou. Ainda assim, quem dera ela ter pensado em transformar o sótão de sua casa no Texas em seu quarto. Era espaçoso, inovador e tinha a vista mais bonita que ela já tinha observado. Mal podia esperar para a noite, sua parte favorita do dia, para dar uma checada no céu da reserva.
Ela desce os olhos pelo chão e sorri com a visão de Floki aninhado em sua caminha azul bebê. Tal sorriso, que infelizmente some ao se lembrar da amiga do outro lado da linha.

—Tudo bem, talvez câncer seja mesmo um exagero, mas eu vou sentir a sua falta, okay? Quem é que vai me aconselhar sobre o Taylor L. agora? Nós duas sabemos que ele é gostoso e tal, mas as outras garotas não fazem ideia de quem ele realmente é! Você sempre sabe quem as pessoas são de verdade. Deve ser um sexto sentido, ou sei lá. —Exasperada, Taylor divaga. Ela anda falando tantos sei lá ultimamente.

          Era verdade. Não somente sobre o câncer – embora ela realmente achasse que essa seria uma mentira bem difícil de se manter.
Selena sempre enxergava o verdadeiro lado das pessoas. Desde as coisas que elas escondiam até os segredos mais obscuros. E ela nem sabia dizer como fazia. Era só uma sensação. Começava com um desconforto e com um pouco de tempo, Selena conseguiria dizer todos os pecados cometidos desde o nascimento. O tipo de dom que não é lá muito fácil de se esconder, é claro. Aparentemente isso era meio intimidador para os garotos, mas em contrapartida, fazia Taylor se sentir a garota mais sortuda do mundo por ter Selena como amiga. Selena nunca tinha se sentido usada até esse momento. Tay bem que podia aprender a usar as palavras melhor.

—Bom, você vai ter a Karlie. Ela está em todas as aulas de segunda, quarta e sexta com você. Sem falar na mudança de horário de almoço, lembra? 13:17, assim como o nosso. Quer dizer, o seu. Enfim, tenho certeza que esse ano vai ser moleza para você. —Com um pouco de desanimo, Selena se remexe no colchão confortável, que ainda cheira a plástico bolha e loja de móveis. —Já para mim...

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