arbitrium

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Meus pais esperaram por uma reação de raiva, mas eu só conseguia ficar paralisado.

Isso não podia acontecer, eu não podia passar o resto da minha vida em um relacionamento sem amor, sem vontade.

Eu já tenho alguém que amo, por mais que eu não possa contar para ninguém, ele é quem eu quero ao meu lado para sempre.

— Filho.. - Mamãe me chama, mas minha garganta está ardendo demais para que eu consiga respondê-la. — Eu sei que isso é difícil de processar, mas olha, eu e seu pai vamos selecionar vinte e quatro garotas para escolher. Poderá ter um encontro com cada uma e no final você nos diz qual lhe encantou.

— Não.. - Sussurrei. — E-eu não posso me casar.

— Jimin, não é tão ruim quanto parece. São vinte e quatro garotas, uma delas com certeza fará você se apaixonar.

Não, ela não fará pai, pois eu sou gay.

Pensei, mas eu era covarde. Eu não tenho coragem de me assumir, eu nunca tive coragem de ir contra o que eles queriam.

Sem responder nada, corro em direção ao meu quarto, tropeçando entre os degraus por conta das lágrimas que começavam a surgir, embaçando minha visão. O nó se formava em minha garganta e meu peito ardia de dor.

Deitado no chão gelado, encolhido, deixei que minhas lágrimas levassem toda a dor que carregavam para fora de mim. Então seria isso, esse seria o meu futuro.

A porta é aberta, com cuidado. Passos são dados em minha direção e não preciso de muito para saber que é o meu melhor amigo ali.

Sem dizer nada, ele apenas me pega no colo como se eu fosse uma criança, andando em direção a cama e me deitando nela. Com o cobertor ele me deixa todo empacotadinho e depois se acomodando ao meu lado, enquanto me abraça. Minha cabeça está em seu peito, uma de suas mãos me fazem cafuné enquanto a outra me abraça.

A nossa amizade era assim. Quando um precisava do outro, não era necessário palavras. Taehyung sabe a dor que eu estou sentindo, e por isso não se incomoda se estou molhando toda sua camisa com minhas lágrimas.

— Sabe Ji, acho que deveria contar aos seus pais. - Distribuía beijinhos em minha testa. — É um bom momento pra isso.

— E-eu não p-posso.. - O meu tom de voz era baixo, pois eu não tinha forças para isso. — E-eles vão sentir vergonha de m-mim.

— Eles te amam Jimin.

— M-mas eles querem que eu t-tenha uma esposa e f-filhos... e-eles vão me renegar se eu contar. - Meu maior medo. Eu jamais conseguiria suportar o olhar decepcionado dos meus pais, deles sentirem vergonha por quem eu sou e me renegarem, me deserdarem e me larguem no mundo sozinho.

— Eu duvido muito disso Ji, mas mesmo que isso aconteça, você sabe que sempre terá a mim.

Antes que eu pudesse pensar em uma resposta, a porta é novamente aberta. Em passos delicados, eu sei que é minha mãe que se aproxima.

— Anjinho meu... não sabia que ficaria tão arrasado desse jeito. - Acariciou meu ombro delicadamente.

Saindo do consolo de meu amigo, olho pra única mulher que poderei amar na vida inteira, com os olhos cheio de lágrimas. — Como queria que eu reagisse mamãe?

Wedding dress • jikook •Onde histórias criam vida. Descubra agora