Nem a morte me fez esquecer Você

capítulo 1

lilacachinene31 ,Com a vida aprendi que as boas amizades nascem do improvável, e torna-se provavelmente uma amizade pra vida toda.
A ti querida amiga, ao fim de três anos, moras definitivamente no meu coração.

Madie

- Vá lá Mónica despacha-te. - disse eu na entrada da porta da sala de aula.- este intervalo é de 10 minutos e quero ir comer.

- Já estou pronta. - ela saiu com o seu sorriso lindo.

- como consegues demorar tanto tempo para arrumar as coisas na mala? - perguntei eu.

Fomos juntas até ao bar da escola comprar qualquer coisa barata pra comer, e saímos pra as traseiras da escola, onde raramente alguém ia a  não ser os cromos, ou betinhos, ou então as rejeitadas como nós as duas.
Eu era de estrutura média,cabelo castanho a puxar para o ruivo e olhos meio rasgados esverdeados, magra, mas tinha um quadril um pouco largo, e esse era motivo de alguns rapazes e raparigas gozarem comigo, chamavam-me " cu de padeira" "cuzona" ou então enrolavam as camisolas e me batiam com elas. Detestava isso, detestava os populares, apesar de existir uma rapariga (a Janine como vim a saber depois) no grupo deles que se mantinha calada, os olhos dela ficavam com uma certa nostalgia quando ela assistia ao namorado e ao grupo a meter-se connosco ou com os mais indefesos.
Monica era um ano mais nova que eu, baixinha, loira de olhos entre o azul e o verde, sempre de sorriso no rosto, órfã de mãe, vivia com a avó paterna, apesar das dificuldades e tristezas da vida dela sempre tinha uma palavra amiga, e apoiavamos uma á outra. Era chamada de gorducha, boneco de neve... Mas ela só me dizia que eles faziam isso porque tinha inveja de nós por sermos importantes, e eu ria-me com isso, só ela pra poder achar piada e brincar com estas situações, mas eu sei que por dentro ela ficava tão magoada como eu.

- madie?- falou ela, fazendo me olhar para ela.

- sim amiga?

- porque será que aquela rapariga que anda sempre com aquele rapaz lindo mas mau e idiota e com o bando dele, mas nunca se meteu connosco.

- não sei. É como se quando eles fizessem isso ela se retraisse, o olhar dela fica diferente. 

- estás do lado dela agora?

- não disse isso Mónica, mas nunca notaste que ela se mantém á parte quando os outros começam? E também nunca percebi o que ela faz ali naquele grupo.

Ouvimos o som da campainha para voltarmos para as aulas. Esperávamos sempre que todos entrassem para que ninguém se metesse connosco.
Assistimos a todas as aulas até a hora de almoço e quando acabámos fomos para os bancos junto do campo, onde vários grupos estavam sentados, ora no chão, ou nos bancos, uns jogavam basquetebol, ou às cartas ou os cromos que estavam a estudar. Nós ficávamos sentadas no banco a ver as revistas dos nossos ídolos, naquele tempo (e ainda hoje somos assim) adorávamos os Backstreet boys, n'sync, Britney Spears, Boys II Men....
Adoravamos ver as fofocas, os últimos discos, e sonhava-mos um dia de poder ver eles, assistir a um concerto.

- Vejam só, a badoxa e a padeira.- ouvimos alguém a falar atrás de nós, quando olhamos vimos o grupo maravilha. - vocês não se cansam de estar sempre coladas uma á outra?- perguntou um dos rapazes do grupo enquanto elas se riam agarradas a eles.

- deixa elas Pedro, se elas gostam uma da outra, aposto que ainda são virgens!- falou a loira com um riso estridente.
Nessa altura já estava tão farta deles que me levantei no banco e a encarei.

- bem, sempre prefiro ser virgem do que dar para tudo o que é homem.

Ela ficou vermelha, e quando dei por isso tavam as três em cima de nós, claro que apanhamos mas também demos, não éramos de confusões mas também não ficávamos quietas.