Baía de Amor

Capítulo 2

Só de pensar que vou passar o dia todo com a minha mãe e com a amiga dela até deixa-me uma minima má disposição. Só mesmo a minha mãe para "obrigar-me" a este estilo de coisas.
Sinceramente, tenho de começar a arranjar desculpas para não ir. Aposto que vai ser uma seca descomunal.
Peguei no meu telemóvel e fui ligar para os meus avós. É a primeira vez que estou muito tempo afastada deles.

- Olá avó - disse assim que atendeu.

- Oi como é que estás amor da avó?

- A arranjar coragem de sair da cama e tu avó como estás?

- Estou bem. Mas porque não queres sair da cama?

- A mãe quer que hoje vá com ela ajudar uma amiga dela com um senhor que toma conta e depois vamos lá a casa jantar. Mas sinceramente não estou com muita vontade.

- Porquê?

- Oh, não conheço essa suposta amiga dela de lado nenhum. Olha se fico a sentir-me amais no meio delas as duas?

- Ao menos assim ficas a saber com quem a tua mãe anda.

- Isso é verdade.

- Ela tem andado a beber ainda muito álcool?

Desde o divórcio dos meus pais que a minha mãe começou a ficar viciada em álcool. Os meus avós ainda conseguiram convencê-la a fazer um tratamento, só que depois da morte do meu irmão que foi há quatro anos atrás ela retomou e uma das minhas missões aqui no Seixal é controlar a quantidade de álcool que ela bebe).

- Desde que aqui estou não tenho visto sinais de alarme.

- Ainda bem, a avó fica contente. Mas se vires que ela voltou a beber muito diz a avó.

- Não te preocupes avó. E o avô como está?

- Foi comprar peixe para grelhar-mos.

- Boa avó. Espero que esteja tudo bem aí com vocês. Qualquer coisa já sabes, é só dizeres e eu coloco-me no comboio para aí.

- Não haverá necessidade. Vai lá despachar-te para a tua mãe não ficar chateada contigo.

- Logo ligo-te novamente avó. Beijinhos grandes. - Desliguei.

A minha avó Odete é tudo para mim. É tudo para mim. É a minha melhor amiga, a minha confidente e como uma mãe. Afinal, foi ela e o meu avô que me criaram.

Arranjei coragem, fui fazer a higiene, vesti o meu macacão e fui fazer a cama.

- Já estás despachada filha?

- Já e já falei com a avó. Está tudo bem eles. A que horas é para irmos?

- Pudemos ir já e assim até vamos com mais calma.

- Certo, então vamos despachar o dia de hoje.

- Não sejas assim filha.

- É a verdade mãe.

Entretanto a minha mãe acabou o seu cigarro e fomos. Colocou uma música no rádio do carro e eu coloquei os meus phones. Não estou com a mesma vibe dela. Só espero mesmo que o dia de hoje passe rápido e que ela aperceba-se que o seu plano para ajudar a Roseta é em vão.